segunda-feira, 4 de julho de 2011

“O Filho da Mãe”, em bela performance, está de volta aos palcos


A reestréia aconteceu no último sábado (2), no Teatro Folha, em São Paulo. Eduardo Martini e Bruno Lopes trouxeram de volta aos palcos o fabuloso texto de Regiana Antonini, espelhando no teatro a fidedigna relação entre mãe e filho. Com emoção e humor Eduardo revela sua contínua impecável direção nas cenas.

O texto vem um pouco reduzido da temporada anterior, e desenrola a relação entre mãe e filho muito bem costurada por Regiana, que estampa sempre a marca familiar em seus roteiros. Eduardo Martini, que dirige e interpreta Valentina, não deixa de derramar ao deleite cômico da peça sua irreverência e ainda revela-se num estilo diferente do que ele apresenta em seus espetáculos, põe paixão e emoção nas expressões da mãe Valentina e emite uma voz súplica e antecipa as saudades do filho Fernando, interpretado por Bruno Lopes, que partirá para Nova York, onde estudará cinema. Valentina é separada do pai de Fernando, porém deixa sempre escapar a paixão que ainda tem pelo ex-marido, quando com a bela performance de Eduardo leva às inquietudes da personagem esse amor que está intrínseco no texto.

A iluminação de Marcos Meneghessi mantém as cores caseiras que são suficientes para qualquer apartamento, para acompanhar os momentos de emoção da peça ora a luz isola os atores formando uma cena, ora amplia-se para todo o palco. Os figurinos retalham cores bem ornadas, vestem bem às idades de cada personagem e deixam Valentina bem feminina, escondendo qualquer sinal masculino do ator. A costura elegante e bonita é assinada por Adriana Hitomi. Os óculos da Ótica Ventura, utilizados por Valentina, são de ótimo bom gosto. O cenário é preparado para um apartamento de classe média, desta vez sem a cozinha, que o deixava bem mais amplo. As paredes também foram reduzidas, por conta da altura do teatro, o que acabou prejudicando a beleza da cena, que deixa vazar o espaço preto das cortinas e perde a dimensão que havia entre a janela do apartamento e o cenário de fundo.

A trilha sonora contagia, na voz de Tim Maia, ídolo de Valentina, as músicas caem no humor e na emoção da peça, costurando as cenas e dando sentido ao contexto. Os atores entregam-se aos personagens de forma apaixonante. Na temporada passada do espetáculo, Bruno Lopes aprendia como ser um grande intérprete, hoje ele mostra sua serena desenvoltura, que brevemente se destacará ainda mais. Eduardo Martini, sem dúvidas, leva sua infância e vida para o olhar de sua personagem, assim como qualquer mãe identificaria o perfil comum de uma dedicada senhora da família. A voz não estava no melhor dos tons, enquanto os aplausos interrompiam o texto, os atores prosseguiam com as falas. A acústica do teatro, junto ao volume da voz dos atores prejudicava o bom entendimento do texto.

Um fato inesperado inibiu o prosseguimento da peça com a falta de energia que apagou o shopping Pátio Higienópolis, onde fica o Teatro Folha. Durante o tempo no escuro os atores improvisaram um papo com o público, o que levou-me à aplaudi-los em pé ao fim do espetáculo. A cena foi retomada pelos talentosos atores, que demonstraram imenso controle da situação. Ponto negativo para o teatro e o shopping, que de forma despreparada recebem os espectadores. Talvez ainda não conheçam a existência de um gerador, contentando-se apenas com luzes escassas de emergência.

Mais uma vez Yara Leite arrebata aplausos para sua produção, ao lado do assistente Bruno Albertini e da administração de Adriana Amorim. A comédia “O Filho da Mãe” ficará em cartaz até 27 de agosto, no Teatro Folha, localizado no bairro do Higienópolis, apenas aos sábados, às 20h. Os ingressos vão de R$ 40,0 à R$ 50,0 e podem ser comprados na bilheteria do teatro ou pelo ingresso.com na internet.