quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Elisa Lucinda e Chiquinha Gonzaga, por Nyldo Moreira

Poema: Elisa Lucinda
Música: Chiquinha Gonzaga
Interpretação: Nyldo Moreira

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

“Três Possibilidades”, espetáculo apresenta nova direção em São Paulo


A comédia romântica, “Três Possibilidades” encara mais uma temporada na capital paulista, desta vez, com a direção de Marcos Wainberg, que redesenha o palco e projeta muito mais um romance, do que uma comédia. O triângulo estreia Sheila Mello, ainda inexperiente, e a dupla Tiago Pessoa e Guilherme Chelucci.

O texto é uma livre adaptação do filme Três Formas de Amar, e leva ao palco Leo, interpretado por Tiago Pessoa, o personagem é um jovem apaixonado pela literatura, e divide o apartamento com Vinicius, vivido por Guilherme Chelucci. Leo demonstra seu interesse sexual e amoroso por Vinicius, e é sempre interrompido por Alexia, interpretada por Sheila Mello, a nova moradora do apartamento. Os três prometem manter a amizade, não infringindo-a com qualquer outro tipo de relação, porém as confusões apimentam uma leve comédia à partir de alguns desacordos.

A adaptação já foi montada em outras temporadas, porém foi ganhando experiência ao longo de novas direções e a mudança de atores. Em cartaz no Teatro Ressurreição, a nova montagem retrata um clima mais intimista, sexual e romântico. A peça toca num tema amplo e tão discutido recentemente, a homossexualidade. É importante que textos desta natureza ganhem os palcos do teatro brasileiro, já que a arte é um instrumento pedagógico, além do entretenimento que proporciona.

O diretor Marcos Wainberg reserva-se da simplicidade cênica, o que facilita a evolução dos atores no palco, além de tornar mais íntima a relação dos personagens. Quando acontece de uma peça abusar demais do cenário, da luz e do figurino, perde-se o texto e ganha-se um deslumbre desnecessário. A iluminação de Robson Araujo é pontual, delineada com arte e precisão recobre as cenas climatizando o espetáculo com o apelo antes não encontrado no texto. A montagem de Três Possibilidades, que esteve em cartaz no Teatro Bibi Ferreira, trazia todos os elementos de cena juntos, que atrapalhavam o texto. Agora está tudo de acordo. O espetáculo tem a trilha sonora adequada e as trocas de roupas necessárias.

Sheila Mello demonstra muito bem que o palco não é mais só para dançar, mas a ex loira do É o Tcham ainda não sabe bem como colocar um texto na prática do palco, falta-lhe melhor direcionamento e naturalidade. Um ator precisa viver um personagem no palco, e não a leitura do texto. Porém, sua desenvoltura em momentos mais picantes do espetáculo merece aplausos. Eu ainda não tinha visto Guilherme Chelucci no teatro, em sua primeira entrada parecia que a coxia lhe puxaria de volta para trás, porém com o tempo no palco o texto foi tornando-se personagem e o corpo ganhou presença nas cenas. Ele é o foco do humor na peça e faz isso muito bem. Tiago Pessoa é o personagem que aguça as confusões do espetáculo, tem ótima presença de palco e total afinidade com os outros atores. Vale a pena sair de casa para assisti-lo, quero ainda vê-lo em outras produções que levem sua marca, pois é fácil notar sua digital neste projeto.

O espetáculo é um projeto da Pessoa Produção e Vellado Produção, em cartaz no Teatro Ressurreição, em São Paulo. As sextas e sábados, 23h30. Os ingressos custam entre R$ 40,0 e 20,0 à venda na bilheteria do teatro ou pelo Ingresso.com, na internet. “Três Possibilidades” não me arrancou tantas risadas, por ser mais um texto de reflexão, é um romance sem o ardor de um drama. Acredito que tenha sido essa a proposta.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Elisa Lucinda em “Parem de Falar Mal da Rotina”


Há dez anos Elisa Lucinda colocou nos palcos uma das produções mais compatíveis com o paladar do público, “Parem de Falar Mal da Rotina”, em cartaz no Teatro Vivo, é um dos espetáculos que mais merecem aplausos nos ultimos tempos. Com direção e roteiro da própria atriz, Elisa utiliza a voz para declamar seus poemas mais tácitos e verossímeis, além de aproximar a plateia da própria realidade.

O espetáculo, que extravasa o tempo comum de peças de teatro, passa por uma intimista relação entre o público e a atriz. Não há texto de escritor, há palavras de um cotidiano, frases cômicas de uma mulher sábia, poemas aquecidos à valentia de uma afro expressiva e não acomodada aos seus direitos. Elisa não pincela por temas, ela vai além do que os limites cravam na sociedade, “Parem de Falar Mal da Rotina” expõe as verdades aos sorrisos dos espectadores de suas próprias histórias.

A peça é uma inspiração dos livros de Elisa, “O Semelhante”, “Eu Te Amo e suas Estreias” e “A Fúria da Beleza”, que resultou num banho de palavras despejadas à bem temperada iluminação que pontua os assuntos ditos pela personagem. Na verdade Elisa não faz uma personagem, seu olhar, sorriso, lágrimas, dor e amor saem do coração brechó da própria atriz. Cada história nasce do observatório de Elisa, das andanças de uma poeta que lhe faz escrever a cara do brasileiro, os costumes mundanos e as críticas mais do que sociais, sociáveis. Sim, pois o humor do espetáculo leva a plateia ao palco e lança ao público suas verdades, o jeito preconceituoso de cada um, os orgulhos, a corrupção e a vaidade.

“Parem de Falar Mal da Rotina” esmiúça os cárceres que celam o cotidiano, captam em uma só mulher e em suas observações os comportamentos do ser humano, tudo com uma comicidade incrível, que eleva Elisa Lucinda à catarse artística de sua história na dramaturgia. O cenário é a própria casa. O banho, que acorda o espetáculo, já traz a atriz nua ao palco, transformando o trabalho de interpretação ainda mais excepcional. Ela fica à vontade e aproveita o espaço que o texto lhe promove para visitar cada ponto do cenário, quando critíca os padrões, que não deveriam ser padrões, as hipocrisias e, como o título da peça diz, a rotina que é de cada um de nós.

No texto não há lacuna, as linhas do script são passadas pelas agulhas afiadas regidas pela voz grauda de Elisa, que salienta com poemas e costura com canções que libertam o roteiro. A atriz tem a vêemencia vocal que abrange a mistura de mpb, samba, bossa e jazz num ritmo batucado por seu próprio timbre. Enfim, o espetáculo já foi até chamado, por espectadores, de uma missa da realidade brasileira. Isso resume tudo.

A peça “Parem de Falar Mal da Rotina” é um impecável trabalho da multi Elisa Lucinda, em cartaz no respeitoso Teatro Vivo, em São Paulo. A temporada é curta e apresentada aos sábados às 21h e domingo às 19h. Os ingressos custam R$ 50,0 e podem ser comprados pela internet no Ingresso Rápido, ou na bilheteria do teatro. O espetáculo é patrocinado pelo Vivo Encena.