terça-feira, 22 de outubro de 2013

Se eu morresse amanhã

Eis o nome da peça... àquela que fui convidado para dirigir! "Se eu morresse amanhã". Achei o título apropriado, pelo amplo contexto que ele comporta. O texto, que tirei de alguns delírios psicológicos nas altas madrugadas, é um tropeço poético na poesia de Fernando Pessoa. Fala de vida, não apenas da morte. Amor, fé, loucura e tempo... é o que a gente fala.
Foto: Nyldo Moreira
Quanto tempo tem a vida de cada um de nós? O que será que nos reserva nos suspiros finais? E será que eles podem ser previsíveis? Dá pra viver na impossibilidade? Dá pra ter fé quando até ela nos desafia? Como é que se pode crer no amor, quando há apenas a presença da ausência? Estar louco é o mesmo que estar só? Esquecer-se de quem somos é um conforto de personalidade, ou um confronto de personalidade? São essas algumas das milhares de questões que começam a brotar acerca do texto, apenas nos primeiros dias de leitura!
O texto nasceu num rompante de inspiração, veio pronto e desceu feito uma entidade bem resolvida de seu paradeiro. Ao final, senti aquela insegurança, que agora verteu-se em frio na barriga. Recebi o convite para dirigir o próprio texto e aceitei encarando como se eu pudesse criar o próprio filho, dar-lhe o norte desejado na gestação.
Começamos as leituras, já escolhemos os três atores. Duas mulheres e um homem. Não trata-se de um triângulo amoroso, nem de uma missa, nem de um conto cheio de moralismos. Trata-se de uma prosa que paira entre o real, o sobrenatural, ou o presente e o passado, ou aquilo que você quiser entender! Trata-se de uma história entregue ao público. O real e o imaginário andam de mãos dadas conosco, e vão para o teatro.
Se você morresse amanhã faria o que hoje?! Criaria um mundo imediato de ilusão? Amaria mais? Dormiria o dia inteiro? Choraria? Ou simplesmente anteciparia o evento?
Estamos reunindo os apoiadores e logo direi quem são os personagens, onde estrearemos, para onde iremos e detalhes dos bastidores!
Se eu morresse amanhã....

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O Musical Nemo é a atração para o Dia das Crianças

Foto: Divulgação
O espetáculo é uma daquelas versões didáticas que toda criança deveria ver. O musical Nemo é uma história recontada por jovens atores, uns com a experiência de nobres, outros ainda cheirando a talco. A história da Disney é um livreto emocionante e com beleza singular. O diretor da versão brasileira, Tiago Pessoa, introduz a criança ao palco, por meio da simplicidade da montagem.

Qualquer reunião de crianças num teatro é lição pra qualquer pessoa. Quem dera todo jovem tivesse crescido nas poltronas de um teatro! Pais, levem os seus filhos ao teatro!
A montagem esbanja cores cintilantes e preocupa-se com cada detalhe cênico. Os olhos da direção parecem estar impressos em cada adereço. Essa de que criança não repara, é papo furado. Qualquer coisa fora do lugar seria motivo para os olhares críticos dos pequenos.
A história gira em torno do sumiço de Nemo, que fora capturado por pescadores para viver num aquário. Pela desobediência ao pai, Nemo vai nadar em águas perigosas e acaba em risco. Essa é uma história de moral fácil, de compreensão próxima a da criança e com uma didática fascinante.
Foto: Divulgação
O espetáculo desfila um número apropriado de atores no palco, adapta-se para o palco e veste-se de uma simplicidade íntegra e pontual. Os atores revezam-se em personagens e artificializam suas vozes com destreza. As músicas, infelizmente são playbacks, ainda assim a voz da personagem que interpreta Nemo arruína alguns ouvidos. Nada que incomode a criançada, que gargalha, interage e atenta-se a tudo o que acontece no palco.
O Musical Nemo é atração perfeita para o dia das crianças e qualquer outro dia! Não só para as crianças, mas pra todo mundo. Todo mundo tem que provar do mesmo doce que a criança, isso dá mais cor aos dias. Dá mais vida!
O espetáculo está em cartaz no Teatro Augusta, em São Paulo, aos sábados e domingos às 16h.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Baby do Brasil volta aos palcos melhor do que nunca

Foto: Nyldo Moreira
Baby parece ter voltado ao tempo para atingir a perfeição de seu timbre. Ela veio melhor do que antes. Mais jovem, até! Não para um segundo no palco, e brilha os olhos ofuscando a guitarra do filho, que dobra-se entre a banda de Gal Costa e no palco da mãe, Pedro Baby mostra que filho de peixe peixinho é! Baby canta os sucessos de sua carreira, com um público que delira e deixa um teatro em pé.
Com o teatro lotado, no Sesc Pinheiros, Baby abriu um dos três shows que faria em São Paulo, na sexta-feira, pintando palco de roxo e com um tom de quem fez escola nos Novos Baianos. Jovens e mais velhos pareciam uma coisa só, parecia um passado no presente. Baby de volta era um sonho, que o filho ousou em realizar. Foi Pedro quem a convidou, e Baby com sua conversão ao religioso pediu um tempo para conversar com seu Deus. Pedro interviu: "Deus não ficaria feliz em ver uma mãe e o filho no mesmo palco?"... Enfim, Baby voltou pro seu divino lugar, o palco!
O terceiro sinal era uma batida mais forte no coração. Baby pisava suas botas pretas no palco relembrando tudo aquilo que minha mãe cantava. Foi lindo, foi "Cósmico".
Não sei como passamos esse tempo sem a Baby, sem o "Menino do Rio"... no final do show ela fez questão de homenagear o pai daquele que sentava os dedos na guitarra. Berrou o nome de Pepeu Gomes e permitiu ao filho reinar em sua cria.
Duas horas de show, "sem pecado e sem juízo", sem pressa do dia raiar, sem cansar, com o suor contido nos cabelos roxos, fazendo jus ao símbolo épico de sua categoria musical. Baby é uma bossa mais do que nova! Baby é do Brasil.
Espero que esse show, de teor magnífico, sem erros, seja registrado num DVD. Todo mundo precisa recapitular essa pausa que a música deu no tempo de Baby. Essa Baby que voltou com tudo e contudo!
Aquele barulho de índio, feito pelo público todo, como se todo dia fosse dia de índio, é o que ficou de mais latente e indissolúvel.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Mais um desafio no teatro

Hoje o texto é curto, falo de mim mesmo, pode até parecer egocentrismo... mas, não é! Sabe quando você tem um desejo pra realizar, mas quando ele aponta na sua frente dá aquele medo, ou frio na barriga? Então... estou assim! Eu acho até saudável, e por isso, à partir de hoje vou começar a contar um pouco sobre isso pra vocês, pelo menos uma vez por semana. Vou dividir a coluna em dois, num dia conto sobre isso e no outro sobre música. Recebi um desafio no teatro, e é ai que a porca torce o rabo. Escrever, dirigir, ou criticar?
Recentemente deram-me a prazerosa tarefa de escrever uma peça de teatro, dessas que eu estou acostumado a ver e criticar... dessa vez seria eu o espectador da minha própria estória. Sentei em frente ao computador e comecei a despejar uma porção de ideias que surgiam e assim ia escrevendo e apagando, apagando e escrevendo. Depois, ela veio inteira!
Foi fácil, o difícil é que depois de entregar o texto... algum tempo depois, veio a surpresa: dirigir o próprio texto! 'Paft'... foi um baque. Vinha a mistura de desejo com medo, com frio na barriga, com insegurança e sei lá mais o que. Agora seria eu o criticado, o alvo daquilo que eu estou acostumado a fazer, além disso, a tarefa de alta responsabilidade, a de arquitetar um espetáculo. De transformar pessoas em personagens, de dar olhos e respiração ao texto de um autor. Peraí, o autor era eu mesmo!
Foto: Reprodução de Internet
Tive que esquecer quem era o autor... distanciá-lo de um oceano a outro e reler o texto como se fosse uma primeira impressão. Uma primeira paixão! Admirar o autor, como se eu fosse um narcisista, como se ele fosse alguém que eu tivesse verdadeira adoração. Como se eu o conhecesse ali, só pelas palavras.
Depois ainda tive que escolher as primeiras atrizes, realizar a primeira leitura daquele texto, lembrar que terei que disputar a ânsia da direção com a inibição de ver os meus colegas em outros espetáculos. Não dá pra criticar enquanto estiver em cartaz, não da pra viver entre dois mundos ao mesmo tempo. Durante um período, abdicarei das críticas de teatro, apenas as de teatro, continuarei falando sobre música neste espaço... mas, sobre teatro, contarei sempre sobre essa magia de dirigir e de compartilhar vidas num palco.
Por enquanto, é só isso que eu posso dizer. Logo logo coloco imagens, conto sobre o texto, o nome, a produção, os atores e os apoiadores e patrocinadores. Aliás, é disso que precisamos... de gente que apoie a arte! Em breve vocês me verão para além dessa página, poderão ver minhas palavras no teatro. Dessa vez, vocês serão os críticos. Já temos data fechada e tudo, mas eu conto mais na próxima!
Merda, pra nós!