sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Sarah Brightman pousa sua galáxia no Brasil

Sarah Brightman sabe como conquistar os brasileiros, a cada turnê faz questão de descer no país da bossa pra desembocar a refinaria de açúcar que guarda em sua garganta. A soprano não beira apenas o clássico, o erudito. Sarah representa um conjunto musical, uma atriz em movimentos sonoros.
A cantora, inspiradora do papel da mocinha do musical "O Fantasma da Ópera", trouxe uma galáxia para o Brasil, sob o som do álbum "Dreamchaser", ou, de repente "Caçador de Sonhos". Com muita tecnologia e um banho high tech de iluminação, desfilou em roupas alegoricamente impecáveis e brilhou como a descida de uma estrela cadente.
Sarah apresentou-se com uma banda pequena, mas espalhou-se imediatamente canto a canto do Citibank Hall, o antigo Credicard Hall, em São Paulo. Por todos os lados a voz com uma das mais expressivas belezas agudas dentre as sopranos cintilava em compasso aos olhos de Sarah.
"Canto Della Terra", clássico ao lado de Andrea Bocelli, foi entoado junto a um tenor, que pra mim foi um tremor! Achei um pequeno desastre, um cantor de uma língua quase presa. Um tenor de "quases", pequeno ao lado de Sarah. Com ele (infelizmente não recordo-me do nome), também cantou o tema do musical "O Fantasma da Ópera" e novamente tornou-se maior que si própria. "Nessun Dorma" lançou lágrimas nos olhos de muitos e eclodiu agudos fogosos e impecáveis. A afinação da soprano é louvável.
Um imenso telão parecia deixar Sarah numa posição tridimensional, e lança raios, constelações e inúmeras imagens com um teor tácito incrível. Aquilo tudo faz toda a diferença e torna o espetáculo quase surreal.
É daqueles shows que dá vontade de exibir imediatamente no Instagram, ou no Facebook... de tirar uma foto do ingresso e postar, sabe?! Bem que eu quis, não fosse a precariedade do lastimável 3G da Tim. Uma operadora a se odiar!!!
Outra coisa que muito me agonia são aquelas irritantes palminhas que o público insiste em dar... como se acompanhassem o ritmo das músicas. Não sabem pisar certeiro nas notas e a coisa fica péssima. Fica algo do tipo missa de Sábado de Aleluia, ou plateia do Programa Silvio Santos. É gostoso e mais saudável assistir ao show quietinhos!
Enfim, voltando à Sarah Brightman...
Foto: Divulgação
Sarah não é um concerto, uma ópera... ainda não resvala na música clássica. Mas é gigante como uma genuína peça erudita!
Os shows trazidos pela Times For Fun acontecem ainda hoje (29) em São Paulo, no Citibank Hall e nos próximos dias no Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Loreena McKennitt e a beleza celta de sua música no Brasil

A canadense Loreena McKnnitt trouxe-me uma enorme dificuldade para que eu falasse sobre ela, seu show é quase indescritível. Tudo isso porque sua música transportou-me pra algum lugar longe daquela poltrona, um lugar que era possível ver e ouvir sua canção. No Credicard Hall, em São Paulo, o piano parecia imperar e disputar a vez com a voz da cantora. A pele ia riscando-se com destreza ao arrepiar, quando era possível sentir as cerdas do violino no próprio corpo, como um ato sexual entre a música e o humano. Loreena e a música são uma coisa só!
Quando a música já não cabia mais no corpo ia esparramando entre espasmos, arrepios e lágrimas. Loreena misturava o toque celta, o ritmo oriental e tudo aquilo que inspirava-lhe beleza pelo canto e pelos instrumentos. Não há uma só música em que ela não toca, em todos os instantes seus dedos apropriavam-se de instrumentos e cada canção suspirava vários instrumentos. Suas composições são cheias de nuances, embelezada de notas. Em uma só o piano dobra-se em suas próprias teclas e em cordas e sopros.
Sua violoncelista parecia ter saído de duros confrontos nórdicos. Tocava aquelas cordas como quem sofresse o corpo com as próprias cordas. Parecia tocar-lhe o peito e suar sobre as notas. A beleza culminava-se a todo instante. Atingia ápices orgásticos. Adentrava ao corpo como uma cirurgia só de anestesias.
Loreena é um preenchimento musical de tessitura infinita. Cada canção é um diálogo, um encontro de uma voz inigualável com a sensibilidade instrumental da cantora. Sua voz é um cálice transbordado de beleza!
Não dá pra passar-lhes todas as sensações que senti neste show. Vejam e ouçam o vídeo abaixo, com uma de suas mais belas canções!!! Talvez isso resuma um pouco tudo isso...