terça-feira, 28 de abril de 2015

Gal, Bethânia, Gil e Caetano: os cinquentões da MPB

Esse ano ainda será somado a um riquíssimo período para a música brasileira. Não pelo que anda pipocando a todo custo nos nossos ouvidos, mas pela persistência da música de qualidade, que para mim envolve composição, voz e arranjo. A imprensa noticiou nas últimas semanas um afastamento entre Gal Costa e Maria Bethânia, trazendo manchetes com uma falsa novidade. O fãs embarcaram na onda e recriaram o ringue entre Emilinha Borba e Marlene. Enquanto isso, Caetano e Gil ensaiam um intenso repertório para dividirem o mesmo palco comemorando os mesmos 50 anos.
Foto: Reprodução
O ano do jubileu de ouro trouxe ao Prêmio da Música Brasileira uma homenagem à Maria Bethania, que acontecerá no dia 10 de Junho, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. As últimas manchetes dos jornais que precisam acelerar suas vendas, e dos sites que ainda precisam angariar clicks, noticiavam que Gal Costa não foi convidada para a homenagem à Bethânia e que estavam afastadas há alguns anos (inclusive calcularam errado). Essa discussão fajuta chegou até as redes sociais e rendeu. Bethânia e Gal não declararam afastamento algum, apenas não há registros de que as duas têm se encontrado.
Caetano e Gil participaram do Fantástico, da Rede Globo, no último domingo (26) e anunciaram uma turnê juntos, que estreará no Brasil em Agosto, após apresentações internacionais. Caetano quer algumas canções inéditas e Gil gostou da ideia.
Seria de um deleite inimaginável que os cinquentinhas estivessem juntos nessa comemoração, como aconteceu em 2002, quando os Doces Bárbaros recordaram o grupo em shows memoráveis. Mas, cada um tem sua história e todos eles possuem vida pessoal, escolhas e um mercado fonográfico por trás disso tudo.
Gal e Bethânia acompanham estilos diferentes, que podem até se esbarrar em algum momento. Gal tem o irresvalável poder de inovar a música e ainda adicionar graves a uma voz de cristal. Atualmente está realizando shows cantando Lupicínio Rodrigues, em parceria com a Natura Musical. O show "Ela disse-me assim" é um reencontro da baiana com uma era de ouro, mas interpretado com uma impressionante releitura. Gal também está para lançar o álbum "Estratosférica", com canções inéditas. Esse ritmo acelerado de shows mostra um vigor que às vezes falha, mas que se abastece de um público jovem, reconquistado pelos quatro artistas.
Bethânia está em turnê com "Abraçar e Agradecer", no seu estilo preservado. A intérprete, de temperamento forte, imprime essa sensação em cada interpretação. É um show para não deixar defeito nem em um fio embolado no chão do palco. Um palco iluminado por telões de LED. Em Junho ela será homenageada pelo Prêmio de Música Brasileira, e alguns artistas vão interpretar sucessos da santamarense. Gal não foi convidada? Não sei! E a música não ganhará absolutamente nada com essa pobre discussão!!!

quarta-feira, 18 de março de 2015

Fábio Jr. traz músicas escolhidas pelo público em shows

Foto: Gabriel WickboldNo último final de semana o cantor Fábio Jr. apresentou o show "O Que Importa é a Gente Ser Feliz", no Citibank Hall, em São Paulo... é lógico que a mulherada estava em peso. Como se não bastasse reunir uma lista recheada de mulheres na vida pessoal, Fábio tem uma maior ainda quando o assunto é fã. E para seduzi-las ainda mais e valorizar o trabalho, músicas dele foram disponibilizadas na internet para que o próprio público pudesse escolher algumas que estariam no show. Nem sempre dá pra ouvir o público, mas é bom sempre tentar ouvir. Tem gente que não ouve, mas também não canta mais!Fábio gosta de um toque mais sofisticado aos seus palcos, o que talvez não permita inusitar e diferenciar suas apresentações. A iluminação é o que reveste o cenário, bem aplicada.

Quando o cantor casa sua voz aos momentos acústicos, o show ganha um tom mais íntimo e mais agradável. O acústico pode ser perigoso, por revelar certas falhas de afinação, mas o Fábio esta bem nesse quesito!
Canções como "Alma Gêmea" e "Caça e Caçador" já estavam na boca do público e são aquelas mesmas teclas que o cantor tem que bater sempre em seus shows. E isso é bem válido. Uma coisa é ouvir em casa, outra coisa é estar em frente ao artista enquanto ele repete aquela música que você tanto ouve. Confesso que não sou de ouvi-lo, mas me agradam muitos os duetos e algumas apresentações dele. Não creio que o Fábio tenha que se reinventar, isso é coisa daquelas bandinhas que surgem e rapidamente perdem a força. O cantor tem que manter sua performance, mas usar de artifícios novos para surpreender o público. Ou então, mesmo que ele faça um show a cada um ano, eles serão sempre iguais. O Fábio tem um pouco disso, a falta de novidade. Mas, ainda essa falta de novidade preserva um Fábio bom de ouvir!
A agenda do Citibank Hall incluí Ana Carolina, ainda neste mês, e nos próximos Paula Toller e Zeca Pagodinho, entre outros.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Maria Bethânia traz 50 anos de carreira para show em SP

Maria Bethânia. Foto: Nyldo MoreiraUma bagagem repleta de um repertório primoroso, escolhido delicadamente e com um nobre rigor! Maria Bethânia desceu os atabaques em terras paulistas para comemorar seu jubileu nos palcos. São 50 anos de história de uma das maiores intérpretes do Brasil... aquela que da a voz que qualquer compositor deseja às suas canções. A baiana descarregou litros de composições que estavam incubadas há algum tempo e relembrou suas consagrações nas arenas brasileiras. De Santo Amaro da Purificação para o mundo, com o mesmo ‘jeitinho’ brejeiro. Uma overdose de Caetano Veloso para dobrar os ouvidos do público! Em São Paulo, no HSBC Brasil, estreou no último sábado, 14, uma das coisas mais lindas dos palcos nos últimos tempos, "Abraçar e Agradecer".
Li, outro dia, a respeito do repertório de Bethânia durante esses 50 anos que passaram, era uma crítica bastarda... dizia que a baiana enfeitava o mesmo do mesmo em todos os seus shows. E qual seria a dificuldade em entender gêneros?! Bethânia é dos batuques... quando sai deles enluara-se com canções de Chico Buarque, por exemplo, que a derruba em uma delicadeza incomum. O resgate de canções é a coisa mais sublime que um intérprete pode fazer para a música. Bethânia, com uma banda sempre simétrica, redesenha o ritmo dessas canções e costura uma a uma criando histórias nos palcos.
Em um espetáculo quase sem pausa entre as canções, divido em dois atos, com um recheio instrumental feito por Jorge Helder (contrabaixo), Túlio Mourão (acordeom e piano), Paulo Dafilim (violão e violas), Pedro Franco (violão, bandolim e guitarra), Marcio Mallard (cello), Pantico Rocha (bateria) e Marcelo Costa (percussão)... Bethânia exprimiu quase tudo de si. Dividiu suas interpretações em textos de Waly Salomão, Fernando Pessoa, Clarice Lispector e até os de sua autoria. Entre as ligeiras viradas de acordes a intérprete soletrou: "agradeço aos amigos que gostam de mim. Apesar de mim". E reverenciou o público: "agradecer aos senhores que acolhem e aplaudem esse milagre", o de cantar, e assinou embaixo.
"Abraçar e Agradecer" é uma reunião de poetas e compositores que transcende à própria carreira de Bethânia. Há um bom tempo eu não me deparava com um trabalho tão belo. Como se nada fosse ensaiado... mas, com a impressão de que tudo estava milimetricamente ensaiado. Nada fugia da natureza santamarense, de como se a baiana sambasse no quintal de casa.
Maria Bethânia. Foto: Nyldo Moreira
A overdose de Caetano Veloso incluiu a abertura do show, xerocando a intérprete para todo o resto do espetáculo. "Eterno em mim", de 1996, antecedeu uma leitura assinada por Bethânia. Ainda das mãos e da mente do irmão, "A Tua Presença Morena", com um arranjo carnavalesco de um samba rasgado, "Tudo de Novo", "Nossos Momentos", "Eu e Água" e "Motriz" saíram da intimidade vocal da cantora, como se Caetano a ciceroneasse com a viola. Algo parecido com o que aconteceu no documentário dirigido por Andrucha Waddington, "Pedrinha de Aruanda", em que Dona Canô divide o quintal com os filhos e com o mundo!
Chico Buarque entrou luxuoso no repertório do show com "Tatuagem" e "Rosa dos Ventos", que marcou como digital a carreira de Bethânia. Chico é uma das quedas da cantora, e sua total entrega para essas canções evidencia isso.
Dori Caymmi também está imperativo no espetáculo e veste o olhar de Bethânia com sua herança para compor. Rolando Boldrin, Tom Jobim e Chico Sá também apitam nesse terreiro. Boldrin é lembrado com "Eu, a viola e Deus", com viola caipira. Tom, com uma versão íntima de "Dindi". Chico com as digitais que deu a Bethânia. É o grande biógrafo da cantora neste momento. "Agradecer e Abraçar" também foi a canção de Gerônimo e Vevé Calazans, que fez a Abelha Rainha espetar minuciosamente seu ferrão em nós, o público.
"Não me arrependo de nada", foi um dos versos entoados na canção que eternizou Edith Piaf. Sim... Bethânia encarou "Non, Je ne Regrette Rien", de Charles Dumont e Michael Vaucair. A canção levada até Piaf e que simbolizou toda sua vida, também caiu na lábia de Bethânia, que interpretou o francês com seu jeito baiano e pontual. Ela encarou a canção de frente e finalizou flechada por luzes brancas e os braços pro alto, como quem reverencia o tempo.
Maria Bethânia. Foto: Nyldo Moreira
O samba de roda não veio latente como de costume nos shows de Bethânia, mas veio espalhado no vasto roteiro. Desta vez, Roque Ferreira ficou com a fatia sambada do espetáculo. Suas composições fizeram o vestido que transava vermelho e dourado em Maria Bethânia rodar como das mais legítimas baianas que encaram a ladeira do Pelô. A beleza teatral de tudo isso vinha trajada pela direção de Bia Lessa e Guto Graça Melo. A banda foi orquestral e respirava cada canção com alegria. Era muito contemplativa a maneira com que eles rodeavam Bethânia para enchê-la de notas.
O figurino ficou divido pelos dois atos. No primeiro, Bethânia vestiu o dourado de Oxum, e saudou-a no segundo ato com a "Oração a Mãe Menininha", de Dorival Caymmi. A introdução da música veio a cappella, como se aos pés da Mãe reverenciasse algo, intimamente. Ainda sob a assinatura de Gilda Midani, o segundo figurino era vermelho e dourado, tal qual o de Iansã na composição de Roque Ferreira, "Vento de Lá".
Maria Bethânia. Foto: Nyldo Moreira
Algo muito interessante foi o chão de LED armado sobre o palco e que ocupava quase toda sua extensão. Imagens de rosas, água, mato, estrelas e desenhos criavam uma atmosfera a traduzir esse jubileu e a desenhar a interpretação de cada canção. Esse chão era inclinado, o que fazia a pisada da cantora ficar ainda mais enrijecida e cúmplice do palco. Cantar sobre uma ladeira é coisa de um bom baiano, de raça. A vista do alto é sublime, a valsa de Bethânia sobre as imagens é celestial. A iluminação de Binho Schaefer riscou o palco como um pintor ama suas telas pincelando-as com critério.
Maria Bethânia. Foto: Nyldo Moreira
O texto já está ficando grande demais... é melhor encerrar assim, no ápice. Bethânia fez isso, voltou ao ápice, do qual nunca saiu. Terminou o show traçando no rosto uma interpretação visceral de "Cárcara". E voltou sorridente para o bis, sem deixar dúvidas de que cantaria "O que é O que é", de Gonzaguinha.
A tradução dos 50 anos de carreira de Maria Bethânia foi magistralmente resumida. O show é uma resenha de um Deus!
O show segue no próximo final de semana, no HSBC Brasil. Mas, os ingressos já estão esgotados.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Fafá de Belém só precisa de sua voz e um piano

Dona de uma das maiores vozes do Brasil, Fafá de Belém apresentou um show intimista, ao lado do pianista Luiz Karam, no Terra da Garoa, em São Paulo. Destilando canções famosas, o espetáculo comemorou antecipadamente, no último final de semana, o Dia Internacional da Mulher... muito bem representado! Fafá aniquilou o silêncio com terminações gargalhadas e um timbre sem igual.

Em uma cama emaranhada de notas amaciadas pelo maestro Luiz, Fafá começou a bordar o espetáculo com "Foi Assim", e não hesitou ao interpretar canções imortalizadas por Maysa. Foi como a fusão da melancolia com o contentamento ao ouvi-la resgatar, naquele mesmo tom, as audaciosas articulações de Maysa.
O "Bilhete", de Ivan Lins, vinha escrito com a notável emoção de Fafá, enquanto que canções de Chico Buarque, como "Sob Medida", inundavam a sensualidade de uma mulher que esqueceu de envelhecer. Fafá não deixa nada fazer falta... sua voz e um piano são o casamento perfeito.
Fafá deixa qualquer jornalista muito redundante, porque, quando não estamos falando de sua exuberante voz, falamos dos seus avantajados seios (com todo o respeito, claro!). Temos que pautar também sua elegância e até a transição para interpretar e dramatizar conforme as letras. Parece domar a poesia como se trotasse sobre ela!
Essa máquina de ritmos passeou por diversos compositores... entregou-se à intimidade que a casa permitia e emocionou, como se desse recados em forma de canção. Saio sempre dos shows da Fafá sem saber com o que compará-la. Claro, não há!
O Terra da Garoa vem realizando experiências gastronômicas com artistas na casa. Um jantar, com entrada e sobremesa, precede o show. Além dos pratos que já estão no cardápio, o artista também sugere algo. Não sei dizer o sabor, porque não experimentei!
A agenda da casa inclui um musical com José Rubens Chachá e Tobias da Vai-Vai, o "Sampa", que conta a história do samba na capital paulista. Ivan Lins, Toquinho, Benito de Paula e Guilherme Arantes também apresentam-se nos próximos dias.

segunda-feira, 2 de março de 2015

'É possível ter ensino de qualidade na escola pública', diz Maria Bethânia

Foto: Nyldo Moreira
O espetáculo, que nasceu há alguns anos na Universidade Federal de Minas Gerais, ainda ganha o Brasil em uma costura de canções e poesias. Maria Bethânia responde à mediação entre poetas e compositores emprestando-lhes a voz, a dramaticidade e a alegria de uma cantora que é atriz. Ou de uma atriz, que é cantora! Comemorando seus 50 anos de carreira, a baiana espalha espetáculos no Brasil e enche São Paulo de poesia. Foram quatro dias de "Bethânia e as Palavras" no Sesc Pinheiros, que encerrou ontem com um grito de alerta da artista: "é possível ter educação de qualidade em uma escola pública"!

Bethânia vem avisando nesses anos todos de carreira de que a poesia deveria estar na boca do povo e no contexto de uma sala de aula. Exalta o professor e toma como referência aqueles que a ensinaram na escola. A voz de Fernando Pessoa ecoa toda a intensidade do poeta e para mim não há ninguém que o leia com tanto empréstimo e apreço. Há uma intimidade irresvalável entre os dois!
A poesia faz-se a interlocutora entre a palavra e a paz. Cada som vindo das batucadas de Carlos César e dos violões de Paulo Dafilin também soam feito poesia. "Bethânia e as Palavras" é um estado de poesia.
Alguns textos são devera interpretativos. Parecem a briga entre Deus e o Diabo, ou o pecado de Eva e Adão... ou qualquer prece a um Deus... a um orixá, ou a um homem. Parecem a natureza respirando. O som de Maria Bethânia parece bem com natureza respirando. Doce e selvagem.
Eu já assisti a este espetáculo diversas vezes, porque ele é incansável e terapêutico. Cada vez que o vejo descubro uma palavra nova, uma lágrima diferente e um sorriso mais aberto ou mais tímido, dentro de cada verso. Parece que há uma poesia nova em cada espetáculo, mas o que há são novos olhares e disposições auditivas que nos levam a emoções diferentes. A poesia está para a psiquiatria muito mais do que a psiquiatria para a medicina. Sem qualquer desmerecimento! A poesia é uma didática precisa, imediata e até duradoura.
Não há um só momento em que a poesia descanse no palco de Bethânia, a não ser sob a beleza do silêncio em que o público respira e nos intervalos métricos entre uma palavra e outra. A poesia permite o berro e o silêncio em um verbo!
Bethânia fará apresentações novamente em São Paulo ainda este mês, no HSBC Brasil. O Show "Abraçar e Agradecer" traz músicas do álbum "Meus Quintas", pela Biscoito Fino, e será em comemoração aos 50 anos de carreira. Os ingressos já estão esgotados.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

São Paulo ranzinza contra os blocos de rua

Bloco Kolombolo, na Vila Madalena. Foto: DivulgaçãoO acinzentamento da capital paulista não está restrito à aparência das fachadas. São Paulo parece estar mesmo ranzinza. Uma matéria publicada ontem (19) pela Carta Capital rebate a mídia que vem dando destaque às críticas ao carnaval de rua em São Paulo.  O texto chama de "ideias de atraso" o resumo que a grande mídia deu a respeito dos blocos, destacando os bêbados e os "mijões", na Vila Madalena. Eu fui até a Vila Madalena e o que encontrei foram bêbados e mijões! Infelizmente, o manejo calamitoso das secretarias de cultura, das autoridades e daqueles que "investem" em cultura dividiu a população paulista em ranzinzas e em "extrapolões".
Não é culpa dos reclamões de reclamar. Como não é culpa dos bêbados e mijões, beber e urinar por ai! As situações foram dirigidas desordenadamente e chegaram nesse ponto. Para tudo há uma discussão, uma polêmica, e o carnaval não ficaria fora disso. Ninguém quer acordar e encontrar suas janelas depredadas e a porta fedendo a urina. Pois é, isso está acontecendo na Vila Madalena. A Carta Capital diz que no centro não houve uma concentração de reclamações a esse respeito, como aconteceu na Vila Madalena. Ora, é óbvio... o centro fede de natureza. Além disso, parece ser cada vez mais uma área de risco.
A publicação da Carta Capital é muito boa, mas é meio tendenciosa. Há uma superproteção ao governo Haddad, atual prefeito de São Paulo. Haddad, aquele que pinta todas as avenidas e dá o nome disso de ciclovia! Haddad gosta de fazer o povo se divertir, mas não sabe planejar nada disso. No Rio de Janeiro os blocos funcionam melhor, mas, ainda assim, foram registradas imagens de uma galera pulando no teto de banheiros químicos. Seriam bêbados tentando entrar pelo lado errado? O fato é: São Paulo precisa entrar nesses eventos com melhores condições de organização... e não usá-los como teste para melhorar os próximos. Até porque, nada aqui parece evoluir.
É muito bom que o carnaval continue pintando pelas ruas da cidade, ninguém paga para se divertir. Diferente do que acontece no "carnaval de rua" de Salvador e nos sambódromos das grandes cidades. O carnaval, esse dos blocos de rua, é para o povo. E o povo foi severamente deseducado pelos governos. Kassab, nem Serra autorizaram os blocos de rua em suas gestões. A atual gestão abriu as pernas para isso, mas esqueceu de usar camisinha. Aliás, essa é outra questão. Carnaval e sexo são parentes em toda conversa... você sai hoje em um bloco, desses bem aglomerados, e recebe mil propostas de sexo e beijo! A turma mais velha vai querer comparar ao seu tempo, em que lança-perfume era usado pra ser lançado, e realmente São Paulo vai começar a ficar mais careta.
Uma observação feita pela Carta Capital é de que os blocos concentrados na Vila Madalena estão recebendo diversas reclamações de um publico mais conservador e dos mais abastados. Mas que, os bailes funk, que são considerados movimentos culturais e acontecem pelas ruas em periferias, não são sequer questionados. Engano! Esses bailes são muito questionados sim, não por serem de funk, mas por perdurarem a noite inteira, reunir arsenais, drogas e orgias nas portas de casas. Isso está bem errado! Não podemos confundir as coisas... cultura e isso são oposições grosseiras. Claro, a mídia vira as costas para isso.
De fato a população paulistana está ficando cada vez mais ranzinza, e uma parte dela mais ousada. O ranzinza quer sua porta limpa e silêncio, enquanto o mais ousado quer liberdade! Mas, o ranzinza é muito carola, e o ousado é muito libertino. Sem um meio termo uma hora teremos o fim do que acabou de começar, ou esse começo será a introdução de um inferno na Terra!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Senta lá, Claudia... Leitte!

Cláudia Leitte. Foto: Igor Gonçalves
O lendário bordão de Xuxa Meneghel pode ser facilmente encaixado nesta ocasião... em que, Claudia, a do Leitte coalhado, poderia ter ido sentadinha em um carro alegórico na Marquês de Sapucaí, ao invés de fazer um papelão como rainha de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel. A cantora, título que insistem em dar a ela, exagerou na dose e achou que estava sambando. Foram cenas de dar dó! Enquanto isso, em Salvador, Anitta e alguns MCs, tomavam conta dos trios elétricos. Voltando à Sapucaí, a Beija-Flor adentra a avenida com um enredo patrocinado por sua homenageada, uma nação sob regime ditatorial.

Claudia Leitte, aquela que insiste em se enfiar em tudo, no estilo Preta Gil, não para de cometer gafes. Com uma fantasia confusa, típica de um personagem dos mangás, ela mostrou o quanto não sabe sambar e nem deveria estar ali. Aliás, é ridículo que as escolas de samba enfiem artistas à frente de suas baterias, enquanto a comunidade rala duro durante o ano! A cultura entrelaçada ao carnaval está cada vez mais deplorável. É caro desfilar numa escola de samba e isso foge à cultura. Dinheiro e muita mutreta estão por trás da suntuosidade que embeleza as telas da Globo no carnaval.

Voltando à Claudia Leitte! Que insisto: deveria estar sentada num carro alegórico, seria muito menos feio! Ela fazia olhares debochados, forçados, movimentos esquisitos, quase epiléticos. A bateria é uma parte fundamental na escola de samba e na história do ritmo. Mas, já está virando palhaçada. Nem Susana Vieira, nem Claudia Leitte! Susana estava à frente da bateria da Grande Rio.

Foi patético ver a Anitta num trio elétrico, como foi patético ter que aturar a Claudia no carnaval do Rio. É o fim, sim! Chato demais essa miscigenação que teimam em achar bonito. Não é legal colocar o que não é rock no Rock’in Rio, como não é legal colocar a Claudia Leitte em canto nenhum. Imagine como jurada musical no The Voice!

Outro bafafá foi a vitória da Beija-Flor de Nilópolis no carnaval carioca. A mídia levantou a suspeita de que a escola teria recebido R$ 10 milhões do governo de Guiné Equatorial, país sob regime ditatorial e que a escola levou para a avenida. Desde sempre existem os patrocínios. Esmiuçar isso agora como se fosse uma novidade é coisa chata! Mas, independente do valor do patrocínio que a escola recebeu, de um país ditatorial, não é uma notícia agradável. A Guiné Equatorial é um país com fortes contrastes de pobreza.

Comissão de Frente da Beija-Flor: Foto: Igor Gonçalves

Aos olhos do público e das mídias que premiam escolas de samba, a Beija-Flor não seria a campeã!

Camarotes e abadás caríssimos para levar urinada nos pés, em Salvador. Camarotes abarrotados de famosos e subcelebridades, no Rio e em São Paulo. Uma avenida luxuosa, cheia de patrocínios, nas capitais mais caras do Brasil. No meio dela, um negócio dourado se movendo... era a Claudia Leitte!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Usuários enfrentam dificuldades para comprar ingressos no site do Sesc e filas enormes em unidades


Fãs ou não, quem quer comprar ingressos para os shows promovidos pelo Sesc São Paulo têm que enfrentar aquela aflição para conseguir os bilhetes pela internet. Desde que o Sesc passou a disponibilizar uma cota dos ingressos para venda em seu portal, usuários vêm enfrentando problemas na hora da compra. Eu também já testei e fiquei bastante irritado! O sistema cai o tempo todo, impossibilita o usuário de finalizar a compra e até mesmo de demarcar os assentos, mesmo estando na tela de marcação. Evidência de sobrecarga, mas também de ineficiência e desrespeito.

Foto: Reprodução

Quando você sabe que não caberá um litro de água em um copo de 250ml, você substitui por uma jarra! É uma solução simples, difícil de entender para os engenheiros do site do Sesc. O problema para acessar a compra de ingressos também acontece em outros portais de tickets, mas com uma frequência muito mais baixa. O Ingresso Rápido já oferece uma plataforma muito mais incrementada, assim como o Tickets For Fun, que entende a alta demanda. O Sesc ainda engatinha nisso.

Os espetáculos promovidos pela instituição são selecionados com um rigor de qualidade indiscutível e apresentados em teatros impecáveis, em suas unidades, com preços muito acessíveis. Mas, falta respeito na hora de vender as entradas para esses eventos. Ontem (17) era para ser disponibilizada a venda de ingressos para o recital de Maria Bethânia, no Sesc Pinheiros, às 19h, mas isso não aconteceu. "Tentei comprar meu ingresso e aparecia uma mensagem de que caso houvesse alguma desistência de compra eu poderia prosseguir. Ficava atualizando de 10 em 10 segundos e não abria a página. Depois sumia a programação de shows e eu era encaminhada para a página do Sesc Turismo", conta a usuária Grace Gomes.

Foto: Reprodução

Comigo a experiência da compra foi um transtorno, o mesmo que enfrentei quando tentei adquirir ingressos para o show de Gal Costa, na mesma unidade, em Janeiro. Na hora marcada para o início das vendas o site já começa a apresentar erros de acesso e pede para que o usuário aguarde até ser encaminhado para a escolha de assentos. Neste ambiente de escolha já torna-se impossível marcar a poltrona, pois novamente o site fica em atualização. Quando você vai marcar o local ele já aparece indisponível. Outro problema é quando você finalmente consegue marcar os assentos, mas não consegue finalizar a compra. São disponibilizados dois ingressos por pessoa, mas, quando é possível, você não consegue marcar mais de um assento. No mesmo dia, a venda para ingressos do show de Nando Reis apresentou problemas e foi remarcada para hoje (18). Tentei por dois navegadores, o Safari, em um Apple, e no Chrome, em um Windows.

Foto: Reprodução

A cota de ingressos disponível para venda online é bastante reduzida, muito assentos já estão bloqueados, mas podem ser comprados nas unidades do Sesc no dia anunciado para início. Esta é a segunda etapa dos problemas, as filas são quilométricas e os ingressos esgotam rapidamente. A internet pode ajudar a diminuir as filas, mas a instituição ainda não aprendeu a manipular o sistema.

Por volta das 23h de ontem os ingressos voltaram a ser vendidos pela internet, porém não houve qualquer anúncio no site, apenas uma frase de que a comercialização estava indisponível no site e que o usuário procurasse uma unidade do Sesc para compra. Ãhmm? Ainda com as vendas de volta, o site continuava com sérios problemas, os mesmos, que impossibilitavam a compra. "Na semana passada tentei comprar para assistir o Marcelo Jeneci e o mapa de assentos não aparecia. A justificativa deles é que o site fica congestionado", relata Dani Nel.

Foto: Reprodução

Hoje o site informa que os ingressos para o recital de Maria Bethânia estão esgotados na web. E pede ao usuário para ir até uma unidade do Sesc, onde as vendas serão disponibilizadas a partir de amanhã (19). Boa sorte na fila!

Procurei a assessoria do Sesc Pinheiros, ontem a noite, por volta das 20h. Conforme orientado, encaminhei um e-mail solicitando um esclarecimento. Até a postagem dessa matéria não recebemos nenhum retorno.

Isso nos leva a crer que o consumidor, mesmo que com uma instituição que oferece ótimas oportunidades, como o Sesc, continuará, neste país, a ser deixado para depois!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Despeito, Ed Motta?

Às voltas com o convite feito pela Nivea, em colocar Criolo e Ivete Sangalo para fazer uma turnê em homenagem a Tim Maia, Ed Motta, sobrinho do cantor, criticou nas redes sociais: "vontade de vomitar, que coisa PODRE..." Seria despeito? Claro que não, Ed sabe da genialidade do tio e sempre exaltou isso. Mas, com certeza, sabe que jamais poderia interpretar, mesmo que a seu modo, uma memorável homenagem ao Síndico. Agora... fazer um comentário besta, contrário a junção de Criolo e Ivete, é coisa de gente pequena! E não de quem quer valorizar a música.
Foto: Divulgação

Não é segredo de que a relação entre Tim e Ed não era nada boa. Desde a década de 90 que os dois não se cruzam, apesar do parentesco. Tim deu entrevistas e declarações negativas ao sobrinho. Ed sempre rebateu com elogios a ele, considerado um dos maiores nomes da música brasileira, e é!

Eu reconheço que não consigo parar para ouvir Ed Motta, acho uma música pouco especulada, a não ser pela exacerbação de "berrinhos" e inserções para "encher linguiça". Firulas. Quem seria ele para criticar a homenagem?

Sobre a homenagem não me resta dúvidas de que pode ser sim uma furada! Mas, acho que a furada não deveria ser anunciada pelo Ed. Quando a Nívea realizou a homenagem ao Tom Jobim, com Vanessa da Matta, achei de um péssimo gosto. A cantora desceu bem a ladeira nas interpretações, coisa que tem feito ultimamente com suas próprias canções. Enfim... Não há dúvidas também de que a empresa de cosméticos quer mesmo é que seu nome fique no hall da cultura, toda empresa investe para ter retorno. Ninguém, infelizmente, pensa em como é bonito fazer coisas do tipo. O que eles querem é publicidade!

Ed declarou que teria recebido um convite da Nívea para fazer um projeto com músicas de Tim Maia, mas declinou. Ele declarou nas redes sociais: "a grana era incompatível com meu desprazer em fazer isso... Pra mim a música do Tim Maia é intocável, fica bom mesmo é com ele, é preciso honestidade e vergonha na cara para admitir isso..."

A Folha de S. Paulo procurou a empresa de cosméticos que rebateu dizendo não ter convidado Ed Motta para a turnê. Por meio de sua empresária o cantor declarou que o convite teria sido feito para um projeto de gravação de CD com canções do tio.

Ele deveria ter sido mais claro no post! Acabou parecendo moleque com despeito, aqueles que tudo postam nas redes sociais, sem medir as consequências!

Vou torcer para que Ivete e Criolo surpreendam o Ed, e a nós. Não será fácil, mas pode ser bom! Musicas não podem ser intocáveis, jamais. O artista que quer imortalizar a música e restringi-la ao seu criador é um coitado!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Gal Costa e a arte de estar entre as maiores

Foto: Nyldo MoreiraEnlaçada por notas centimetradas, encaixadas a dedo nas arestas finíssimas de sua voz. Gal Costa é descortinada enquanto solfeja os espaços oportunos em que as notas de Guilherme Monteiro (guitarra/violão) exalam. O Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, recebeu uma nova ruptura artística, um novo álibi para se delirar com Gal. "Espelho d’Água" vem em época de seca encharcar-nos do passado e do novo. A baiana ocasiona esse choque, quase anafilático!
Gal havia cometido um rompante em sua carreira quando estreou o "Recanto", show dirigido por Caetano Veloso e que imprimia forte personalidade de ambos na música e na levada cênica de todo o espetáculo. Ela vinha incorporada em fibras e irredutível em uma morada construída a quatro mãos. Sem deixar de carregar toda a brutalidade do "Recanto", Gal inseriu a paz dissolvida em sua voz e, ao lado de Marcus Preto, desenhou um novo roteiro para manter os pés no palco. "Espelho d’Água" rebusca canções e parece constituir-se de um tudo novo.
O arranjador desse deserto, em que o oásis é o som, Guilherme Monteiro reveste Gal de uma túnica esvoaçante, cheia de oportunidades de garantir canções quase inéditas. Guilherme cria um elo indissolúvel entre as cordas e a intérprete, como se as duas coisas funcionassem devido à mesma veia. Ele permite que ela acomode a voz num berço seguro.
Nota-se que sobra um facho de ar na voz de Gal devido ao ganho de belos graves que misturam-se com a leveza e o ímpeto dos agudos. Ela e a guitarra aturam-se feitos parceiros congênitos, nos altos e nos baixos.
Foto: Nyldo Moreira
Um repertório histórico e que tortura a intimidade de todos os ouvidos, que faz descer estribilho abaixo a coisa mais bela exprimida por poetas compositores. A abertura fica por conta de "Caras e Bocas", de Caetano Veloso e Maria Bethânia, canção que berra o deleite do conluio de dois mestres. Fragmentos do "Recanto" ainda permeiam o espetáculo e as súplicas antigas do público calam-se, pois sem que precise ser entoadas Gal descasca "Vaca Profana", de Caetano e "Meu Nome É Gal", de Roberto e Erasmo.
Outros títulos atingem o cume ensolarado do show, exímia em capturar o mais nobre dos arranjos, ela enfileira "Sua Estupidez" naqueles mesmos versos de antes. A canção em que Roberto e Erasmo parecem ter se travestido das mais enluaradas mulheres e já ouvido, enquanto compunham, o cristal de Gal lacerar verso a verso. "Negro Amor" e "Tigresa" encontram no timbre entrelaçado de graves e agudos um aconchego irresvalável. Quando toda a beleza já parecia ter estonteado "Tuareg", de Jorge Ben, reelabora e rebusca a Gal do "Recanto", reinventa e torna esfinge a ave de rapina que entoava um dos mais lindos roteiros que já assisti.
"Um Favor" deixou-me ainda mais devoto de que as mulheres da nossa música afirmam-se divas ao cantar Lupicínio Rodrigues.
Gal Costa cantou e canta como só as melhores do mundo podem! A alquimia entre o sutil e o luxuoso esta no tubo de ensaio que ela encaixou nas cordas vocais quando João Gilberto disse: "eis a maior cantora do Brasil". E é!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli gravam a poesia de Fernando Pessoa

Ao piano a poesia de notas vai captando a imagem monocromática que paira a tinta antiquíssima do vídeo, Maria Bethânia sentada ao piano prolonga o suspiro da voz nas pausas dos dedos sobre as teclas. Cleonice Berardinelli ouve com os olhos astutos acima do piano! O levantar da intérprete dá-se à métrica da sonoridade poética de Fernando Pessoa, os homens que nele habitaram, chamados de heterônimos, e aos quais as nobres senhoras dedicam "O vento lá fora". O filme de Marcio Debellian enquadra em linha reta os bastidores de uma aula, que mais parece uma leitura e de uma leitura que mais parece uma aula, confrontando a voz e a poesia de um tempo passado, encontrado em retalhos de papel e despejado em vozes singulares.
O livro-DVD reúne páginas de poesia, imagens em preto e branco e um CD apenas com o áudio da leitura. Uma trinca para aprisionar qualquer apaixonado por letras! Na capa o dedo enriste da professora Cleonice apontado à Maria Bethânia, como o habitual dos mestres ao ensinar. Colorido em escalas acinzentadas de preto e branco, o vídeo exibe uma fotografia impressionante e impecável, trazendo à frente as atrizes que destrincham a literatura visceral de Pessoa.
Há um mundo dentro de cada poesia... há um espetáculo teatral que triunfa generosamente nas gravidades vocais dessas senhoras. Cleonice não poupa o movimento, nem os rompantes. Faz o delírio de cada verso e atenua as métricas repreendendo Bethânia quando modernizava qualquer letra. Bethânia volta e relê! A professora empina o dedo.
O produto que sua Pessoa em um aroma indecifrável foi lançado pela Biscoito Fino, sob o selo da Quitanda e coprodução do Sesc São Paulo. O arsenal alfabético do poeta português vai ganhando linha em uma tábua reta em que as intérpretes debruçam. Em um estúdio as paredes engorduram letra por letra e o projeto torna-se biblicamente um Alcorão. Mata-se uma célula e mil se multiplicam a cada êxtase de pronúncia das escritas do célebre poeta, o meu preferido!
É lindo ver Cleonice interpretando como uma gigante do cinema... seu natural interpretar é uma poesia! Debellian acaricia o filme com as doces, temperadas e rígidas mãos de um maestro. Deixa ao parque a lisura gráfica e o olhar de grafite das intérpretes esbaldarem-se de um mel chamado palavra.
No ano em que a baiana completa 50 anos de carreira, sua imersão à obra de Fernando Pessoa sugere um resgate da poesia nas canções. Algo que não vemos em composições contemporâneas. Maria Bethânia abre os palcos como uma mãe de santo que invoca seus pretos velhos num terreiro e indica uma sucessão de comemorações à altura. Como o "Carcará", que deu-lhe os primeiros verbos na canção e no cenário teatral brasileiro, seus passos galgaram para uma das maiores do País. Desde 1965, quando o Golpe Militar estourava às esquinas culturais, a baiana esvoaça entre os cabelos verbetes musicais invioláveis.
O jubileu da cantora terá início no Vivo Rio, na capital fluminense, com cinco dias de espetáculo, entre os dias 10 e 18 de Janeiro. O show também já está confirmado no HSBC Brasil, em São Paulo, com quatro apresentações entre os dias 14 e 22 de março. Seu último álbum, "Meus Quintais", vai estourar o chão de tanta pisada brejeira e típica de uma mulher "recôncava" nesses espetáculos comemorativos. Neste ano o Prêmio da Música Brasileira, em sua 26ª edição, homenageará Maria Bethânia.
Nas livrarias é possível encontrar à venda o filme "O vento lá fora"!