sábado, 24 de abril de 2010

“Terça Insana”, mais de 8 anos de pura insanidade


A atriz Grace Gianoukas dirige esta trupe humorista há quase nove anos revelando sucessos por vários lugares, porém é em São Paulo que às terças-feiras ficam bem mais insanas. Não é muito comum encontrar peças de teatro numa terça-feira, pra falar a verdade a Terça Insana não é bem uma peça de teatro, mas também não é um satand up comedy, é sim algo bem típico deles, que parece inimitável, mas que já tem sido possível para alguns. Ser insano é engraçado, quando regrado a um bom texto e cabíveis expressões, que talvez sejam naturais e, ou até mesmo ensaiadas. Imaginem um ensaio desses atores, isso fica um pouco difícil de se pensar, visto que tudo sobre o palco insano é tão insano que não da pra ver artificialidade. Além de Grace, Agnes Zuliani, Mila Ribeiro, Arthur Kohl e Renato Caldas divertem o público paulistano em plena terça-feira, ou melhor Terça Insana.

Tudo acontece num horário nobre, o público, muitos deles, deixaram seu escritório, ou casa mesmo, mas vê-se gente de todo tipo, trajando social, vestidos, jeans, e não só isso transparece a abrangência que a Terça Insana atingiu, mas muita gente os conhece, hoje alguns estão na TV, ou fazem muito sucesso nos vídeos da internet. Tudo acaba ganhando voz pra insanidade, ali qualquer assunto, acontecimento, pessoa vira humor. O sucesso foi tanto que já foram lançados dois DVDs e a casa está sempre cheia.

O que mais me impressiona é a versatilidade humorística da diretora e atriz Grace Gianoukas, sim, pois os atores mudam a cada temporada, mas ela está sempre interpretando hilários personagens e com sua marcante e irreverente voz, que parece um pouco atrapalhada, afobada, mas que nos faz ver que nem todo humorista precisa de um bordão, até porque quem interpreta vários num só espetáculo penaria um pouco para sempre criar um bordão, mas é muito inusitado, ousado e bacana quando um ator coloca sua característica em vários papéis, com exceção da personagem Aline Dorel, interpretada por Grace, que acaba sendo bem mais serena por um vício compulsivo a Lexotans.

Incomodou-me um pouco e pude ouvir de algumas pessoas sobre a locação do espetáculo, que está sendo na Acústica São Paulo, pois é muito apertado, as mesas acabam sendo pequenas e o desconforto atrapalha, com a passagem de garçons e sempre um pedido de licença para afastar a cadeira um pouco. Isso também acaba fazendo com que o show perca um certo número de público, pois a disposição de lugares não é tanta, assim muitas pessoas acabam voltando para casa sem conseguir um ingresso.

No mês que vem a Terça Insana já muda de tema, não falará mais sobre a mídia, como tem feito nas últimas apresentações, as quais também não tiveram muito foco no assunto, porém não deixou de fazer o público se divertir com temas atuais, personagens novos e também os já conhecidos, como a Santa Paciência e Carlota Joaquina. Alguns fazem falta no espetáculo, como personagens vividos pelos atores Luis Miranda, Octávio Mendes, Roberto Camargo, Marco Luque e Marcelo Mansfield que já deram vida e humor a inesquecíveis e mesmo recentes papéis.

A Terça Insana realiza sua temporada 2010 com muita insanidade, humor e um show de interpretação, vale a pena conferir personagens como Marli, interpretada por Mila Ribeiro, que já esteve ao lado de Cláudia Rodrigues, em A Diarista, na TV Globo. Marli é uma síndica muito solitária que conta histórias muito engraçadas dos moradores, além da novíssima personagem de Grace, a funcionária pública Mônica Limão, que já dá pra ter uma ideia de humor só pelo sobrenome. Como as apresentações mudam frequentemente quem não viu precisa mesmo assistir para tirar suas próprias conclusões e dar boas gargalhadas, e quem já viu também pode voltar, verá novos temas e alguns repetidos também, mas que não perdem a graça. A Ticketmaster comercializa os ingressos para a Terça Insana, que, obviamente, está às terças-feiras na Acústica São Paulo, na Bela Vista.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Uma freira, uma platéia, música e nada de Madre Superiora só podia dar numa “Noviça Mais Rebelde”, em cartaz em São Paulo


Existem assuntos que quando feitos em comédia caem num clichê, talvez falar de uma freira seja algo batido, pois é difícil encontrar quem supere, por exemplo, Whoopi Goldberg nesta tão religiosa função, no filme Mudança de Hábito. Porém no espetáculo, em cartaz no Teatro Raul Cortez, na Bela Vista, em São Paulo, a noviça não é rebelde, ela é muito mais do que isso, é “A Noviça Mais Rebelde”, interpretada por Wilson de Santos, e supervisão artística de Marcelo Médici, o espetáculo é inspirado no musical Nunsense, de Dan Goggin. Com muita irreverência essa freirinha faz a platéia pecar com muita graça.

Claro que o título dessa peça é uma boa sacada para relacionarmos com o filme A Noviça Rebelde, com Julie Andrews, e com isso sabermos do quão é engraçada e logo corrermos para a bilheteria e comprar um ingresso, porém o título de qualquer coisa, até mesmo obras teatrais serão estratégias de marketing. Mas falando de A Noviça Mais Rebelde não há propaganda enganosa não, realmente a rebeldia desta freira nos leva ao riso o tempo todo, de repente um beato incomode-se com certas críticas, mas não ficará fora da irreverência proposta pelo texto, que não é nem um stand up, nem um monólogo, pois o público tem efetiva participação, e quem ainda for assistir saiba que pode ser fisgado pelo terço da irmã. Já que estou falando em quem ainda for assistir a peça, é porque a recomendo, as críticas à instituição religiosa que agrega e catequiza freiras são postas no texto de maneira sútil e muito engraçadas, mas também são abertos paresentes para falar de política.

Tudo isso torna uma comédia ainda mais completa, usar uma freira para divertir uma platéia é, sem dúvidas, ser alvo de críticas religiosas, mas não se preocupem que ninguém irá pro inferno por assistir a peça. Irmã Maria José faz parte da irmandade de Salut Marie que promove um show beneficente justamente no dia em que o senador José Sarney faz uma visita ao convento. Com o atraso da Madre Superiora, irmã Maria José envolve o público com suas brincadeiras e histórias, autorizada pela Madre à dar início ao espetáculo, mediante orações de abertura. O palco vira um cassino, o público joga o bingo, que reserva surpresas, a promoção dos patrocinadores é incorporada ao texto e valiosa para a graça do número. Imitações são feitas pela freira, onde o intuito não é aproximar-se da voz do cantor imitado, mas o ator Wilson de Santos consegue retratar muito bem a fisionomia destes. A trilha sonora é produzida por Ivan Huol e Cia das Vozes, e a tradução das músicas feita por Flávio Marinho e Wolf Maya.

Os jogos encenados e realmente finalizados em prêmios para algumas pessoas que são convidadas ao palco, dão clareza ao que muitas instituições religiosas são capazes de fazer para lucrar com seu papel cristão, porém nada que seja diretamente falado nem explícito. Como a Madre Superiora não aparece no show a irmã Maria José, ao lado da imagem de um santo tão desconhecido, o Santo Antônio de Categeró, e munida de um cenário que dá apoio as suas histórias sobre Adão e Eva, sempre contadas aos risos da platéia, toma conta do palco e junto às suas lembranças da juventude nos leva às gargalhadas, cantando, dançando e fazendo muito humor a freira desprende-se dos clichês e faz um espetáculo autêntico.

Ainda dá tempo de assistir e rir com A Noviça Mais Rebelde, no Teatro Raul Cortez, na Fecomércio, Bela Vista – São Paulo.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Cats", um musical cheio de garras revira os latões e becos no palco do Teatro Abril


Prendam seus cachorros, pois diretamente da Broadway, um dos mais famosos espetáculos solta seus gatos em São Paulo, onde o Teatro Abril apresenta o musical Cats. O bairro da Bela Vista, famoso por seus tantos teatros, traz mais uma vez uma superprodução, e nada que fique devendo para espetáculos como O Fantasma da Ópera e A Bela e a Fera, pois desde março muita gente tem ido ver os famosos gatinhos do Cats.

Do poeta americano T.S. Eliot, Cats foi baseado em 14 poemas do livro Old Possum’s Book of Practical Cats, que teve sua primeira publicação em 1939 e foi inspirado no comportamento dos gatos do próprio autor. As letras de Tim Rice e os arranjos do inglês Andrew Lloyd Webber foram mantidos no espetáculo, porém os 38 atores encenam e cantam músicas em português, inclusive canções de Toquinho. Os personagens são muito bem caracterizados, o figurino é também um dos pontos que impressiona o público e torna-se bem mais visível quando os felinos usam os espaços entre a platéia para caminhar, aí sim tudo fica realmente parecendo uma invasão de gatos. Desde a maquiagem à voz dos atores tudo é de nos deixar estonteado, o primeiro ato talvez leve algumas crianças e outros aos bocejos, por ainda introduzir as aventuras que virão no show, mas logo o entusiasmo toma conta dos felinos quando a história ganha seu climax e surpresas.

Todo espetáculo gira entorno da tribo Jellicle Cats, que naquela noite reúne-se para escolher os seus melhores, num cenário cheio de efeitos mecânicos e de iluminação, sem economizar nada na produção todo o amontoado de lixos do beco foi confeccionado com muito luxo. O líder da tribo, um gato velho e muito saudoso de sua profissão de ator, que é relembrada no palco salientando grandes nomes e retratando o passado dele, Old Deuteronomy, é quem escolhe qual deles irá para um lugar especial chamado Heavyside Layer, onde poderá renascer para uma nova vida. Porém apenas um dos gatos não pode compartilhar, uma gata triste e cabisbaixa, interpretada por Paula Lima, Grizabella abandonou o grupo anos antes para explorar o mundo afora, porém tudo terminará com grandes e emocionantes surpresas.

Com humor, sutileza e encanto Cats já foi apresentado em 20 países e 250 cidades e ainda estará em cartaz até o mês que vem aqui em São Paulo. O preço não é dos mais doces, porém não fica abaixo da tabela que o Teatro Abril costuma apresentar, e não deixa de valer a pena investir em ser publico deste tão bem sucedido musical.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Marisa Orth é Simone de Beauvoir em “O inferno sou eu”, ousada, corajosa e intensa


“Entre a fidelidade e a liberdade haverá uma conciliação possível? A que preço?"
Simone de Beauvoir em A Força da Idade


São Paulo recebe, após trinta anos de morte, a filósofa e escritora Simone de Beauvoir nos palcos, porém intensamente interpretada pela atriz Marisa Orth. O drama de Juliana Rosenthal K. é uma bela obra de ficção, mas baseada na vida de uma francesa que viveu um amor junto ao filósofo Jean-Paul Sartre, que numa viagem ao Brasil deparam-se com uma realidade totalmente diferente, de regionalismos, de comportamento e sobrevivência. Na década de 60, Simone de Beauvoir esteve com Sartre viajando pelo Brasil, no Amazonas contraíram tifo, que no Recife foram tratar hospedando-se na casa da amiga Marta, que contratou uma jovem de vinte anos para cuidar de Simone.

Na cenografia, de Isay Weinfeld, apenas um quarto, simples como eram os quartos em Recife, uma cama que sobre a cabeceira leva, presa na parede, uma cruz com Jesus Cristo, um penteadeira, uma mesinha, um guarda-roupas e um espelho, que num momento de fúria é estilhaçado quando Simone lhe atira um objeto contra, assustando a todo o público com o estardalhaço. Dorinha, que cuida de Simone, enquanto Sartre aproveita passeios e namoricos com Marta, não era bem uma empregada, pois é uma menina estudada, fala francês e estuda letras, de uma família religiosa, que repudiava filósofos como Sartre e Simone, seu sonho era conhecê-la e para isso insistiu para trabalhar na casa de Marta enquanto eles ficassem hospedados por lá. O que será que duas mulheres tão diferentes podem ter de tão comum, e no comum o que há de tão diferente entre elas? O texto explora exatamente isso, a mulher dos séculos passados, porém num texto completamente atual.

O diretor José Rubens Siqueira soube conduzir muito bem os diálogos entre as personagens das atrizes Marisa Orth e Paula Weinfeld, soube tecer frases de mulheres comuns e de uma filósofa, levou com o roteiro uma realidade falando de amor em realidades diferentes com mulheres tão diferentes. Dorinha ama um pedreiro de nome Nivaldo, e grávida diz que jamais largaria o homem para acompanhar Simone à Paris, em busca de crescimento profissional, que mesmo morando em Brasília, ainda o amava. Dorinha preserva o amor como uma moça que viveria pacatamente em seu casebre, crítica e decidida, isso sim são similaridades à personalidade de Simone. “Vocês falam muito com a cabeça, e pouco com o coração”, assim a jovem estudante de cabelo chanel e óculos redondos define os filósofos. Claro, isso antes de ler uma carta de Simone ao seu amado Nelson, um americano que vive em Chicago. A carta declama um amor por Nelson, como qualquer mulher muito apaixonada poderia dizer e debruçada num sentimento revelava numa das frases desta carta: “...eu quero ser sua mulherzinha e viver na nossa casinha...” .Ela já não sentia mais amor por Sartre, ele tampouco por ela, viviam realmente em casas separadas em Paris, Simone de Beauvoir era uma intrigante filósofa em seus livros e intensa mulher em seu romance, “não devemos amar só com o coração, mas sim com todo o corpo”, assim era Simone, de amor e de sexo.

Simone critica muito como uma menina tão inteligente como Dorinha poder parecer tão submissa ao amor, porém ela apenas disfarça sua submissão, atrás de seus pensamentos e críticas mora uma mulher frágil, que chora as saudades de um homem e o desejo de tê-lo. É este o confronto entre duas mulheres, tão iguais e tão diferentes.

Com graça e emoção, Marisa Orth abusa sensacionalmente de suas feições, de sua presença de palco, e a divide com irreverencia e veracidade os diálogos com Paula Weinfeld, selecionada num teste com outras atrizes.

Dorinha, religiosa, insiste que Deus está em todo lugar, e tentando refrescar-se em frente ao ventilador, daquele calor escaldante nordestino, Simone ironicamente extravasa: “Aqui no Recife ainda não o vi”. Enquanto no palco o calor é pernambucano, a platéia pode ocupar-se escapando do frio paulistano no Teatro Jaraguá, até o dia 16 de Maio, onde os ingressos variam entre R$ 50 e R$ 60 reais, de sexta à domingo, na Rua Martins Fontes, 71 – Bela Vista.

sábado, 10 de abril de 2010

Com “Amor, festa e devoção” Maria Bethânia encanta o publico paulistano


Na última sexta-feira Maria Bethânia desembasrcou em São Paulo para mais uma vez emocionar o público com seu show “Amor, Festa e Devoção”, de seu próprio roteiro, junto a Fauzi Arap. Com músicas inéditas a intéprete mais aclamada da MPB inaugurou sua turnê ainda no ano passado, e agora no Citibank Hall ela traz romance, alegria e fé, sempre de branco e valseando sobre o palco banhado a rosas e com os pés descalços.

O show foi inteiramente dedicado a sua mãe dona Canô, a quem Bethânia dedica especialmente uma música e demonstra ainda mais emoção em sua interpretação. Assistir Maria Bethânia sobre uma arena, como diz Bibi Ferreira quando refere-se ao palco, é ouvir, ver e ler, é um teatro, um musical, um poema vivo. Bia Lessa comanda a direção do show, com uma banda singela e expressiva sob a regência de Jaime Alem. As músicas ganham intervalos poéticos e costuras que viajam o tempo, por instantes parecemos adentrar numa galeria de arte, outrora numa singela casinha do interior onde cantam-se músicas brejeiras e bem sertanejas. “ Tua” e “Encateria” ainda são recentes composições muito aplaudidas pela platéia e que serenam em meio a composições imortais de Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Caetano Veloso, que nunca faltam nas interpretações de Bethânia.

Um vasto repertório não deixa o show calar-se em momento algum, de tempo em tempo a banda vai esmaecendo o som ressaltando apenas a voz de Maria Bethânia. Eclética e intensa ela traz músicas que extasiam a todos que ouvem, não basta uma boa letra para encantar alguém, mas dê essa letra à voz de Bethânia que ela faz o intocável show. “ Feita na Bahia” e “Santa Bárbara”, ambas de Roque Ferreira nos fazem ficar ainda mais próximos de sua terra natal, “Ê Senhora”, de sua tão queridinha e elogiada Vanessa da Mata, “Drama” e “Não Identificado” de Caetano Veloso, e outras músicas de compositores respeitosos dão romance, agito e fé ao show, como também “Estrela”, de Vander Lee e “Explode Coração” de Gonzaguinha.

O tempo que se passa no show é o privilégio de encantar a alma com a baiana soberana da música popular brasileira, é um momento de apreciar os acordes serenos, de sertão, de terreiro e de carinho, é um instante de saudade e prospecção daquilo que sentimos sempre e chama-se amor. Muita coisa torna-se indescritível, pois cada um sente Bethânia de uma forma particular.

Ainda há tempo para encantar-se e saborear dos batuques, das cordas brejeiras e dos tons sobre tons flauteados pela voz de Maria Bethânia, até este domingo e no próximo final de semana São Paulo ainda deitará a lua sobre o Citibank Hall, enquanto ela ecoa sua voz por aqui, quando depois partirá para Maceió e em seguida para a Europa, seguindo sua turnê encantando e amando sua música.

segunda-feira, 8 de março de 2010

And the Oscar goes to...

A celebração mais glamorosa do cinema virou uma disputa entre ex-marido e mulher


Neste domingo, no Teatro Kodak, em Los Angeles, como todos os anos, desde 1929, foram entregues as estatuetas mais cobiçadas do mundo cinematográfico, o Oscar, que teve uma disputa acirrada entre os filmes “Avatar” e “Guerra ao Terror”, respectivamente dos diretores James Camaron e sua ex-esposa Kathryn Bigelow. Como todo ano, o tapete vermelho estendido na entrada do teatro foi passarela para inúmeros modelos de roupas e penteados, a atriz Sandra Bullock, que recebeu a estatueta de melhor atriz, no filme “The Blind Side” foi uma das mais esperadas pela imprensa, assim como o ator George Clooney, que também disputou o Oscar de melhor ator, do filme “Amor Sem Escalas”.

Em 1993, a estatueta ganha pela atriz inglesa Vivien Leigh, como melhor atriz do filme “E o Vento Levou”, de 1940, foi vendida num leilão por 562 mil dólares, porém não é isso que ilustra a importância e relevância de um prêmio como este e sim o prestigio por um longo trabalho que é a produção de um filme. Sempre que vamos ao cinema não imaginamos quanto tempo aquele filme levou pra ser feito, nem quantas inúmeras pessoas levaram aquele filme à tela, mas são essas coisas que levaram a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos a honrar o trabalho dessas tantas pessoas. Tudo começa num papel, onde letras sobrepõem outras letras e vão revelando cenários e posicionando atores, músicas resumem trechos da história toda, a fotografia da a qualidade pra toda a cena e os diretores regem todo o processo, eis que vão parar nas telas do cinema as grandiosas produções. Nem todos realmente dão total atenção aos filmes, ora beijam quem está ao lado, ou comentam o filme, ou comem a pipoca, fazem barulho ao abrir o pacote de salgadinho, mas muitos destes filmes são parte do que vivemos, parte da ciência, dos romances, resumos de trechos da vida.



O fato é, imagine você sentado numa das poltronas daquele grandioso teatro como espectador do seu próprio filme, aguardando que seu nome seja anunciado após a famosa frase que dá aquele frio na barriga: “And the Oscar goes to...”. E o cinema merece este prestigio, é justo que seja tão bem comemorado aqueles filmes que nos olhos do público tornam-se lágrimas, ou sorrisos das comédias, sustos no terror e expectativa nos suspenses. Filmes são contatos que temos com o mundo imaginário, com os sonhos, porém também com aquilo que acontece por perto, longe, mas na vida real, são retratos fiéis ou exacerbados do amor, do ódio, da saudade, do épico, da tristeza, da alegria, da graça, da morte e da vida. Filmes são passagens que vemos das janelas do trem que estamos sentados passeando pelos trilhos mundanos, sejam esses filmes memórias de gueixas, embalos daquele sábado à noite, lembranças da Central do Brasil, passos de dança do Grease, o velejar do Titanic, a era do gelo, os exterminadores do futuro, não importa se acontecem numa velha cidade de West Side Story, ou em Chicago, filmes são películas de emoções.

Na 82ª edição do Oscar a grande disputa ficou entre os filmes “Avatar”, do diretor James Camaron e “Guerra ao Terror”, da diretora Kathryn Bigelow, que também concorreram ao prêmio de melhor diretor, os dois foram casados por um bom tempo e voltaram a se encontrar na premiação e mostraram-se esportivos e confiantes. Mais uma vez o Oscar provou sua autenticidade e elegância com direito a uma superprodução como as dos filmes de cinema.

Vencedores do Oscar 2010

Melhor Filme – Kathryn Bigelow, Mark Boal, Nicolas Chartier, Greg Shapiro, Guerra ao Terror
Melhor Diretor – Guerra ao Terror, Kathryn Bigelow
Melhor Ator – Coração Louco, Jeff Bridges
Melhor Atriz – Um Sonho Impossível, Sandra Bullock
Melhor Ator Coadjuvante – Bastardos Inglórios, Christoph Waltz
Melhor Atriz Coadjuvante – Preciosa, Mo’Nique
Melhor Animação – Pete Docter, Up Altas Aventuras
Melhor Roteiro Original – escrito por Mark Boal, Guerra ao Terror
Melhor Roteiro Adaptado – roteiro de Geoffrey Fletcher, Preciosa
Melhor Filme Estrangeiro – O Segredo dos Seus Olhos, (Argentina)
Melhor Direção de Arte – Rick Carter, Robert Stromberg, Kim Sinclair, de Avatar
Melhor Fotografia – Mauro Fiore, de Avatar
Melhor Mixagem de Som – Paul N.J. Ottoson, Ray Beckett, Guerra ao TerrorMelhor Edição de Som - Paul N.J. Ottoson, Guerra ao Terror
Melhor Figurino – Sandy Powell, The young Victoria
Melhor Edição – Bob Murawski, Chris Innis, Guerra ao Terror
Melhor Maquiagem – Barney Burman, Mindy Hall, Joel Harlow, Star Trek
Melhor Trilha Sonora – Michael Giacchino, Up Altas Aventuras
Melhor Canção Original – The Weary Kind, Coração Louco
Melhor Documentário de Longa Metragem – Louie Psihoyos, Fisher Stevens, The Cove
Melhor Documentário de Curta Metragem – Roger Ross Williams, Elinior Burkett, Music by Prudence
Animação de Curta Metragem – Nicolas Schmerkin, Logorama
Melhor Curta Metragem – Joachim Back,Tivi Magnusson, The New Tenants

domingo, 7 de março de 2010

“...Por isso não provoque, é cor de rosa choque...”

Rita Lee faz show em São Paulo na véspera do dia Internacional da Mulher e comemora seus 40 anos de carreira com músicas inesquecíveis


Na última sexta-feira e no sábado a roqueira Rita Lee apresentou-se no Credicard Hall, na zona sul de São Paulo e estendeu o tapete para o dia Internacional da Mulher com toda sua irreverência. A casa estava lotada nos dois dias de show, fãs de diversas idades ouviram e viram as típicas interpretações de Rita de grandes sucessos que marcaram sua carreira de mais de 40 anos. Além da família no palco, ela cantando, o filho Beto Lee e o marido Roberto de Carvalho, o cover oficial de Michael Jackson no Brasil participou do show e levantou o público que parecia realmente ver o eterno cantor pop.

Rita Lee resolveu experimentar um novo roteiro de show e sentindo-se em casa, como refere-se ela ao falar de São Paulo, sua cidade natal, permitiu erros e reparos em toda a apresentação e sempre recebendo o afeto do público que lhe aplaudia ao fim de cada música. Sucessos como “Erva Venenosa”, “Luz del Fuego” e “Doce Vampiro” não ficaram fora do show, além de “Ovelha Negra” que fez todo mundo cantar junto com Rita. O humor da cantora é sempre bem vindo para aqueles que a acompanham, falando de política e tantos diversos assuntos que descontraidamente são citados por ela.



No início de sua turnê pelo Brasil, Rita Lee cantava músicas do novo álbum “Multishow Ao Vivo - Rita Lee”, produzido pela emissora Global, porém uma mudança de planos foi feita durante suas apresentações e outras músicas foram colocadas no lugar de outros grandes sucessos que fizeram falta no show. Porém nada faria com que falhassem os planos de Rita, pois não há quem coloque defeitos num espetáculo desta grande roqueira que ainda presenteou o público com músicas da Tropicália, usando uma peruca retratando as cabeleiras típicas daquela época, como a de Caetano Veloso, “Baby”, “Panis et Cirsenses”, “Bat Macumba” e “Alegria, Alegria” deram o tom de nostalgia ao show.

Toda irreverência de Rita, seu grande compromisso com a música e seu afeto com o público, como foi bem demonstrado no show, quando ela pediu para que os seguranças não censurassem nenhuma manifestação dos fãs, no instante em que muitos correram para frente do palco, fazem dela um dos valiosos exemplos da grandiosidade feminina no mundo todo e certamente este foi um show cabal para receber o dia Internacional da Mulher.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ei! Você aí, me da um dinheiro aí, me da um dinheiro aí...


Cassado, Kassab recorre da decisão da JE e ganha mais tempo para se explicar

Nesta segunda-feira a Justiça Eleitoral acolheu o pedido da defesa do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) e de sua vice Alda Marco Antonio (PSDB), cassados por suposto recebimento de verba ilegal na campanha de reeleição a prefeitura em 2008. Antes mesmo que fosse publicada a cassação de Kassab e Alda no Diário Oficial do município, seus advogados já cuidaram de suspender a ação da Justiça, o que levará o processo durante mais algum tempo até que se prove a verdade, ou não. Além do prefeito e da vice outras pessoas também pisam nesse chão de brasas, os vereadores Antonio Donato (PT), Arselino Tato (PT), Gilberto Natalini (PSDB), Ítalo Cardoso (PT), José Américo (PT), José Police Neto (PSDB), Juliana Cardoso (PT) e Marco Aurélio Cunha (DEM), fica até cansativo ler uma lista dessas, ainda mais quando se diz de pessoas que receberam votos do povo. Os números são altos, na suposta doação registrou-se $6,8 mi e no próprio site de prestação de contas da prefeitura, o De Olho nas Contas, fala-se de $ 243 mi pagos a cinco doadores por serviços prestados a prefeitura, e é ai que está o motivo do processo.

A lei não proíbe que candidatos recebam doações para custear suas campanhas, desde que aprovadas pela JE, portanto legais. Porém o que consta no processo de cassação de Kassab é que o prefeito, enquanto candidato em 2008, recebeu o valor de empreiteiras prestadoras de serviços para o município, o que é considerado ilícito pela Justiça. Antes mesmo das eleições de 2008, a prefeitura já tinha contratos firmados com grande parte das empreiteiras e segundo o prefeito a atitude da JE acolher o processo de acusação é de improcedência da ação com base na jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, visto que as contas já tinham sido aprovadas junto a seu plano de governo. O que também confirma uma deficiência no sistema de avaliação de contas, onde primeiro permite-se que o candidato se eleja para depois investigar melhor aquilo que restou duvidas. O fato é que estamos prestes a mais um escândalo na política deste país, mais um que envolve o DEM, e ficamos diante de valores incalculáveis e pouco vistos nas ações de políticas sociais como educação, saúde e moradia. O Superávit soma em 29% o valor arrecadado em contratos das empreiteiras envolvidas, assim é que chegamos aos $ 243 milhões de reais pagos pela prefeitura a estas empresas, sendo elas cinco construtoras, a Camargo Corrêa, OAS, Carioca Christiani Nielsen, Engeform e S.A Paulista. Em 2008 foram arrecadados pela coligação de Kassab e Alda $ 29,8 milhões de reais e agora incorporado aos cofres das empreiteiras os $ 243 mi, o que nos remete a pensar numa relação custo beneficio, ou um cabide de empresas apoiadas por um patrocínio. Como já disse Kassab e é claro que sabemos disso, muitos outros políticos usam deste meio para custearem suas candidaturas, mas não é motivo para jogar terra sobre o processo, acho que é motivo mesmo para debulhar outras candidaturas por aí a fora.

Além das cinco construtoras envolvidas a Serveng Cilvisan e a CR, que não receberam da prefeitura no início, AIB (Associação Imobiliária Brasileira) e o Banco Itaú também injetaram suas quantias na candidatura de Kassab, totalizando um valor de $ 10 milhões de reais patrocinados pelas empreiteiras. Por serem acionistas de concessionárias públicas é que a doação torna-se ilícita. O juiz Aloísio Sérgio Resende Silveira, da 1ª Zona Eleitoral, quando apurou que Kassab e Alda ultrapassaram os 20% do total recebido na eleição concluiu que a arrecadação irregular ilustra “abuso de poder econômico” que “altera a vontade do eleitor”.

O prefeito Gilberto Kassab diz não temer perder seu cargo, pois acredita na veracidade da justiça e que o processo não afetará a imagem do governador paulista José Serra. Nesta segunda-feira seus advogados recorreram da decisão judicial, o que mantém os direitos políticos de Alda e Kassab na prefeitura de São Paulo. Vamos torcer para que as contas sejam realmente feitas na ponta do lápis, assim como toda dona de casa faz quando vai ao supermercado e que a sansão penalize a quem precisa. Quanto a AIB, que servia de fachada a Secovi (sindicato do setor imobiliário) deve-se colocar em seu devido lugar, pois ainda não li em nenhuma página da legislação que sindicatos são liberados a participarem de piqueniques eleitorais, pois é isso que tenho presenciado, onde os candidatos estenderam a toalha sobre a grama e cada um levou aquilo que o alimentaria melhor e lhe feria crescer e ficar fortinho. Mas nem todo piquenique fica debaixo da sombra de uma linda árvore por todo o tempo, lá vem chuva alagar a festinha deles. Veremos até quando Kassab cassado será verdade ou ainda apenas um cacoete.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quidam, Quidam aux rives du rêve / Quidam, Quidam para as orlas do sonho


E o sonho finalmente desembarcou em São Paulo, o Cirque du Soleil, o maior circo do mundo, montou sua tenda nesta semana e abriu seu espetáculo à partir do dia 19 de fevereiro para o público se emocionar e rir. Com o nome de Quidam, que representa uma infinidade de situações e emoções, o espetáculo traz a história de uma menina de 12 anos que percebe o fim do significado em tudo na vida, furiosa vê que sua raiva vai destruindo o seu pequeno mundo. Passeando por diversas situações ela junta-se a companhia de um palhaço e um companheiro mais misterioso que a leva para conhecer o mundo do maravilhoso, do inquietante e do assustador.

Lançado em 1996 no Canadá, Quidam já passeou por vários países, no palco traz 50 artistas do mundo inteiro que colorem o picadeiro com mais de 250 figurinos em uma hora e meia de apresentação. Os 10 atos dividem-se em impressionantes surpresas. Tudo acontece no círculo do palco, onde palhaços, acrobatas, músicos, bailarinos, atores e ginastas misturam teatro com arte circense. Enquanto nos emocionamos com o que acontece no lado direito do palco, sobre nossas cabeças surgem trapezistas que vão e vem saboreando os olhos dos espectadores, que também riem com os palhaços, que interagem sempre com o público, até mesmo levando algumas pessoas para o palco, e se emocionam com a história apenas em gestos da menina aborrecida com o mundo.

Quidam transmite tranquilidade, quando soam vozes líricas que invadem todo o picadeiro, os atos são acompanhados de música instrumental e da cantoria de Zoé, a pequena jovem que busca diversão e entusiasmo. Quidam desafia o equilíbrio e os limites do corpo, com o Statue, ato em que dois atores se equilibram sobre suas próprias estruturas sem perderem o contato um com o outro. Quidam ainda vai às alturas, onde leva o espetáculo, em grande parte, suspendendo artistas por cordas, panos e arcos. Nas cordas, voando sobre o palco, dois brasileiríssimos artistas, a gaúcha Denise Wal e o baiano Jailton Carneiro, revezam a beleza de seus movimentos com a concentração e leveza no Spanish Webs. Eles são apenas dois de tantos brasileiros que compõe o corpo de acrobatas e bailarinos de diversos espetáculos. “Eles descobriram nossa forma de fazer. A gente traz alegria. É o nosso jeito de fazer”, disse Denise referindo-se a visão que o Cirque du Soleil tem aos brasileiros.

Quando, em 1982, em Quebec, um grupo de artistas resolveu organizar um festival de rua que logo agruparia algumas pessoas que criariam um grupo chamado Cirque du Soleil, Guy Laliberté, diretor, certamente jamais imaginaria que mais de 80 milhões de espectadores assistiriam mais de 15 diferentes espetáculos no mundo inteiro. Aqui no Brasil já tivemos a oportunidade de receber Saltimbanco, Alegría e o mais itinerante de todos, que já ocupou sua tenda em 8 cidades do Brasil, agora em São Paulo e futuramente em Porto Alegre, o Quidam. Em entrevista o brasileiro Jailton, artista do Cirque ressalta seu contentamento de voltar à cidade de origem, Salvador, que recebeu pela primeira vez um espetáculo do itinerante mundano, para se apresentar: “Foi uma realização voltar para Salvador com o Cirque. Estavam todos lá, meus pais, familiares e meus amigos do Circo Picolino.” E ainda conta de como os produtores do Cirque du Soleil veem os brasileiros: “Eles gostam muito de trabalhar com os brasileiros. Eu fiquei impressionado com o nível de aprendizado do brasileiro para o do canadense, quando fui convidado para participar do grupo. Nós estamos muito bem preparados aqui”.

O Cirque du Soleil ainda apóia 25 projetos sociais com a Rede Circo do Mundo, aqui no Brasil. Em exibição do espetáculo Quidam para a imprensa e crianças do Instituto Bradesco, nesta quinta-feira, foi inaugurado um painel elaborado por 12 jovens e um artista plástico do programa Lona das Artes, de Campinas, um dos projetos apoiados pela Rede Circo do Mundo. Após a passagem do Cirque por São Paulo a obra será vendida e o valor arrecadado revertido para a instituição apoiada, como já foi feito com outros projetos nas outras cidades que receberam o espetáculo.

O Quidam chegou ao Brasil em março de 2009 em Fortaleza, e encerrará suas apresentações em maio deste ano em Porto Alegre. Por enquanto ficará em São Paulo, no Parque Villa Lobos, até abril, quando os ingressos poderão ser comprados pela Ticketmaster com valores que variam entre $190,00 a 680,00 reais.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"Olho para o céu, tantas estrelas dizendo da imensidão / A força desse amor nos invadiu"...

Amor de Janeiro ao Rio de amor

Amar!

E amar de um canto Porém tão perto Vem o Rio, logo em Janeiro
Com verão e samba Ao som de Chico e ao som Bethania

Lá no alto o Cristo e os braços que acolhem
Cá embaixo os teus que me recolhem

Não vejo a hora de chegar ao suplico âmago
Beijos e do teu carinho dar-te um trago

Que seja então infinito Sem nenhum verso errado e nem furos de granito
Vale tudo neste ensaio como vale rima num soneto
Penso-te como o amor de toda a vida e um controlado ímpeto
Espero teus beijos ali na cama Num mesmo berço onde todo mundo ama
Com o coração tão quente quanto o sangue que o aquece a alma

Serão teus olhos que tecerão toda paz que me excitará um instante de calma
É este um amor de neve e de sertão
Como te amo ao despertar dos lírios lá no alto do matão
E lá mesmo iremos contemplar a lua que desperta ao mata-borrão
Um céu e nós como corvos amantes presos a vela que desmancha nossa silhueta ao
lampião

Queridos amantes aqui fica uma suplica de um homem que ama
E ao ouvinte que o amo um dó-ré-mi lhe farei na cama
Dois versos de amor num cálice de vinho que em nossas bocas o sexo derrama
Que daqui nos amemos e outros deste sabor possam provar como parte de seu drama
Um adeus que logo retornará Dois passos e já saudoso meu coração estará

Chegara ao Rio o infinito e ínfimo
O amor que fora fica aqui por perto

Seja na metrópole
Seja Guanabara
Bilhetes de amor serão selos de correspondências que jamais o tempo roerá

Resposta ao tempo (poema resposta ao “Amor de Janeiro ao infinito amor”)

Tive medo de um dia não escrever-te mais
De achar que não te amo mais
Chorei com medo de o amor fenecer
Tive dó de mim mesmo pra que ninguém mais tivesse

Eu não tenho coragem de pensar-me nos braços de ninguém
Vê-se que nem ânimo há de rimar uma só palavra
Tento ainda andar de mansinho pra não lhe acordar
Mas durmo só, como amo só

Calar-me vêm lembranças e ruminar-me os olhos
Sangra a alma triste
Sumo em um deserto de saudades, que esta sim é infinita
Canto sozinho aquela nossa música

Sem teu ouvido pra sussurrar
Sem teus lábios pra dançar meus dedos
Fico aqui sem ir nem vir
Sem ter-lhe o corpo a pesar no meu nem, as pálpebras tuas fechando-me a noite