quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli gravam a poesia de Fernando Pessoa

Ao piano a poesia de notas vai captando a imagem monocromática que paira a tinta antiquíssima do vídeo, Maria Bethânia sentada ao piano prolonga o suspiro da voz nas pausas dos dedos sobre as teclas. Cleonice Berardinelli ouve com os olhos astutos acima do piano! O levantar da intérprete dá-se à métrica da sonoridade poética de Fernando Pessoa, os homens que nele habitaram, chamados de heterônimos, e aos quais as nobres senhoras dedicam "O vento lá fora". O filme de Marcio Debellian enquadra em linha reta os bastidores de uma aula, que mais parece uma leitura e de uma leitura que mais parece uma aula, confrontando a voz e a poesia de um tempo passado, encontrado em retalhos de papel e despejado em vozes singulares.
O livro-DVD reúne páginas de poesia, imagens em preto e branco e um CD apenas com o áudio da leitura. Uma trinca para aprisionar qualquer apaixonado por letras! Na capa o dedo enriste da professora Cleonice apontado à Maria Bethânia, como o habitual dos mestres ao ensinar. Colorido em escalas acinzentadas de preto e branco, o vídeo exibe uma fotografia impressionante e impecável, trazendo à frente as atrizes que destrincham a literatura visceral de Pessoa.
Há um mundo dentro de cada poesia... há um espetáculo teatral que triunfa generosamente nas gravidades vocais dessas senhoras. Cleonice não poupa o movimento, nem os rompantes. Faz o delírio de cada verso e atenua as métricas repreendendo Bethânia quando modernizava qualquer letra. Bethânia volta e relê! A professora empina o dedo.
O produto que sua Pessoa em um aroma indecifrável foi lançado pela Biscoito Fino, sob o selo da Quitanda e coprodução do Sesc São Paulo. O arsenal alfabético do poeta português vai ganhando linha em uma tábua reta em que as intérpretes debruçam. Em um estúdio as paredes engorduram letra por letra e o projeto torna-se biblicamente um Alcorão. Mata-se uma célula e mil se multiplicam a cada êxtase de pronúncia das escritas do célebre poeta, o meu preferido!
É lindo ver Cleonice interpretando como uma gigante do cinema... seu natural interpretar é uma poesia! Debellian acaricia o filme com as doces, temperadas e rígidas mãos de um maestro. Deixa ao parque a lisura gráfica e o olhar de grafite das intérpretes esbaldarem-se de um mel chamado palavra.
No ano em que a baiana completa 50 anos de carreira, sua imersão à obra de Fernando Pessoa sugere um resgate da poesia nas canções. Algo que não vemos em composições contemporâneas. Maria Bethânia abre os palcos como uma mãe de santo que invoca seus pretos velhos num terreiro e indica uma sucessão de comemorações à altura. Como o "Carcará", que deu-lhe os primeiros verbos na canção e no cenário teatral brasileiro, seus passos galgaram para uma das maiores do País. Desde 1965, quando o Golpe Militar estourava às esquinas culturais, a baiana esvoaça entre os cabelos verbetes musicais invioláveis.
O jubileu da cantora terá início no Vivo Rio, na capital fluminense, com cinco dias de espetáculo, entre os dias 10 e 18 de Janeiro. O show também já está confirmado no HSBC Brasil, em São Paulo, com quatro apresentações entre os dias 14 e 22 de março. Seu último álbum, "Meus Quintais", vai estourar o chão de tanta pisada brejeira e típica de uma mulher "recôncava" nesses espetáculos comemorativos. Neste ano o Prêmio da Música Brasileira, em sua 26ª edição, homenageará Maria Bethânia.
Nas livrarias é possível encontrar à venda o filme "O vento lá fora"!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Elba Ramalho santifica poesia do sertão nos palcos

Elba Ramalho. Foto: Nyldo RamalhoFeito uma enxurrada de vento no meio do sertão, como quem lasca à foice o mato seco e os galhos retorcidos apoiados na terra rachada que resvala o sol vermelho, Elba Ramalho risca nos palcos da cidade a dor, o choro, a paixão e a festa. Como quem traz nas costas um grupo de cangaceiros afiados, com sede de acorrentar o tempo, solavancos na madeira do palco açoitados pelo couro das sandálias igualavam-se ao som de um xaxado. Sanfona, marimba, viola nordestina, percussão, violino, flautas e o celo bateram asas na firmeza e delicadeza vocal de Elba. O nordeste fez folia em peso no Theatro NET SP, palco em que a cantora comemora seus 35 anos de carreira, no projeto "Cordas, Gonzaga e Afins".
Como quem suspirava a quentura desértica de onde respiram os cactos, Elba solfejava feito um anjo do sertão as orações poéticas de Luiz Gonzaga. Feito a célula mater de suas composições, ela regava a terra seca de onde a música vinha capengando e sem flores. Numa representatividade cênica delirante Elba vai de Ave Maria à castigada romântica. Derrama lágrimas com a voz e berros com os olhos! Fez do palco o quintal de um menino explorador e violentado pelo cárcere do silêncio que permeia as cabeças mortas pelos estábulos abertos dos recôncavos. 

Nenhum elogio faria jus ao sublime comparativo celeste ocasionado pelo choque sinestésico que Elba nos causa com sua inquietante presença. Feito beijo no asfalto de verão, canção por canção assava os corações de cada um de nós. Desfiando o linho de suas roupas, a cor de cada interpretação ia deitando-se pelos pedaços de letras deixados pelas cabeças esguias de gigantes compositores, deu-lhe a luz que ainda não havia penetrado na canção de Gilberto Gil, "Domingo no Parque", entoada em uma versão esplendorosa. Peitando a juventude, Elba fez-se criança ao rolar por baixo das bandeirolas de São João e desafiou o tempo, que na seca nunca deixa de rogar pelo santo das festas. Ora, é ele quem tem de garantir o milho de Junho!

O grupo Sagrama orquestrava todo júbilo da poesia nordestina, ia fazendo um cenário braçal e de sopros em que Elba deitava o violento timbre. Sagrama recitou nos instrumentos um jantar de letras e notas servido, em outras épocas, apenas aos deuses.

Elba Ramalho. Foto: Nyldo Moreira
Do incansável esforço de tornar gigante o que já é impávido, o quarteto de cordas Encore destinou às linhas de violinos a costura de um ritmo versátil. A forrozeira, a seresta e o mocambo cheio de som que vem desse tão falado sertão de "Mestre Lua" e Dominguinhos, ganhou uma versão enfeitada de bom gosto. Saber fazer música é gozar e quase morrer de tão bom! O baterista Tostão Queiroga e os sanfoneiros Beto Hortis e Marcelo Caldi completam as veredas desse sertão molhado.

Interpretando as poesias de Newton Moreno, Elba ia santificando a palavra e construindo à saliva um altar sob a projeção madura de sua voz. Palavras derramadas com a dramaticidade de um gigante astro. Elba Ramalho fazia da baunilha uma enorme orquídea, e da urtiga um mato que se come. A vontade era de tocar nessas palavras e senti-las como violentos espinhos de flor, ou como abóboras adocicadas.

Canções que já não ouviam mais no tempo, que caíram nos açudes e foram bebidas cheias de barro para dar a encorpada merecida. Elba Ramalho sabe como ninguém talhar feito queijo minas uma delicada especiaria que no nordeste chamam de música!

Elba Ramalho, Sagrama e convidados... interpretando "Cordas, Gonzaga e Afins" ainda traz toda uma linguagem visual, de figurinos, projeções e movimentos, que só os grandes sabem destrinchar. Transformar o simples em suntuoso, sem tirar sua característica brejeira é quase que achar mel esquecido em flor de cacto. Elba sabe como faz isso! Um cortejo, feito nos Dias de Reis, com as orquestras enluaradas, desmancharam-se no foyer com as mulatas, as branquelas e toda a gente pulando igual em festa de frevo.

O show será registrado em DVD, em um projeto da Natura Musical. A próxima apresentação acontecerá no Theatro NET SP hoje (26), às 21h. Ainda tem lugar!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mônica Salmaso canta o universo de Vinícius de Moraes

Foto: Nyldo Moreira
Um palco todo preparado para um pequeno concerto, de sopros, piano e uma voz que rebate a seda e exalta como flores desabrochando exibindo o som da abertura de suas pétalas ao tocar da sensibilidade do vento. Mônica Salmaso despejou, na última terça-feira (28), no palco do Theatro NET SP, as salivas de Vinícius de Moraes em notas. O show, ao lado de Teco Cardoso (sopros) e Nelson Ayres (piano) distribuiu a bossa em uma melancolia lírica.
Mônica rasgou o palco escancarando o endereço de Vinícius de Moraes, sim... Vinícius sempre morou na música. Seus olhos penetram nas pautas e mantém o homem em gole a gole de uísque ainda vivo. Costurando parcerias com Tom Jobim, Carlos Lyra, Chico Buarque, Ary Barroso e Francis Hime, Mônica foi embebedando o público com o sulco licoroso de sua voz serena e que parece encontrar finos espaços para deixar a boca. A cantora interpreta com o timbre canções que já empoeiravam e outras que domaram as rádios brasileiras.
Ela ousou duplicar a interpretação, que antes era de Ângela Maria, e genuinamente entregou-se ao "Rancho das Namoradas", parceria de Vinícius com Ary. "Olha, Maria", da parceria com Chico, escorreu pelos dedos como um pranto que não se pode segurar. Aquelas que a gente fica cantarolando por ai também encontraram na voz de Salmaso um jeito diferente de esboçar a bossa. "Derradeira Primavera" e "Coisa Mais Linda" foram doses homeopáticas que perduraram lindamente no silêncio do teatro.
Foi uma bossa autoral, descaracterizada, sobretudo no piano, para que encontrasse na voz da cantora um aconchego clássico e perdurasse suas características no que saia dos sopros. Fazia falta alguma nota das partituras reais esculpidas pelo piano da bossa nova, mas Mônica calava essa falta com a voz que delineava nossos ouvidos.
Foto: Nyldo Moreira
Os trabalhos da cantora parecem completar o anterior, seguem uma mesma linha de produção, como se andassem juntos. Isso, de repente, causa uma sensação de ouvirmos a mesma coisa e, ainda que com outro repertório, a impressão de que sua voz entoa as mesmas canções permanece. Os arranjos distinguem-se muito bem, mas os elementos utilizados pela artista não são renovados. É um estilo que ela adotou, e isso tem muito a sua beleza.
O espetáculo teve única apresentação no Theatro NET SP, que ainda vai receber Agnaldo Rayol e Ângela Maria num único show, e uma agenda repleta de coisas interessantíssimas, como Alcione, Elba Ramalho e convidados. Dá pra bater ponto lá, né?!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Maria Bethânia recita e lança livro de poesias

Foto: Nyldo Moreira
As aulas do professor Nestor Oliveira, no colégio público de Santo Amaro da Purificação (BA), arrastam-se nos palcos brasileiros e até na Casa do Poeta Fernando Pessoa, em Portugal. Maria Bethânia espanta as traças das arenas ávidas de poesia derramando palavras cheirando a alfazema. "Bethânia e as Palavras", que aconteceu ontem (21), no Theatro NET São Paulo, é mais uma oportunidade de conhecer o sexo entre a voz e a letra.
Quando estourava o AI-5, nos alpes de 1968, os livros de Reynaldo Jardim, queimaram no fogo da censura. "Maria Bethânia Guerreira Guerrilha" é a voz de Reynaldo nas cadeiras do "Opinião", quando o Carcará da baiana gemia no Rio de Janeiro, ao substituir Nara Leão no espetáculo. Reynaldo, inquieto, argumentou em poemas todo o seu deleite à Bethânia. Poemas parafraseando um diversificado trabalho tipográfico, desobedecendo a ordem das tipografias e deixando atenta a censura, que de tão burra empastelou a poesia do velho. "Maria Bethânia Guerreira Guerrilha" ganhou a nova oportunidade de lançamento, anos depois, no foyer do NET São Paulo.
Estapeando o couro do tambor, Carlos Cesar recebeu Bethânia soando para Iansã, quando os rabiscos do violão de Paulinho Dáfilin perfuravam o som. Naquele momento em diante nascia uma fera do som, igualando a música à poesia! Bethânia começou a derramar um agrupamento intelectual tão simples de chegar ao povo, e ainda tão banal por trás dos muros dos colégios. Trouxe como a voz de uma professora tudo aquilo que deveria estar numa sala de aula. Guimarães Rosa, Fernando Pessoa e sua turma de heterônimos, Manuel Bandeira e Cecília Meireles estavam entre os mestres dessa classe entoados à virilidade da santamarense. "Ler poesia é como ofender o mundo", esfaqueou à voz os ouvidos que tapam-se para o poeta.
Foto: Nyldo Moreira

Maria Bethânia derramava poesias como se estarrecesse o chão de alfazema! Destilou o cheiro de âmbar em cada canção que arranjava espaço entre a palavra dos poetas sem melodia... encarnou a poesia cantada de Caetano, Paulinho da Viola... e deixou cegar nossos olhos com a "Romaria" de Renato Teixeira. Igualou-se a uma entidade ao sambar os pés num templo de cultura cênica!
Colheu aplausos de dondocas dos narizes empinados, que foram apenas pelo convite patrocinado e deixou na íris de todos nós um saco de lágrimas rechaçado pela poesia. Homens grandes e pequenos, com fome e empanturrados, bem vestidos e maltrapilhos... todos, sorriram e choraram como se adentrassem às palavras dos poetas. A poesia é para todos e todos quase não sabem dela! Bethânia está aí, ainda pequena para o trabalho gigante que os professores exercem em sala de aula. Bethânia está aí, enorme para a arte!
Parafraseando o poeta, "Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende", sorriu em seu retiro, Guimarães Rosa. Estiveram essas e outras poesias, como gritos, como impávidos do som e da letra! Tornando, por exemplo, belo, complexo e triste a realidade da descrição em poesia do recôncavo baiano.
"Bethânia e as Palavras" é um conjunto, regido por cantora, intérprete, poeta, músicos e a macumbaria da língua portuguesa. O espetáculo é um pretexto que voltou para lançar o livro "Maria Bethânia Guerreira Guerrilha".
O espetáculo ainda será apresentado hoje (22), no Theatro NET São Paulo, mas os ingressos estão esgotados.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Quem matou Maria Helena?

Foto: DivulgaçãoDa série: "quem matou?" surge no teatro um novo texto, com um ar de comédia clássica e apenas um ator desenhando e dando espaço há diversos personagens, mesclando o caricato ao autêntico. "Quem matou Maria Helena?" está em cartaz no Teatro Folha, em São Paulo, com Eduardo Martini de volta às vestes de um homem, confrontado por sua própria história e enfrentado por seus próprios personagens. Blotta Filho assina a assistência de direção do texto de Cláudio Simões.
Quem pensa que Maria Helena é o centro dessa história pode até se enganar, ou de repente seja mesmo. Mas, Mário Augusto não entra na figuração... é ele quem desencadeia toda a fúria e bom humor dessa história. Poderia ser um conto cavernoso, mas suas tiradas cômicas, com equilíbrio de exageros, combinadas ao talento imediatista de Eduardo Martini deixam o tom pastel da cenografia absurdamente visual. Mário Augusta é dono de um abatedouro de galinhas, vive com Maria Helena, que teria sido assassinada em sua própria casa. Ou não?! Como teria sido essa história? Mataram Maria Helena? Quem matou Maria Helena?

A história é envolta de um grande suspense e um emaranhado de outras histórias. O roteiro é muito bem costurado, dando linha há diversas hipóteses sem perder o ponto. Esse novelo começa a ser desembaraçado quando Martini emprega um tom exato aos personagens. Sua fala é didática e suas expressões unem teatro físico às rubricas do texto.
A luz e o cenário são singelamente corretos, não há uma falha sequer! O exagero em pequenos detalhes das histórias intensifica o humor e colorem a história que parece ser sombria. De sombria não tem nada. Apesar de tratar-se de um assassinato, a comédia policial engana pelo título e rebusca nossa atenção para os contos noveleiros.
Mário Augusto, personagem de Martini, é um noveleiro, assim como Cláudio Simões, o autor! E a inspiração nos romances policiais da TV cai no palco do teatro.
Eduardo Martini lança ao humor suas pitadas dramáticas, espirrando emoção aos olhos do público e sapecando risadas aos rostos. O ator abusa de sua qualidade física e aproveita todo o palco sem a necessidade de um jogo de cena com mais atores. Seu timbre intensifica o texto e mostra que para esse roteiro não daria para imaginar outra pessoa em cena. Eduardo desenha no palco personagem por personagem e desmascara o monólogo, tira de dentro de si uma porção de gente e junta o quebra-cabeça aos olhos do público. As marcações são o ponto alto de sua direção ao lado do Blotta.

Já sabemos quem matou Odete Roitman! Já sabemos quem matou Salomão Hayala! E quem matou Maria Helena?
O espetáculo "Quem matou Maria Helena?" está em cartaz às quartas e quintas-feiras no Teatro Folha, 21h. Os ingressos custam de R$ 15,00 (meia) a R$ 40,00. Preço justíssimo! A dobradinha entre Eduardo Martini e Blotta Filho também está no Teatro Augusta, às sextas-feiras, com o divertidíssimo "Chá das 5"!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Quanto custa estacionar em SP?

Pegar o carro a noite pode render-lhe um assalto a mão armada e a queima roupa. Sim... pagar as bagatelas que variam entre R$ 30,00 e até R$ 60,00 para estacionar em teatros e casas de show é quase uma bala no peito! As opções mais baratas para deixar o carro podem estar nas unidades do Sesc, em São Paulo, onde o serviço não costuma ultrapassar os R$ 8,00. Em contrapartida, tem casa cobrando mais do que uma cesta básica!
As unidades do Sesc trazem grandes espetáculos com preços acessíveis, sobretudo aos matriculados. O estacionamento também tem desconto, tirar o carro de lá pode demorar um pouco na saída, devido ao fluxo, mas pode ser pior em outros lugares. A fila para estacionar e retirar o carro no HSBC Brasil, na Zona Sul da capital é assustadora e o preço mais ainda. R$ 35,00 é o desembolso para deixar o carro com os valets da casa. A empresa que administra o estacionamento é a Hot Valet, que também cobra R$ 30,00 reais para estacionar no Tom Jazz, na Avenida Angélica. O HSBC Brasil oferece a opção de compra antecipada, por R$ 30,00. Você pega fila para estacionar, para retirar e procurar uma brecha na rua para o "bolo" de carros que forma é outra aventura.
O ingresso para espetáculos na capital paulista alça vôos cada vez mais altos e não podemos esquecer de somar o valor do estacionamento nessa conta. Parar no Citibank Hall também pode ser outro tiro, R$ 40,00 reais é o que a casa cobra para deixar o carro em seu estacionamento amplamente descoberto, administrado pela Estapar. A casa tem bons espetáculos, ainda bem!
O Espaço das Américas, localizado na Barra Funda, garante alguns estacionamentos na redondeza. Por lá, os preços podem variar de acordo com a programação. No show do Zeca Pagodinho tinha estacionamento cobrando R$ 60,00... em outros espetáculos a média fica em torno de R$ 30,00. Pagar sessenta pau num estacionamento é o cúmulo da inflação! Mas, peraí... como a inflação chega aos estacionamentos? Pode ser no pagamento aos funcionários e alugueis? Sim... mas, ainda não justifica! E que inflação instável é essa que faz o preço variar conforme o espetáculo?
Os teatros em shoppings estão ganhando cada vez mais força. Muitos deles estão estrategicamente posicionados próximos a linhas de trens e metrô, o que facilita o acesso. Os estacionamentos também costumam ser mais baratos e muito melhores. O Shopping Bourbon cobra um pequeno absurdo para estacionar o carro, mas ainda não chega aos pés das casas de shows. Porém, tudo depende do tempo em que você ficar com o carro parado lá. O Teatro Bradesco, que fica no centro de compras, reúne grandes e bons eventos... mas, tente não ficar agoniado com o tempo de duração desses espetáculos, mesmo que custe caro ficar com o carro numa vaga.
Parar nas ruas pode ser ou não uma boa opção... mas, lembrem-se que corremos riscos e além disso os flanelinhas são os donos das ruas. Eles só chegam na entrada dos espetáculos, quando você vai retirar o carro não tem mais nenhum cobrador. Os preços variam... eles cobram de acordo com o carro e com a cara do motorista. Bonito, não?!
Chegar com o transporte público pode ser algo crítico em alguns locais. No HSBC Brasil pouquíssimas linhas atendem a região e a estação do trem é longe. Além do mais, espetáculos de domingo são para quem tem carro... a CPTM vive em obras e nunca dá jeito na precariedade de seu funcionamento. Os ônibus aos domingos também são por migalhas. O acesso ao Citibank Hall de ônibus é um pouco mais fácil! O problema é que quando os espetáculos terminam já está tarde e transporte público não deveria, mas tem horário para encerrar o expediente da maioria das linhas. Táxi está cada vez mais caro!
Diante dessas oportunidades, fica fácil para qualquer valet ou estacionamento tripudiar em nossas carteiras! Usar o automóvel para chegar ao seu entretenimento escolhido custa caro e ainda é um dos meios mais viáveis.
Quanto você paga para estacionar o seu carro? Como você vai para um show, para uma peça? O preço do estacionamento influencia na compra do seu ingresso?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O 'esquerdismo' e a 'direita' musical

Como fazem os periódicos norte-americanos em seus editoriais, os artistas brasileiros declaram apoio aos presidenciáveis brasileiros... e assim como os periódicos norte-americanos, colocam seus editoriais questionados pelo público! A miudeza direitista é encabeçada pelos sertanejos, que vão precisar rezar muito para a Nossa Senhora guardada nos chapéus, para elegerem Aécio Neves (PSDB). Enquanto a predominante esquerdopatia faz corrida ao pódio para eleger Marina (PSB) ou Dilma (PT). Luciana Genro (PSOL) ainda busca espaço para dar seu discurso de professora de história!

Foi inevitável atrelar uma coluna sobre música e teatro com a política. Os próprios artistas caíram em tentação e estão mordendo da maçã podre da política. Basta aguentar a indigestão futura do bolor digerido!

Foto: Divulgação

Em busca de um novo ideal político, os músicos tentam convencer sobre a reforma política, apoiando em massa, sobretudo, a camada esquerdista brasileira. O que é no mínimo muito esquisito, uma vez que essa "nova" política parece muito com a velha, sobretudo a instabilidade opinativa de Marina Silva (PSB).

As sambistas caíram na lábia de Dilma Rousseff (PT), e vão bater o tambor para a atual presidente. Beth Carvalho e Alcione são alguns dos exemplos que pregaram a estrelinha no peito. Ao menos, Dilma Rousseff defende a revisão da Lei da Anistia, para que os militares sejam ainda punidos por torturas na Didatura. Marina, a jovem birrenta, voltou atrás e agora acha que a lei não deve ser revista. Admira-me que Caetano Veloso e Gilberto Gil, que viveram a nebulosa da Ditadura, apoiem a presidenciável novata na chapa do PSB.

Caetano e Gil viveram o exílio e Caetano ainda é capaz de lembrar o cheiro dolorido da prisão. Defendem sim uma política limpa... mas, política limpa precisa ser nova. Marina está longe de renovar a política. Imagine que ela é contra o casamento homossexual! Ora, por qual motivo? Religioso? O que tem a religião com política? Não deveria ter nada... mas no Brasil parece que a última saída é que um presidente da república ajoelhe-se à crença para rogar por melhor saúde e educação!

Foto: Divulgação

Chico Buarque está munido de estrelinhas vermelhas e estende qualquer tapete vermelho para Dilma. Parece estar disposto até a escrever abaixo assinado, como aqueles de escola para expulsar a professora chata... e até a distribuir santinhos em boca de urna. Digo isso no sentido poético da palavra, porque ele colou na sola da presidente. Não sei se sua irmã será novamente a Ministra da Cultura, para deitar e rolar em leis de incentivos para os colegas. Chico prova do suor espavorido de Lula, que agora aparece de cabelos despenteados para torturar a pena do eleitor. Isso é a cara do PT.

A esquerdopatia é a doença da moda entre os nossos compositores... que agora ocupam-se das campanhas de seus candidatos. Claro, ainda tem muito fã que usa a mesma roupa que os seus ídolos. Por que não votariam em seus candidatos?

Esse esquerdismo vem como um arrastão de carnaval em Salvador. Não sou totalmente contra, mas acho um porre atrelar a imagem de nossos compositores e cantores à sujeira política deste país. Deixe a política com eles, e vamos continuar como protestantes musicais. Como vocês faziam na Didatura!

Foto: Divulgação

Na levada da esquerda, que já está mais capenga em ideologias, ainda tem uma turma grande. Adriana Calcanhotto também rasga o verbo para Marina, além de Arnaldo Antunes e Jorge Mautner. Eu achava que suas personalidades estariam muito distante da presidenciável, que mostra sua decadente credibilidade com suas próprias ideias do passado.

Enquanto a esquerda ganha a força dos poetas, que adoram ver o samba do criolo doido criado por esses partidos no Brasil... a direita vai gritando por socorro lá atrás. Zezé di Camargo, Chitãozinho e Xororó e Fagner estão ao lado de Aécio Neves (PSDB), que trouxe de Minas a mesma calmaria que caminha sua candidatura. Não sei o que há de novo nessa direita, que tanto diz fazer pela saúde. São Paulo está há anos sob administração tucana e pede socorro na saúde.


Caetano Veloso já esteve até na propaganda eleitoral de Marina... como um cabo eleitoral, que a acompanha em seus compromissos de lobotomia política. Essa deplorável propaganda política conta com nossos compositores, para que tenhamos ainda mais vergonha?

A direita pede socorro e vai continuar mortificada. A moda da esquerda está tão forte como uma Benzetacil!

Falando em esquerda, não podemos esquecer do estardalhaço esquerdista do PSOL, que traz Luciana Genro em sua chapa, apoiada pelo cartunista Laerte e o músico Marcelo Yuka. A candidata cheia de discursos tem uma boa ideia sobre a política... que na prática teria que combater toda a bancada opositora em Brasília. Luciana grita lá de trás e traz os gays em seu manto santo. Luciana, que tanto critica o PT e Marina, vem da cria da galinha dos ovos de ouro do Rio Grande do Sul, um dos estados com maior dívida pública no País, e nasceu do ovo dourado de Tarso Genro, seu pai, atual governador e candidato do estado gaúcho, pelo PT. Ele, que também foi o falho ministro da Educação no governo Lula.

Entre Aécio, Dilma, Marina e Luciana... fico com os nossos artistas, quando acabar o circo eleitoral! Gosto de artista no palco e não no palanque!!!

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Fafá de Belém em "Meu Rio de Muitos Janeiros

Na última segunda (8), Fafá de Belém apresentou no Theatro Net São Paulo o show "Meu Rio de muitos Janeiros".  Acompanhada por conceituados músicos, a cantora viajou pelos anos 70 e 80, cantando Chico Buarque, Tom Jobim, Cristovão Bastos , Edu Lobo, entre outros.

Como já é de costume, Fafá estava alegre e contagiante. A cantora levou o público ao êxtase, fazendo, inclusive os famosos da plateia, delirar com seu marcante e intenso registro vocal.


Theatro Net São Paulo
Shopping Vila Olimpia
Rua das Olimpiadas, 360 - Vila Olimpia

  Texto e fotos: Riziane Otoni 

33ª Expoflora antecipa a primavera em Holambra

Não... eu não vou dar um de Ananda Apple falando de flores, nem de Álvaro Garnero, contando minhas viagens. Flores, plantas, viagem, exposição... e tudo que couber nessa bela infinidade é cultura. A cidade mais holandesa do Brasil inaugurou no dia 29 de agosto mais uma edição da Expoflora, reunindo gastronomia, música e dança ao mundo das flores.

A Holanda é uma nação constituinte do Reino dos Países Baixos, localizada na Europa Ocidental. Famosa pelo cultivo de tulipas, por seus enormes moinhos de ventos e os tamancos de madeira, a Holanda trouxe para o Brasil, especificamente a 140Km da capital paulista e 40km de Campinas, seus descendentes e até os imigrantes. Foi decorrente da devastação causada pela Segunda Guerra Mundial que um grupo de Holandeses refugiou-se por aqui e deu origem ao Município da Estância Turística de Holambra. O nome da cidade é uma junção de Holanda, América e Brasil.
Holambra é o principal exportador de flores da América Latina e replicou na cidade um visual muito parecido ao do país de origem. Um grande moinho de vento destaca a entrada da pequena cidade, que tem o melhor índice de segurança do País. É neste cenário que a 33ª edição da Expoflora reúne o melhor da cultura holandesa.

Doces típicos, sorvete de pétalas de rosas, o típico salsichão e um caminhão cheio de barris de chopp divertem o paladar gastronômico de qualquer um. Entre as principais atrações do evento está a chuva de pétalas. Segundo os burburinhos, pegar uma pétala é sinal de sorte!

Uma bela exposição de jardins ornamentais e cenários para festas floridas também constam na programação da Expoflora, que ainda reúne diversas lojinhas com souvenirs. Danças e músicas típicas acontecem de acordo com a programação do evento, sem deixar de lado os sapatinhos de madeira.


É possível sair de lá com uma boa recordação, um shopping de flores abarrotado de plantas e bulbos está a disposição do público.

Ainda que você não conheça a Holanda estará num pedacinho dela!

A Expoflora acontece na cidade de Holambra, no caloroso e calorento interior de São Paulo até o dia 29 de setembro, de sexta a domingo, entre 9h e 19h. Os ingressos podem ser comprados na bilheteria do evento ao valor de R$ 34,00 (inteira).

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Celtic Woman em show triunfal

Foto: Divulgação
Há uma semana o quarteto feminino irlandês Celtic Woman chegou ao Brasil para uma maratona com a imprensa. Na última quarta-feira a mais esperada das aparições do grupo aconteceu no Espaço das Américas, em São Paulo. O primeiro dos cinco shows foi um concerto em grandioso estilo. Um desenho de vozes perfeito sob a regência de um grupo de músicos impecáveis!

Máiréad Nestbitt, Susan McFadden, Máiriéd Carlin e Lynn Hilary pisaram com o Celtic Woman pela primeira vez nas tropicais terras brasileiras. O país das intensas batucadas abriu os braços para a gaita de fole e a estonteante história celta contada pela afinação de simpáticas moças. 

O violino parecia rabiscar o silêncio, que ia perdendo-se quando os belos apitos vocais cristalizavam o espaço. As meninas despejavam notas como se acariciassem as cordas vocais, introduzindo aos nossos ouvidos mesclas divinas de composição e melodia. Algo quase inexplicável e irresvalável!

Era como se deuses descessem à Terra para mostrarem a beleza de sua mitologia...

Não eram apenas vozes a grandiosidade do espetáculo, e a lona da beleza estendia-se para além do piano, da guitarra, da percussão e da gaita... o sapateado irlandês e o coro Aontas deixavam o silêncio ainda mais emudecido. A impávida postura musical e cênica de todos era bela e tremenda.

Para uma estreia o espetáculo teria de ser triunfal e assim foi. O repertório parecia ter sido escolhido por um artista plástico em pleno movimento de seus pincéis. As roupas desfilavam a beleza de uma cultura cercada de graça. O bom humor era um script imprescindível para algo que não é ópera, nem pop, tampouco clássico! O bom humor era o contorno de um espetáculo incalculável e sem precedentes.

Os brasileiros arquearam os olhos e dobraram os ouvidos à beleza da famosa composição "Orinoco Flow", muito conhecida na versão de Enya. As meninas entrelaçavam o instrumental com um vocal endeusado e o bailar de corpos e vestidos que emitia ventos àqueles supostos deuses que vieram das mitologias.
Foto: Divulgação

A gaita de fole anunciava o som do meio do público... como um solitário andarilho por uma estrada de hortênsias. Como se o solitário berrasse ao eco sinfônico das rochas que beiram essa estrada, a gaita de Anthony Byrne suspirava ao estribilho da plateia.

"You Raise Me Up" interrompeu o incrédulo espetáculo. Incrédulo de que seria possível reunir em uma noite tamanha produção. Num palco de cenário modesto, enriquecido de instrumentos, vozes e movimentos! A bela canção foi o cume para deixar o público em pé e extasiados em aplausos.

Até domingo (7) é possível encontrar o grupo Celtic Woman no Espaço das Américas, em São Paulo. Ainda dá tempo de não perder tempo!