segunda-feira, 22 de novembro de 2010

“Mamma Mia!”, para relembrar e fazer sucesso


Um dos mais famosos musicais do mundo está no Teatro Abril, em São Paulo, com realização da tradicional Time For Fun, “Mamma Mia!” chegou por aqui com todos os aparatos da versão original . O libreto de Catherine Johnson, com músicas e letras originais de Benny Andersson e Björn Ulvaeus, a versão brasileira é de Claudio Botelho. Inspirado nos hits do Abba, desde o dia 11 de novembro está em cartaz na capital paulista, marcando mais uma das 270 cidades por onde o musical já passou. O espetáculo traz cenários e figurinos idênticos ao original, porém a direção das cenas carimba erros, onde os personagens principais atuam com uma certa frieza e falta de química, deixando os coadjuvantes, se assim podemos os chamar, destacando-se muito mais.

A história se passa nos anos 70, numa ilha grega, onde Sophie Sheridan, interpretada por Pati Amoroso, anseia conhecer o pai às vésperas de seu casamento com Sky, vivido por Thiago Machado. A mãe de Sophie, Donna Sheridan é interpretada por Kiara Sasso, que teve três passados relacionamentos, deixando a dúvida de quem é o pai de sua filha, Carlos Arruza dá vida ao personagem Bill Austin, Cleto Baccic faz Harry Bright, e Sam Carmichael é interpretado por Saulo Vasconcelos. Os três são convidados ao casamento, fazendo a história girar em torno de cenas animadas e cômicas. Tanya, interpretada por Rachel Ripani, e Andrezza Massei que vive a personagem Rosie, são amigas de Donna, juntas formavam um grupo que cantavam os sucessos do Abba, como convidadas ao casamento, as três revivem essa época e dão um ritmo bem animado ao espetáculo.

A direção é de Floriano Nogueira, que também assina a impecável coreografia do musical. O estilo brasileiro de fazer música, foi incorporado aos sucessos do Abba, Paulo Nogueira é o diretor musical que rege uma das melhores orquestras de musicais, as guitarras de Fernando Presta e Jorge Ervolini encontram o baixo de Mauro Domenech e dão um show a parte, é possível sentir-se numa discoteca 60's assistindo ao musical. Essa é uma banda de rock orquestral, que vai muito além da grandiosidade de uma orquestra, agrupando habilidades musicais e pautando notas muito bem compassadas. Rachel Ripani já havia me encantado com sua voz no espetáculo “Vamos?”, em que deixou seu papel para atuar no “Mamma Mia!”, sua personagem Tanya ganha um timbre robusto e sublime, onde sua respiração acompanha as pausas e as falas com uma disciplina musical impecável. Saulo Vasconcelos e Kiara Sasso repetem o show de suas vozes, o mesmo que deram quando encontraram seus personagens em “O Fantasma da Ópera” e “A Bela e a Fera”, em “Mamma Mia!” os dois não condensam uma boa química, mas não deixam de adocicar os timbres e aquecer os aplausos do público. Thiago Machado, Andrezza Massei, Cleto Baccic e Carlos Arruza completam o time do coral, cada um com sua peculiaridade vocal, onde se encontram num belo arranjo. Pati Amoroso, ao viver o papel da jovem Sophie não pode descartar o timbre pueril, porém ainda é um tom muito virgem, um tanto irritante aos ouvidos.

O figurino repete o croqui original, Genevieve Petitpierre assina a supervisão de figurino e não deixa escapar sequer uma linha das roupas, toda a costura ajusta-se maravilhosamente bem ao corpo dos atores formando um belo conjunto na cena. O designer de luz, Howard Harrison preserva o clima praiano de uma ilha paradisíaca da Grécia, com os tons azulados mesclando a iluminação do mediterrâneo. O cenário é prático e dinâmico, basta apenas retratar a taberna de Donna, os quartos da pousada e a parte externa do bar, tudo usando a mesma estrutura. O musical dividi-se em prólogo e dois atos, o entreato é feito pela orquestra com notas da música "Gimme Gimme Gimme (A Man After Midnight)", do Abba, que anos depois teve sua base (sample) usada em Hung Up, de Madonna, escrita por ela, por Stuart Price, Benny Andersson, e Björn Ulvaeus.

A encenação de Kiara Sasso não é brilhante quanto sua voz, há uma certa frieza com sua personagem, onde atriz e papel ainda estão distantes, assim como Saulo Vasconcelos que entra duro em cena, sem recursos artísticos, com falha de direção ou falha própria, canta muito bem, mas fala mal, falta expressão, movimento e proximidade ao personagem. Cleto Baccic dá um banho de interpretação, desde sua atuação em Cats eu tenho gosto ao aplaudi-lo, assim como Rachel Ripani que dota-se de um humor peculiar para expôr sua personagem. De humor então, Andrezza Massei ganha o carinho do público, sua dança, seus movimentos, expressões lhe dão grande importância para a leveza do espetáculo. Thiago Machado carrega uma bagagem ótima, acredito que em breve brilhará nos papéis principais de musicais, assim como foi grande em “Meu Amigo Charlie Brown”. Os atores que interpretam os coadjuvantes também valem aplausos e a eles digo “bravo”. O musical “Mamma Mia!” traz ao palco a panelinha que há em vários outros já apresentados, talvez esteja na hora de reciclar a seleção de elencos, gente talentosa tem de sobra. Eu recomendo o musical, porém ainda precisa melhorar na maquiagem, nos penteados de alguns, porque tudo ainda parece muito luxuoso, quando a história se passa numa ilha.

O musical “Mamma Mia!” está no Teatro Abril, um dos mais apropriados para espetáculos musicais, em São Paulo quartas, quintas e sextas, às 21h; sábados às 17h e 21h; domingos, às 16h e 20h. Quem sente saudades dos anos 60, 70 e 90 o musical está bem apropriado, “Dancing Queen”, “S.O.S”, “The Winner Takes It All”, “Money, Money, Money”, “Mamma Mia” contagiam o público com traduzidas e também em suas versões originais, cantadas ao final do espetáculo numa espécie de show, e claro “I Have a Dream”, que dá voz a mais bela das cenas do espetáculo. O musical comercializa os ingressos pela internet no site da Ticket For Fun e nas bilheterias associadas, assim como no próprio teatro, os valores estão entre R$ 80,0 e R$ 240,0. Fotos: Caio Gallucci.

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