segunda-feira, 2 de maio de 2011

Onze Homens e Uma Sentença, agora sem Zé Renato


Onde eram Doze Homens, no drama de Reginald Rose, dirigido por Eduardo Tolentino, agora são onze, Zé Renato deixou a trupe para a poltrona do espectador. O homem que nos fez rir, hoje mistura o sorriso às lágrimas de saudades. Não veremos mais em cartaz José Renato Pécora, que nesta noite, quando ia para sua rotineira viagem ao Rio de Janeiro, faleceu antes mesmo de embarcar no ônibus. Zé Renato gostava de viajar de ônibus sempre pela noite, assim chegava ao Rio enquanto amanhecia o dia, este era um de seus grandes prazeres.

Zé Renato foi amigo da arte, fundador do Teatro de Arena ele voltou recentemente aos palcos com o espetáculo “Doze Homens e Uma Sentença”, recomendado e premiado. O ator fazia parte do grupo Tapa, que hoje sente a falta de um amigo, de um personagem que não terá mais a voz de um grande ator, de um homem que realizava a arte de encenar e a amava. Com 85 anos de idade, José Renato Pécora entrou para a enciclopédia do teatro, em 1958 Giafrancesco Guarnieri deu-lhe a direção de seu texto “Eles não Usam Black-Tie”, que falava sobre uma greve operária e fazia reflexões sobre o ser humano. Ainda passaram por sua direção textos de Augusto Boal, Nelson Rodrigues, Oduvaldo Vianna Filho, Chico de Assis e Dias Gomes.

O ator foi o primeiro aluno da Escola de Artes Dramáticas, em São Paulo, assim ao terminar o curso propôs o formato de arena para espetáculos. Zé Renato apresentava peças em ginásios e escolas e até atuou para uma platéia de ministros e o presidente Café Filho, no Palácio do Catete, a peça “Uma Mulher e Três Palhaços”, ao lado de Eva Wilma e grandes atores, que ganhou duas páginas no Jornal O Cruzeiro. Ele ainda foi ousado, e administrou o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, que hoje vive seus dias de pena.

Zé era um boêmio de músicas, de piadas e de rir delas. Um infarto o levou para a platéia eterna, onde outros grandes atores aguardam que se abram cortinas para mais respeito e dedicação ao teatro. Algum tempo antes de sua morte, Zé Renato foi ao programa do Jô, onde aclamava patrocinadores a peça “Doze Homens e Uma Sentença”, em cartaz no Teatro Imprensa, em São Paulo, com temporada prevista até Junho.

Zé Renato completava o verdadeiro “teatro de atores”, era o ator que se impunha ao centro de uma arena para encenar a sua volta, permitia com sua idéia, similar a um picadeiro, que todos pudessem visualizar o espetáculo em todos os ângulos, popularizando a arte da cena. Ao engenheiro do teatro, ao sorriso do humor e ao sentimento do drama ficam meus aplausos em luto.

2 comentários:

  1. O teatro perdeu uma grande persona...só para lembrar no final dos anos 70, propriamente em 79, com a quase abertura do Presidente General Figueiredo. Lá se iam os tempos da ditadura militar! Jose Renato foi o primeiro Diretor a se lançar em montagem de peça censurada. Daí o tão premiado "Rasga Coração" de Eduvaldo Viana Filho,o consagrado Vianinha.Dirigido pelo grandioso Jé Renato (como todos os chamavam). Peço para que o teatro faça MUITOS minuto de silêncio!! Eu, Xuca Rebibout, integrante do elenco de apoio da 1ª montagem que estreou em Curitiba no Teatro Guaira a convite do então ministro da Educação. Muito me orgulhou poder estar lá!!! obrigada Zé !!!!!!!!!!

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