Beth Carvalho trouxe, mais uma vez, o samba para um teatro. A madrinha já é craque nisso, em 2007 gravou um DVD no Teatro Castro Alves, em Salvador, cantando o Samba da Bahia, em 2008 no Municipal do Rio de Janeiro e nas vésperas do último feriado colocou sua bateria sobre o palco do Teatro Bradesco, em São Paulo. Marcando a volta aos palcos, a sambista deixou a marca da superação e largou o samba na boca do público que permaneceu em pé durante todo o show.
Vamos ao teatro esperando assistir sentados a um espetáculo, mas, quando os repiques anunciam uma excitação maior do que as regras, os pés levam a emoção ao limite. Bastou que Beth Carvalho começasse a cantar seus sucessos, para o público dançar em pé. Em pouco tempo todo mundo foi contagiado. Essa é uma das minhas lembranças mais marcantes sobre o sucesso da passagem da sambista por São Paulo.
Após uma longa internação hospitalar, devido à complicações com a coluna, Beth voltou aos palcos. O samba, que andava murcho sem sua madrinha, está mais pomposo agora. A cantora, sempre muito afiada, não deixou de criticar o pagode que fazem atualmente, e conversou com o público como se estivesse em sua sala de estar. Emocionada, foi ovacionada pelos paulistanos!
O show ficou por conta dos diversos sucessos na voz da sambista, uma das poucas que ainda fazem a justa questão de mencionar os compositores. Beth é a mais expressiva e forte pronúncia dos poemas escritos sobre linhas de cavaco. Ela é a mangueira inteira na avenida!
O samba, nas cordas femininas, tornam-se melodias ainda mais belas. São traduções, que parecem passar por favos de mel, antes mesmo de cair nos pandeiros e tantãs. O Brasil, berço desse ritmo, é o nobre terreiro que gerou Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Alcione e Beth Carvalho. O samba tem mais orgulho por causa delas!
A cantora levou para o show a pequena Nicole, de 6 anos. Beth conheceu a menina assistindo a um vídeo na internet, em que ela cantava "Tradição (Vai no Bexiga pra ver)", no Samba da Vela, tradicional reduto paulista. Imediatamente a mocinha subiu ao palco e dividiu a melodia com a cantora, que viu-se homenageada e com vida longa ao samba.
Beth fazia chorar seu cavaquinho e os olhos. O samba, melodia triste, como dizia o próprio Adoniran Barbosa, é mais feliz com sua majestade. Via-se uma escola de samba no palco, representada por uma sambista.
Ao ouvir Beth Carvalho sentimos no peito que realmente "o show tem que continuar"...
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