sábado, 6 de agosto de 2011

“Na Boca do Leão” está o melhor da comédia


O texto de Billy Van Zandt e Jane Milmore extravasa a comédia sobre o leão da receita federal, com a consistente direção de Eduardo Martini o roteiro desenrola uma saborosa confusão que não deixa ninguém ficar de fora das gargalhadas.

No elenco está Bruno Albertini, que passa o tempo todo sobre o palco, ele interpreta Ricardo, que tenta burlar a receita federal declarando ser esposo de Darcy, interpretado por Eduardo Martini. Porém Darcy é seu amigo, e decorrente a ambiguidade que o nome propõe, Gerson Steves, que vive o fiscal do Imposto de Renda anúncia sua visita ao suposto casal e dá início a grande confusão, que traz às cenas Vivi Alfano, interpretando a espalhafatosa mãe de Ricardo, Luci Pereira, proprietária do apartamento e ligeiramente intrometida, Carina Sacchelli, namorada de Ricardo, Jésus Adriano e Sissi Zucato.

O texto é uma das grandes comédias do momento, sem dúvidas a sábia cartada de Eduardo Martini para os palcos. Não há o que apontar nos scripts, que acompanham a ótima e animada trilha sonora de Sergio Luis. Como se não bastasse o brilho da direção, Eduardo ainda assina a cenografia com elegantes móveis da Artefacto. Yara Leite esculpe o palco com um perfeito design de luz, que tempera as cenas pontualmente.

O ator Bruno Albertini, acostumado às direções de Eduardo, não desempenha a total naturalidade que seu difícil personagem pede. Por estar em grande parte do tempo no palco, sua desenvoltura requer uma leitura analítica e a atuação despreendida, pois lhe falta se divertir mais no palco, soltar-se da preocupação que ainda o insegura. Pelo menos foi assim na estreia. Vivi Alfano rasga a seda em determinadas cenas, diverte o público e arrebata aplausos com sua fabulosa atuação. Gerson Steves não me surpreendeu, após ganhar a plateia do Zorro, ele mais uma vez passa-se por um personagem desajeitado. Sua atuação é cômica como de costume, permite que ele divirta-se enquanto não deixa de mostrar-se um incrível ator. O timbre da voz e os movimentos no palco o destacam na peça.

Adriana Hitomi assina os belos figurinos do espetáculo, e também nos diverte com a costura que veste Eduardo Martini nas cenas. A auto maquiagem do ator enquadra-se ao pacote de humor promovido por sua atuação versátil, que reveza-se entre um homem e um homem disfarçado de mulher, para ajudar o amigo a não cair na malha fina. Luci Pereira desempenha bem o papel, não esforça-se muito para soltar a voz, o que lhe ajuda a ganhar as cenas. Carina Sacchelli é um rosto novo no teatro, que ainda deve preocupar o diretor, ela ainda é presa e lhe falta naturalidade, porém é uma boa aposta e deve encarar-se como um desafio próprio. Sissi Zucato brilha em sua curta participação, enquanto Jésus Adriano estreia bem em seu pequeno texto.

Estimo que as comédias mantenham-se preocupadas com o protesto e a realidade, juntamente ao divertimento que nos permite sorrir e felicitar o teatro brasileiro. “Na Boca do Leão” não abusa, nem exagera nos cacos, e sim exibe a cara do teatro de humor construído para o sabor do público e do próprio elenco. O projeto é patrocinado pela Ticket e Porto Seguro, sob a lei de Incentivo à Cultura, pois algo que realmente vale a pena o governo cultural tem realizado. A Produção executiva é de Marcos Meneghessi, ao lado da produção de Adriana Amorim e coordenação de Três Jóias Produção.

“Na Boca do Leão” estreou no dia 2 de agosto e exibe-se em curta temporada no Teatro Folha, em São Paulo, até o dia 18 do mesmo mês. Os ingressos custam R$ 20,0 ou R$ 30,0. Horário, 21h, de terça à quinta-feira. Fotos: Gustavo Mendes e Marcos Meneghessi, respectivamente.

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