quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Milton Nascimento volta a SP com os grandes sucessos que o emocionaram no palco


Nestes dois dias, 12 e 13 , o Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, em São Paulo, recebe Milton Nascimento. Ontem (11), Bituca estreou em grande estilo sua passagem pela capital, relembrando sucessos e permitindo-se emocionar ao ouvir o próprio público cantar. O meio século de carreira parece ser muito, mas a grande fatia deste tempo foram as consagradas composições que o tornaram um dos maiores poetas da música brasileira.

A voz de Milton rasga o silêncio com uma beleza emocionante, ele sabe encontrar as palavras à melodia de uma forma excepcional e abusa do português com um trabalho poético impecável.

Milton Nascimento é carioca, nascido no início da década de quarenta ganhou projeção nacional após gravar “Travessia”, de Fernando Brant, em 1967. Quando criança, filho de uma empregada doméstica muito humilde e que não teve condições de criá-lo, entregou-o a um casal, que o adotou. A mãe adotiva, que o apelidou de Bituca, devido ao beiço que Milton fazia quando era contrariado, era professora de música, e o pai dono de uma estação de rádio. Morando em Minas Gerais, pra onde mudou-se, passou a tocar em bailes e boates, inclusive ao lado de Wagner Tiso. Foi para Belo Horizonte cursar Economia e por lá passou a compor com mais frequência.
Bituca marcou a vida de muita gente e adentrou com suas composições aos diversos capítulos de nossas vidas, participando efetivamente dos cotidianos descrevendo-o com sua beleza autoral inigualável e o carimbo marcante de uma das vozes mais consagradas de todos os tempos. Milton integrou o Clube da Esquina, que é um dos capítulos mais relevantes da MPB. Na capital mineira, morando em uma pensão, conheceu os irmãos Borges, Marilton, Lô e Márcio, e dos encontros na esquina das Ruas Divinópolis com Paraisópolis nasceram memoráveis canções que ultrapassaram fronteiras e caíram nas vozes de cantores que o Brasil elegeria como os maiores, a exemplo de Elis Regina e Gal Costa. “Maria, Maria”, que está neste espetáculo apresentado em São Paulo, veio desta época, trazendo astral pra uma letra engajada na história de muitas mulheres brasileiras. “Coração de Estudante”, que foi hino das Diretas Já surgiu dos encontros, e na época ganhou destaque como “Canção da América”, tema de diversas ocasiões.

No show, Milton entrega o microfone ao público e sentado ouve esboçando emoção. A plateia canta a “Canção da América” inteira e ele finaliza participando com aplausos. Ele tem o domínio total do palco, a voz joga a luz pra frente e desembrulha instrumento por instrumento, aproveitando cada solo para galantear as cordas, os sopros, as batidas e as teclas. Nota atrás de nota unem-se em acordes e voz numa harmonia fantástica.
Milton tem uma expressão jazzística que deita sobre a bossa e o estilo popular da música com uma digital expressiva causada por sua voz. Ele não perde sequer um grau da lisura de sua voz e caminha, pula e dança no palco como se ainda fosse um menino com 50 anos de carreira.

Ele passa os dedos no violão e dissolve a genialidade de suas canções nos olhos e no coração do público. Porque Milton ouve-se atentamente com o coração, pois é a forma mais generosa de agradecer a um dos maiores ícones da nossa música.

Milton sempre foi uma inspiração e seria impossível poupar adjetivos ao falar dele!

Os ingressos para os próximos shows no Sesc Pinheiros, em São Paulo estão esgotados, porém no próximo dia 16 ele apresenta-se no Sesc Itaquera, também na capital.

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