Maria Izildinha Possi, ou simplesmente Zizi... um apelidinho que mais parece um chiado, um dos chiados mais afinados da música brasileira. A cantora, que registra um timbre especial e doce, fez shows em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, no último final de semana e deu ao público o gostinho de um novo repertório e de gravações "das antigas"!
OK... acho que "das antigas" pega mal, quando trata-se da jovialidade de Zizi Possi e sua presença de palco, que confunde-se com presença de espirito. Ela permite transbordar entre voz e corpo uma fusão quente e envolvente, Zizi deixa que a voz passe por todas as veias do corpo até encontrar a boca e expelir com uma voz que acalma e excita, é uma linha tênue entre a paz e um turbilhão.
Zizi entrou e saiu do palco ao som de um rock bem abrasileirado, com um apelo às cordas da guitarra, ao gingado de um pandeiro da capoeira e um encontro vocal, dela com essas cordas, embriagado de afinação.
Claro, ela não deixou de lado "Per Amore", canção de novela, que colocou o italiano na boca do povo. Zizi ainda passeou por outros sucessos e fez escorrer lágrimas do público ao cantar "Beatriz", de Buarque. Foi o ponto alto do espetáculo, em que toda a melancolia da interpretação ganhava beleza e exprimia uma das mais lindas versões da canção. Zizi Possi é um das maiores artistas brasileiras!
Interpretando "Contrato de Separação", de Dominguinhos, deixou os olhos cantarem com a mesma delicadeza em que as cordas vocais valseiam pela garganta.
Zizi Possi é daquelas cantoras que causam overdose na gente, que a gente quer embriagar os tímpanos de tanto ouvir e dissecar disco por disco... aliás, "disco" já é antigo para a cantora, como ela mesmo ressaltou em suas famosas "conversas" com o público. Zizi ultrapassou a era do disco e já grava até videozinhos no Facebook. Ela é de um grupo raro de artistas, dos que desceram do Olimpo para dizer que música se faz no mesmo plano em que o público está.
É difícil saber se a voz de Zizi sai do violão, dos pianos ou dos lampejos que trovejam em seu coração. Em série, música por música, da pra ver que ela expele-se lentamente de cada um desses lugares. Ela é como a última e mais esperada sessão do cinema, em que os casais envolvem braços e abraços... É feito cheiro de mato molhado, que a gente nunca esquece. Um ato teatral, um átomo, é a música olho por olho! Seu repertório é uma mensagem, um poema, um cálice de sua versatilidade musical.
Zizi é um "mundo e nada mais", com diz a canção de Guilherme Arantes, que ela interpreta com total intimidade, como se fosse compondo no exato momento em que canta. Precisamos mais disso, de mais Zizi. O dia que houver dúvida de como se canta, de como fazer música com sutileza, perguntem à Zizi!
O espetáculo "Tudo se Transformou" faz parte do sensacional projeto do Sesc, que promove um dos melhores circuitos musicais paulistas, trazendo lançamentos com ingressos a preços populares. É o Sesc fazendo muito mais bonito do que muita casa de show, já que estamos cada vez mais órfãos de arenas de espetáculos!
O espetáculo "Tudo se Transformou" faz parte do sensacional projeto do Sesc, que promove um dos melhores circuitos musicais paulistas, trazendo lançamentos com ingressos a preços populares. É o Sesc fazendo muito mais bonito do que muita casa de show, já que estamos cada vez mais órfãos de arenas de espetáculos!
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