Na última quarta-feira (2) a casa de shows "Terra da Garoa", localizada em ponto histórico da cidade de São Paulo, a Avenida São João, trouxe para o calendário das memoráveis noites paulistanas um projeto muito especial, em que o cantor apresenta-se no palco e escolhe seu prato predileto para ser servido no jantar. Gal Costa não apresentou o "Recanto", show em turnê dirigido por Caetano Veloso, e sim uma sequência de canções que fizeram e ainda fazem sucesso em sua carreira. Acompanhada pelo violonista Luís Meira, a baiana ofereceu ao público música, moqueca e dendê.
Até que Gal pousasse no palco do Terra da Garoa, nome da casa de espetáculos e também apelido à capital paulista, o público segurou a ansiedade servidos por um generoso coquetel. A chef de cozinha Ana Célia, que comanda a gastronomia do Zanzibar, em Salvador, veio especialmente para preparar a saborosa moqueca de robalo, que foi precedida por uma entrada de casquinha de siri e escondidinho de carne seca. O cheiro da Bahia exalou durante a noite inteira.
Gal Costa é uma artista de diversos auges, de musa da Tropicália, ao eterno título de maior cantora do Brasil, menção de João Gilberto, ela desfia sua voz como quem estilhaça um cristal. É notória uma rouquidão que começa a surgir na voz da cantora, devido aos graves ganhos por sua maturidade e certamente a exaustiva agenda de shows. Gal não para com o "Recanto". O projeto de sucessos, apresentado nesta noite, é um bom descanso para sua turnê, até porque Luís Meira exalta a baiana com toques impecáveis nas cordas de seu violão.
Gal escolheu um repertório que combinasse com o clima aconchegante do jantar e mostrou porque a Bossa Nova é ainda mais bela cantada por ela, e que a "Bossa Nova é Foda", referindo-se a Caetano Veloso. Gal nunca deixa de mencionar o terno parceiro. Ela deixou à boca do público uma porção de músicas, e trouxe uma caravana de sua terra: "Vatapá", de Caymmi, para combinar com a noite, "Modinha para Gabriela", também do baiano, "Eu vim da Bahia", de Gilberto Gil e "Festa do Interior", de Abel Silva e Moraes Moreira, entre outras que completaram a playlist.
Combinar música com gastronomia é um encontro perfeito, o projeto, que inaugurou com Gal, mostrou a capacidade de ampliar e descentralizar as casas de show da capital, que desaparecem a cada dia, ou ganham apenas destaques publicitários. A cantora elogiou o Terra da Garoa, sua acústica e intimidade que a estrutura permite com o público. Em homenagem à cidade cantou "Trem das Onze", de Adoniran Barbosa.
Gal mostrou-se à vontade, conversou bastante com a plateia e sorria enquanto esboçava a facilidade em deixar escapar a beleza das notas que habitam em suas cordas vocais. Apesar de um figurino desapropriado para ela, Gal será sempre uma das mais belas novidades da música brasileira. Sim... Gal é sempre uma novidade.
Na próxima quarta-feira, dia 9, Gal Costa fará mais uma apresentação na casa, com cheiro de dendê e o calor da Bahia.
Tenho certeza de que o Terra da Garoa jamais será o mesmo depois de Gal!!!
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