segunda-feira, 30 de agosto de 2010
“O Zorro”, um musical cigano de luta e romance
Baseado na obra de Isabel Allende, uma das histórias de maior sucesso entre os públicos diversos, está em cartaz no Teatro das Artes, do Shopping Eldorado, em São Paulo, o musical “O Zorro”, recheado de romance, luta e música cigana. Com direção de Roberto Laje numa produção de Murilo Rosa com 27 atores em cena.
Escrito por Stephen Clark e Helen Edmundson o texto envolve muita sensualidade e romance, retrata Zorro como um herói aventureiro e apaixonado. Diego de La Vega, vivido, no início da temporada por Murilo Rosa, e hoje por Jarbas Homem de Mello, recebe, em Barcelona, a notícia da morte de seu pai. Luiza, seu amor de infância, vivida por Camilla Camargo, viaja da Califórnia para Barcelona e o encontra, ao invés da academia de estudos, numa comunidade cigana, onde havia se juntado e fazia muito sucesso dentre os companheiros, com shows de ilusionismo e dança flamenca. Luiza o avisa do falecimento de Don Alejandro, pai de Diego, e da sucessão do poder pelo filho mais velho, Ramon, interpretado por Luiz Araújo, um tirano capitão que resolve impor limites bárbaros para o povo. Luiza convence Diego a voltar para a Califórnia, porém Inês, interpretada por Naíma, uma cigana apaixonada por ele, convence toda a comunidade cigana a segui-lo, pois o bando deveria sempre permanecer unido. Para ajudar seu povo, Diego busca um disfarce e adota Zorro como herói para combater o poder de seu irmão cravando diversas lutas de esgrima, buscando ainda saber da veracidade da morte de Don Alejandro.
A história é, em instantes, narrada e comentada por um velho cigano, interpretado pelo ator Cláudio Curi, e tem um tom de humor com o Sargento Garcia, vivido por Gerson Steves, que fielmente retrata um guarda submisso às imposições tiranas. Luiz Araújo dá ao seu personagem Ramon um destaque valioso ao espetáculo, faz com que o capitão seja sarcástico e irônico, não só permitindo que toda a história ganhe aventura, mas deixando o texto mais leve, sem arrogância e violência. Naíma, a cigana mais famosa dentre as outras, exibe sua voz latina com luxo dentro da colorida e bem desenhada roupa e presenteia o público com um show de interpretação. Quanto ao Jarbas há o tom de aventura em seu personagem Zorro, é sensual e munido da postura de um forte e rápido herói.
O elenco é muito bonito, entrosado. As danças têm bastante ritmo e envolvem o público, o espetáculo não é tanto de falas cantadas, sendo mais teatral, a parte rítmica e lírica fica por conta de danças e músicas do famoso grupo francês Gipsy Kings, destacando ótimos arranjos, trabalhados por 10 músicos da banda do espetáculo, como Bamboleo, Djobi Djoba e Baila Baila. A dança flamenca sempre impressiona por sua sensualidade e no espetáculo fica claro o ótimo trabalho de Juçara Correa e Kátia Barros, que levaram também o sapateado para dar mais ritmo às danças. As lutas de esgrima selam a época em que a história se passa e os instrumentos são fielmente utilizados, ensaio de Flávio Nabeiro e a coreografia de Marcelo Rodrigues.
O cenário é simples, porém atende ao palco do teatro, que não é tão grande quanto os usados por grandes musicais, permite que a visualização da história seja temática, utilizando cores da Espanha, quando a cena se passa em Barcelona, e as construções rústicas da Califórnia, na época, projeto do cenógrafo Alberto Camarero. A iluminação fica por conta de Wagner Freire, que leva ao palco a projeção de cores que aplicam profundidade, solidão, tristeza, alegria, ambientalização, dia e noite, de acordo com as cenas. O figurino é de Paula Valéria, que leva cores e elegância. Achei que faltou um pouco mais de som nas pulseiras, nas moedas presas às cinturas das ciganas, creio que isso não atrapalharia no som, e sim faríamos ver as ciganas com mais vaidade, como elas são. Ainda penso que faltou utilizar de algumas coisas, bem como fogo para impressionar mais na marca em que o Zorro sempre deixava em suas batalhas, e que a marca do Z de seu nome fosse melhor frisada em alguns instantes, o que foi utilizada apenas uma vez.
A produção de Murilo Rosa, César Castanho, Vitor Cardoso e Tathiana Senra fica até 24 de outubro, e recomendo aos que querem dar um pouco mais de aventura, romance e alegria às noites de sexta e sábado às 21h e domingo às 19h no Teatro das Artes, no Shopping Eldorado, onde os ingressos variam de R$ 60,0 a R$ 140,0. “O Zorro” tem 150 minutos em 2 atos, com intervalo de 15 minutos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário