Mais do que um show, em qualquer palco que ele pisa a música funde-se ao teatro. Ney Matogrosso é simplesmente o maior artista vivo deste país! Ele prova isso em todos os seus espetáculos, com seu leque de figurinos, de expressões, repertório e a impecável iluminação, sempre assinada por ele. Na última sexta (11) e sábado (12), Ney desbravou o palco do Teatro Bradesco, em São Paulo, a mais bela arena contemporânea da capital, que "ganhou um colar de pérolas" com a estupenda atuação do cantor.
Com o show "Atento aos Sinais", Ney assinalou diversos recados ao público, recheando o repertório com canções incisivas, capazes de lacerar qualquer falsário que se diz artista. Ney Matogrosso é a prova viva da arte em movimento.
Luzes, roupas, expressões - tudo que ele mais trabalha em suas produções. Ele abusa da arena como um leão que é enfrentado por um gladiador. Ney abre o peito para um país de cultura decadente e finca um bisturi num dos alvos mais doentes da nação: a música! Ele faz a gente querer ouvir mais, idolatrá-lo ainda mais... e a ele sinto que não devo poupar predicados. Ney é algo além do gigante.
O cenário desse espetáculo todo é um recado ao novo, ao atual. Ney, atenta-nos aos sinais do moderno, da fusão das informações com o que há dentro de cada um de nós. Ele caminha por diversos campos, contempla um show pra cima, alegre, e fala de tudo, parecendo que está apenas cantando. Cantar, tratando-se de Ney Matogrosso, não é apenas cantar... é suar sangue e gozar letras.
No repertório, Itamar Assunção, Dani Black, Lobão, Paulinho da Viola e Criolo, entre outros. Uma miscelânea sem precedentes e que já era em tempo. O espetáculo tem um arranjo belo e composições, que ao passar pelo açúcar condensado das cordas vocais de Ney, inovam-se e deixam a música popular brasileira mais popular, mais próxima de nós, os imortais. Ney tem a estrutura de um imortal, mas desmistifica-se disso, ao descer à plateia e convidar o público a beijá-lo.
Ney canta para o público, adentra, por meio das vísceras, em cada órgão e cria espasmos dentro de nós. Ele olha-nos como quem enfrenta a si mesmo... o artista, que compõe seu figurino no próprio palco, supera-se a cada canção. Ele é a catarse dele mesmo!
O show chegou ao fim nos batuques de samba, com "Ex-amor", numa noite em que luzes adentraram luzes, olhares penetraram olhares e a voz imperou única num teatro de ouvidos acariciados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário