Há uma semana o quarteto feminino irlandês Celtic Woman chegou ao Brasil para uma maratona com a imprensa. Na última quarta-feira a mais esperada das aparições do grupo aconteceu no Espaço das Américas, em São Paulo. O primeiro dos cinco shows foi um concerto em grandioso estilo. Um desenho de vozes perfeito sob a regência de um grupo de músicos impecáveis!
Máiréad Nestbitt, Susan McFadden, Máiriéd Carlin e Lynn Hilary pisaram com o Celtic Woman pela primeira vez nas tropicais terras brasileiras. O país das intensas batucadas abriu os braços para a gaita de fole e a estonteante história celta contada pela afinação de simpáticas moças.
O violino parecia rabiscar o silêncio, que ia perdendo-se quando os belos apitos vocais cristalizavam o espaço. As meninas despejavam notas como se acariciassem as cordas vocais, introduzindo aos nossos ouvidos mesclas divinas de composição e melodia. Algo quase inexplicável e irresvalável!
Era como se deuses descessem à Terra para mostrarem a beleza de sua mitologia...
Não eram apenas vozes a grandiosidade do espetáculo, e a lona da beleza estendia-se para além do piano, da guitarra, da percussão e da gaita... o sapateado irlandês e o coro Aontas deixavam o silêncio ainda mais emudecido. A impávida postura musical e cênica de todos era bela e tremenda.
Para uma estreia o espetáculo teria de ser triunfal e assim foi. O repertório parecia ter sido escolhido por um artista plástico em pleno movimento de seus pincéis. As roupas desfilavam a beleza de uma cultura cercada de graça. O bom humor era um script imprescindível para algo que não é ópera, nem pop, tampouco clássico! O bom humor era o contorno de um espetáculo incalculável e sem precedentes.
Os brasileiros arquearam os olhos e dobraram os ouvidos à beleza da famosa composição "Orinoco Flow", muito conhecida na versão de Enya. As meninas entrelaçavam o instrumental com um vocal endeusado e o bailar de corpos e vestidos que emitia ventos àqueles supostos deuses que vieram das mitologias.
A gaita de fole anunciava o som do meio do público... como um solitário andarilho por uma estrada de hortênsias. Como se o solitário berrasse ao eco sinfônico das rochas que beiram essa estrada, a gaita de Anthony Byrne suspirava ao estribilho da plateia.
"You Raise Me Up" interrompeu o incrédulo espetáculo. Incrédulo de que seria possível reunir em uma noite tamanha produção. Num palco de cenário modesto, enriquecido de instrumentos, vozes e movimentos! A bela canção foi o cume para deixar o público em pé e extasiados em aplausos.
Até domingo (7) é possível encontrar o grupo Celtic Woman no Espaço das Américas, em São Paulo. Ainda dá tempo de não perder tempo!
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