Vestindo as cores do Brasil, uma mistura de cuba libre com caipirinha subia ao palco levada pela batucada típica de sua cultura, uma musicalidade afro-jazzística que até resvala na nossa cultura. Algo muito parecido com aquilo que fazemos por aqui, mas que fazem lá em Cuba com a intervenção de alguns belos sopros de trompete. Omara Portuondo esteve mais uma vez no Brasil para mostrar sua transfusão musical, e colocar o público em pé, como fazem os grandes cantores brasileiros. O show no Teatro Bradesco, em São Paulo, é uma carimbada nos bons passaportes musicais.
Omara, nascida em Havana no ano de 1930, acumula em suas parcerias um currículo invejável. Por aqui, já dividiu álbuns com Maria Bethânia. O inesquecível show das duas divas de suas nações veio à tona num pequeno trecho, quase recitado, "Marambaia" foi relembrada por Omara neste último show. O repertório de "Magia Negra" incluiu gloriosos sucessos mundiais, e uma sinfônica reunião de compositores conterrâneos.
Ao lado do maestro Swami Jr., que desta vez foi convidado para o show, Omara cantou e encantou a composição de Ibrahim Ferrer, "Dos Gardenias", sapecando em cada olho uma gota de lágrima.
A cubana esbanjou liberdade cênica no palco, e deixou de lado qualquer limitação amarrada pela idade. Dançou, como fazem em Cuba, e mostrou que não é só no Brasil que o rebolado é afinado. A cadeira, colocada para seu descanso, foi útil apenas nas canções serenas. Ainda sim, não por completas. Omara queria estar na altura de seus músicos, aplaudindo-os a cada canção.
Com uma textura vocal imperdível, Omara leva há anos o mesmo balanço nas pregas vocais, que embeleza os vibratos encaixados verso a verso. Debruçada ao piano, a cantora derramou todos esses vibratos interpretando uma das mais lindas versões de "Besame Mucho".
Vendo e ouvindo Omara tão de perto leva-me a crer na imortalidade da música!
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