domingo, 4 de março de 2012

Cabaret, o musical de todos os tempos


Na última apresentação de Cabaret, no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello explodem talento no palco e embarcam para o Rio de Janeiro levando para os cariocas um dos livretos mais incríveis da história. Com uma direção despojada e atenta a todo o conteúdo técnico, José Possi Neto imprime sua fantástica digital ao musical, ao lado de Marconi Araújo e a cinematográfica produção de Sandro Chaim.

A história é ambientada na cidade de Berlim, em 1931, e imprimi um romance entre a cantora do Kit Kat Club, Sally Bowles, interpretada por Claudia Raia, e o escritor americano, Cliff Bradshaw, vivido por Guilherme Magon. O romancista procura a Alemanha para ser cenário de seu novo livro, e hospeda-se na pensão de Fräulein Schneider, interpretada por Liane Maya, que também incluí seu romance no espetáculo, ao tentar casar-se, em plena ascenção do Nazismo, com o judeu Herr Schultz, vivido por Marcos Tamura. Cliff não consegue fugir da raia, e apaixona-se por Sally, que carrega a decisão de ir embora com o americano, ou continuar a dividir o palco do cabaret com MC, interpretado por Jarbas Homem de Mello.

O musical foi abrasileirado por Miguel Falabella, que dá ao roteiro um tom seriamente irreverente, se é que é possível usar a expressão. Mas, o texto de Joe Masteroff é movimentado no palco com maestria, pintando e bordando uma bela composição irreverente e dramática, expondo importantes temas históricos e culturais. José Possi Neto dá voz ao Cabaret distribuindo talentos sobre o palco uniformizando o espetáculo, onde forma-se um belo elenco, muito bem coreografado por Alonso Barros, que explora sensualmente o corpo dos atores, permitindo que os timbres cantem muito bem afinados ao compasso da direção musical e vocal de Marconi Araújo. O figurino é assinado por Fábio Namatame, que trabalha com tons esfuziantes, missangas, tecidos luxuosos, e veste a sensualidade dos personagens, além de fazer moda no palco e contrastar com a impecável iluminação de Paulo César Medeiros, rabiscando as dançantes e vívidas cores das luzes. O cenário é um lindo desenho de Chris Aizner e Nilton Aizner, ambientando o texto com elegância e dinamismo, ao lado da perfeita montagem dos cenógrafos Renato Theobaldo e Roberto Rolnik.

O elenco é um grande baile que explora sabiamente a beleza e a sensualidade de cada ator, jogando em cena a mescla sexual revestida por expressões e movimentos burlescos e irreverentes. Claudia Raia arrebata aplausos a cada canção executada por seu timbre marcante e que não intimida-se ao ter que encarar graves e agudos, e acerta no volume de voz e na flexibilidade de sua dança. Jarbas Homem de Mello, que interpreta o Mestre de Cerimônias, é o suspiro e o riso da plateia, enquanto exibe o corpo decotado pelo vislubrante figurino de Namatame, sua veia cômica pulsa o ritmo do espetáculo e destaca uma atuação impecável, com inteira entrega ao personagem e ótimo casamento cênico com Claudia e os demais. Guilherme Magon, enobrece o equilibrio dramático e cômico do espetáculo, ao lado dos talentosos Julio Mancini, Katia Barros, Marcos Tumura e Liane Maya, Alberto Goya, Alessandra Dimitriou, Carol Costa, Daniel Monteiro, Fabiane Bang, Hellen de Castro, Keka Santos, Leo Wagner, Luana Zenun, Luciana Milano, Marcelo Vasquez, Mateus Ribeiro, Rodrigo Negrini, Renato Belini, Rodrigo Vicente e Tomas Quaresma. Este é um dos poucos musicais, onde a importância de todos os personagens é evidenciada a plateia, que é invadida por estes que aproximam seus papéis ao público, quebrando tabus e o preconceito ao burlesco.

Se “Cabaret” fosse um musical permanente, como os da Broadway, seria recomendável sempre ao público, como uma reclicagem artística e uma didática de como se faz cenário, luz, maquiagem, perucas e cabelos, figurino, som e cena. Entre atores, a orquestra, a maestrina Beatriz de Luca, Miguel Falabella, Sandro Chaim, José Possi Neto, Marconi Araújo e Alonso Barros, junto as músicas de John Kander e letras de Fred Ebb, o musical resume-se no brilhante trabalho de uma vibrante equipe que nunca escondeu nenhuma carta na manga, mas a cada produção uma nova e certeira cartada é lançada para ser histórica. Eu simplificaria o deslumbre deste espetáculo em uma significante saudação: Bravo!

O espetáculo segue para o Rio de Janeiro e ficará em cartaz no Oi Casa Grande. Cabaret é um musical realizado pela COART, Chaim Produções e Raia Produções, com patrocínio máster do Banco BVA, e copatrocinio da Sul América Seguros e Previdência. Fotos: Divulgação e Ag News, respectivamente.

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