É
quase raro ver cenas como a que vi nesta última quarta-feira (7), que marcou a
estreia do show de Roberto Carlos na capital paulista. Enquanto cantava o mais
novo sucesso “Esse Cara Sou Eu”, que embala o tema dos mocinhos de “Salve
Jorge”, novela das 9 na TV Globo, o público do grande Ginásio do Ibirapuera
levantou-se e aplaudiu sem economia. Gritavam! Choravam! “Lindo!” “Gostoso!”
“Maravilhoso!” Era o fervor que o rei da música brasileira, coroado pelo
público, arrancava de todos os presentes.
Com
o eventual atraso, típico dos shows em São Paulo e para a expectativa acentuar
o frio na barriga do público, a introdução começou a ser entoada. Ao comando da
orquestra estava Eduardo Lages, o maestro escudeiro de Roberto, que entrava sob
os calorosos aplausos para dizer: “Que prazer rever vocês!”
Todos
aqueles sucessos de RC passearam por seu eterno timbre. É interessante como a
voz dele não altera e sua presença de palco é avassalada pelo despojado sorriso
vestido em elegância, com aquele paletó santificado em Jerusalém.
O
violão e suas mãos casam-se com uma beleza estonteante. “Detalhes” rebatia no
vocal do público que participava dos acordes como um coral imenso. O Roberto,
pra mim, é o rei da composição e o violão o revela aquele homem que do alto de
seu apartamento aquieta-se em casa sem pressa de compor. A letra pra ele vem,
ele não a provoca! Por isso fica tudo tão lindo. Por isso cada letra representa
uma escultura do nosso momento de vida, de um romance, de uma dor, de uma ida,
de uma saudade. Roberto cantou “Lady Laura” como se a mãe ainda a olhasse
orgulhosa da plateia.
O
show do Roberto não tem erro e parece que seus mais de cinquenta anos de
carreira refletem ai. Porque ele ainda é um menino, de Cachoeiro de Itapemirim,
cantando e fitando suas fãs que passeiam por todas as idades.
Roberto
não passa mais a vida compondo, pelo menos não coloca isso mais pra fora,
porque ele já escreveu de tudo e todo ano as mesmas canções são cantadas como
se fosse um lançamento. Ele não pode descartar as canções que canta em todos os
shows, porque o público quer o Roberto eterno e terno.
O
homem que já percorreu o mundo com seus sucessos, que alcançou vendagens de
discos como nenhum outro artista, levou às lágrimas a jornalista Glória Maria,
em seu show na terra santa. Glória apresentava o show. Eu entendo de onde saem
essas lágrimas. RC nos traz lembranças que vivemos e que ainda viveremos. “O
Portão” é uma história estalada numa melodia linda e que me derruba em todos os
seus shows. Daí pra frente eu assisto e ouço com poças de lágrimas nos olhos.
Depois
as lágrimas vão escorrendo como nas canções em que ele fala do suor de suas
“mulheres”, tão exaltadas nas músicas, que escorre ao seu peito cabeludo.
Um
texto, escrito há algum tempo, vai costurando as canções em diversos
pot-pourri, e um poeta cruza-se ao compositor. O piano vai calando, os sopros
findando, as guitarras e o baixo entram no rock’n roll de “Quando” e “É Proibido
Fumar” trazem de volta as discotecas e a jovem guarda que só aquele trio
ternura sabe fazer. É inevitável a lembrança de Roberto, Wanderléa e Erasmo
juntos. Essas canções os traduzem.
A
iluminação do show é um espetáculo que acontece por si só e vai embelezando a
silhueta de Roberto e tornando próximo do público o único Rei que faz turnê.
Por onde ele passa os ingressos esgotam. Acho incrível que ele ainda lote um
ginásio, sua história está na expressão de cada fã.
Recentemente,
a autora de novelas Glória Perez fez uma visita ao cantor e a ela, RC cantou
uma música. Estava fresquinha, do solo de seu violão nascia “Esse Cara Sou Eu”
e em pouquíssimo tempo tornou-se sucesso. Hoje, a música é tema do casal
protagonista da novela das 9, exibida na TV Globo. Qualquer novo “cantor” que
surja com um single falido de letra hoje consegue emplacar seu hit. E dizem que
os cantores da geração de Roberto já tiveram seus dias de glória. É maravilhoso
como RC contradiz isso com glória.
As
rosas vinham pousando nas mãos da mulherada, tinha até homem querendo as
pétalas beijadas pelo rei. Elas se debatem, empurram, gritam, pulam e laçam-se aos
caules como nenhum atleta faria. É compreensível. Cada rosa é um beijo de
Roberto, não simplesmente uma rosa. Essas não estão à venda em uma
floricultura.
“Jesus
Cristo” veio acompanhado de uma homenagem, o show terminou com Roberto de
braços abertos, enquanto dizia: “esse é o primeiro show após a partida da minha
amiga Hebe Camargo”. As lágrimas encrostadas nos olhos dele e o selinho que
Hebe lhe daria colocam um ponto final neste texto e findaram o show com uma
beleza e um perfume. Os aplausos, sem pausa, interromperam o tempo,
ultrapassando minutos. Essa semana tem mais, o que não tem é ingresso!
Resta agora reviver estas emoções, afinal, são tantas....Olha que must esta coleção: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-445427087-roberto-carlos-coleco-pra-sempre-completa-4-boxes-41-cds-_JM
ResponderExcluir