segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ei! Você aí, me da um dinheiro aí, me da um dinheiro aí...


Cassado, Kassab recorre da decisão da JE e ganha mais tempo para se explicar

Nesta segunda-feira a Justiça Eleitoral acolheu o pedido da defesa do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) e de sua vice Alda Marco Antonio (PSDB), cassados por suposto recebimento de verba ilegal na campanha de reeleição a prefeitura em 2008. Antes mesmo que fosse publicada a cassação de Kassab e Alda no Diário Oficial do município, seus advogados já cuidaram de suspender a ação da Justiça, o que levará o processo durante mais algum tempo até que se prove a verdade, ou não. Além do prefeito e da vice outras pessoas também pisam nesse chão de brasas, os vereadores Antonio Donato (PT), Arselino Tato (PT), Gilberto Natalini (PSDB), Ítalo Cardoso (PT), José Américo (PT), José Police Neto (PSDB), Juliana Cardoso (PT) e Marco Aurélio Cunha (DEM), fica até cansativo ler uma lista dessas, ainda mais quando se diz de pessoas que receberam votos do povo. Os números são altos, na suposta doação registrou-se $6,8 mi e no próprio site de prestação de contas da prefeitura, o De Olho nas Contas, fala-se de $ 243 mi pagos a cinco doadores por serviços prestados a prefeitura, e é ai que está o motivo do processo.

A lei não proíbe que candidatos recebam doações para custear suas campanhas, desde que aprovadas pela JE, portanto legais. Porém o que consta no processo de cassação de Kassab é que o prefeito, enquanto candidato em 2008, recebeu o valor de empreiteiras prestadoras de serviços para o município, o que é considerado ilícito pela Justiça. Antes mesmo das eleições de 2008, a prefeitura já tinha contratos firmados com grande parte das empreiteiras e segundo o prefeito a atitude da JE acolher o processo de acusação é de improcedência da ação com base na jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, visto que as contas já tinham sido aprovadas junto a seu plano de governo. O que também confirma uma deficiência no sistema de avaliação de contas, onde primeiro permite-se que o candidato se eleja para depois investigar melhor aquilo que restou duvidas. O fato é que estamos prestes a mais um escândalo na política deste país, mais um que envolve o DEM, e ficamos diante de valores incalculáveis e pouco vistos nas ações de políticas sociais como educação, saúde e moradia. O Superávit soma em 29% o valor arrecadado em contratos das empreiteiras envolvidas, assim é que chegamos aos $ 243 milhões de reais pagos pela prefeitura a estas empresas, sendo elas cinco construtoras, a Camargo Corrêa, OAS, Carioca Christiani Nielsen, Engeform e S.A Paulista. Em 2008 foram arrecadados pela coligação de Kassab e Alda $ 29,8 milhões de reais e agora incorporado aos cofres das empreiteiras os $ 243 mi, o que nos remete a pensar numa relação custo beneficio, ou um cabide de empresas apoiadas por um patrocínio. Como já disse Kassab e é claro que sabemos disso, muitos outros políticos usam deste meio para custearem suas candidaturas, mas não é motivo para jogar terra sobre o processo, acho que é motivo mesmo para debulhar outras candidaturas por aí a fora.

Além das cinco construtoras envolvidas a Serveng Cilvisan e a CR, que não receberam da prefeitura no início, AIB (Associação Imobiliária Brasileira) e o Banco Itaú também injetaram suas quantias na candidatura de Kassab, totalizando um valor de $ 10 milhões de reais patrocinados pelas empreiteiras. Por serem acionistas de concessionárias públicas é que a doação torna-se ilícita. O juiz Aloísio Sérgio Resende Silveira, da 1ª Zona Eleitoral, quando apurou que Kassab e Alda ultrapassaram os 20% do total recebido na eleição concluiu que a arrecadação irregular ilustra “abuso de poder econômico” que “altera a vontade do eleitor”.

O prefeito Gilberto Kassab diz não temer perder seu cargo, pois acredita na veracidade da justiça e que o processo não afetará a imagem do governador paulista José Serra. Nesta segunda-feira seus advogados recorreram da decisão judicial, o que mantém os direitos políticos de Alda e Kassab na prefeitura de São Paulo. Vamos torcer para que as contas sejam realmente feitas na ponta do lápis, assim como toda dona de casa faz quando vai ao supermercado e que a sansão penalize a quem precisa. Quanto a AIB, que servia de fachada a Secovi (sindicato do setor imobiliário) deve-se colocar em seu devido lugar, pois ainda não li em nenhuma página da legislação que sindicatos são liberados a participarem de piqueniques eleitorais, pois é isso que tenho presenciado, onde os candidatos estenderam a toalha sobre a grama e cada um levou aquilo que o alimentaria melhor e lhe feria crescer e ficar fortinho. Mas nem todo piquenique fica debaixo da sombra de uma linda árvore por todo o tempo, lá vem chuva alagar a festinha deles. Veremos até quando Kassab cassado será verdade ou ainda apenas um cacoete.

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