Gal
agora está em casa, São Paulo é o seu mais novo endereço e que, segundo ela, é
o lugar que mais lhe conforta e a retrata atualmente. Foi por aqui que ouvimos
a estreia paulista do álbum “Recanto”, do qual já falei, muito bem por sinal, em
minha estreia aqui na RedeTV!, portanto vou direto ao show, que aconteceu na
última quinta-feira (24), no HSBC Brasil, e também na sexta. Mesmo rouca, por
conta de uma faringite, Gal celebrou sua música no palco.
Numa
plateia recheada de estrelas, lá estava Caetano Veloso, o diretor de “Recanto”,
que sintetizou muito bem a história de Gal Costa nas letras das canções, de um
álbum completamente eletrônico. Gal surge ao palco iluminada apenas por um
facho de luz, e sob aplausos abre sua voz cantando “Da Maior Importância”,
antiga composição de Caetano. Logo era possível sentir a desobediência entre o
tom e as cordas vocais da cantora. Recentemente dois shows foram cancelados
decorrente à uma faringite, porém ela resolveu encarar São Paulo e prometeu
fazer um lindo show, e assim foi.
Gal
brincou, conversou com o público, era uma veterana menina no palco, ao lado dos
espetaculares solos do guitarrista Pedro Baby. Eu nunca pensei que ia assistir
e ouvir a maior cantora do Brasil rouca e achar tudo maravilhoso, de fato era
um recanto, onde cada letra trazia de volta sua história, seu tom, seu olhar e
revelava uma grandiosa atriz num palco da música. Em “Folhetim”, de Chico
Buarque, Gal deu voz ao público, e deixou que pudéssemos reforçar o tom que
parecia vir com suor se recuperando no show.
Em
“Miami Maculelê”, o funk aventureiro de Caetano, Gal também soltou o corpo, e
tirou o público das cadeiras. “Baby”, “O amor”, “Vapor Barato”, e então “Um dia
de Domingo”, relembrou os graves de Tim Maia. Gal o imitou na segunda parte, e
não deixou a voz perder o tom em nenhum instante. O show ia chegando ao fim,
quando Gal Costa voltou ao palco sob a baixa e intimista iluminação, cantando
“Mansidão”, “Força Estranha” e “Meu Bem, Meu Mal”. A voz já estava quente, São
Paulo entendeu a situação, e saímos de lá colocando Gal num posto ainda acima
do que ela já está, se é que é possível. Fiquei surpreso, ou talvez já
esperava. Não tenho medo de ouvir Gal, sei que será sempre suntuoso. Gal também
se ouve com os olhos, sente-se, e aí vem os ouvidos, que nunca se decepcionam.
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