
Quem
nunca ouviu um parente dizer: “entre com o pé direito!”, assim que compramos
uma casa? Pois, então, tem sorte maior do que deixar a música entrar na
frente?!
Despenquei
da capital paulista para o calor de Araçatuba, pouco mais de 500km do zum zum
zum de São Paulo. Chegar e ser agraciado pela voz de Gal Costa e as dedilhadas
no precioso violão de Luiz Meira é uma recepção para classe A. “Eu Vim da
Bahia”, lógico, foi assim que Gal pousou no palco.
A
baiana destilou sua arte e penetrou uma voz de deusa nas cordas de Luiz Meira,
que ia alisando-as com malícia. Eles fazem esse show juntos pouco mais que o
tempo de existência do Royal in Concert. Acabou parecendo uma comemoração
conjunta. Gal é a cantora mais íntima da música e trata-a como prata da casa!
Muitos
dos sucessos de Gal salpicaram na voz do público, eu, por exemplo, não pude
ficar calado em “Vatapá”, cai num dueto com ela. “Azul”, “Festa do Interior” e
deslumbres compostos por Tom Jobim e Caetano Veloso deram as boas vindas aos
moradores daquele venerável empreendimento. Ary Barroso também foi convidado e
ressurgiu pelo timbre insaciável da “Gracinha”. Sentindo-se em casa, ouso chamar
Gal de “Gracinha”!
A
arquitetura é a arte de dar vida ao desenho, de deixar em pé uma prospecção, um
monumento. A música é a arte de sonorizar uma pauta, uma composição, de dar voz
a alma. Parecem uma coisa só, um sentido só! Música e arquitetura encontram-se
com beleza no Royal in Concert, dando a lição de que música é coisa de casa, da
intimidade, do cotidiano.
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