sexta-feira, 21 de maio de 2010

Fabiana Karla é "Gorda", no Procópio Ferreira


Após apresentar a peça “Gorda”, de Neil Labute, no Rio de Janeiro, Fabiana Karla fica até junho em cartaz em São Paulo com o espetáculo, no Teatro Procópio Ferreira. Quatro atores retratam no palco o discurso do preconceito contra os gordos, com um cenário móvel e figurino elegante.

Porém é o pouco que se tem a dizer de positivo apresentado pela peça, o tema é positivo, é importante se discutir o preconceito, sim. É importante. Porém não é interessante um texto óbvio, sem nenhum clímax, uma comédia ou um drama? Fica difícil distinguir, porém mais me lembrou um drama, pois as pitadas de comédia são poucas e ligeiramente engraçadas, nada que possamos sair contando para outras pessoas por aí. O sucesso de público não sei se é tão sucesso assim, pelo menos não vi o teatro lotado, nem cheio. Ocupavam-se as primeiras fileiras do Procópio Ferreira, que é grande, mas já o vi muito mais cheio. Acredito que o que mais atraí o público a assistir “Gorda” seja o sucesso da atriz Fabiana Karla no programa Zorra Total, da TV Globo e mesmo assim sua desenvoltura na peça é frigida, é mecânica e de inteira artificialidade, os movimentos de Fabiana são muito ligados aos ensaios, certamente, os olhares parecem preocupados com aquilo que está se fazendo, os outros atores até conseguem se sair melhor.

Fabiana Karla interpreta Helena, que se apaixona por um executivo, Tony, por Michel Bercovitch, que tem vergonha da moça, a qual também se apaixona, por ser gorda e pelo receio de apresentá-la aos amigos cria uma série de atritos emocionais. Flávia Rubin e Mohamed Harfouch completam o elenco como também dois personagens preconceituosos, ligados às imposições estéticas da sociedade. Algo me impressionou sim, ao fim da peça, que as vezes parece não ter fim, Helena e Tony choram ao se separarem, e essa foi a única coisa natural que vi na interpretação da peça. E mesmo quando fazem os agradecimentos ao público as lágrimas ainda permanecem nos olhos.

Traduzir um texto americano é muito arriscado, Neil Labute pode até ter sido bem falado por jornais, por críticos, por outras pessoas em lugares onde a peça foi apresentada, mas acho que não passam de textos frios também, apenas informativos, sem percepção artística daquilo que se assistiu qualquer um pode escrever qualquer coisa, sem fundamentos. Minha crítica é à interpretação e a encenação do texto, o diretor Daniel Veronese talvez não tenha trabalhado com mais dinamismo e clareza o equilíbrio da comédia e tragédia nos ensaios do texto, pois a graça perde para a tragédia, que é tão óbvia e sem solução. Que existe o preconceito, todos nós sabemos e vemos a todo instante, mas e... o que se pretendia com isso na peça não fica claro, nem existe. A altura do som acaba assustando alguns espectadores, no intervalo da troca de cena, por um cenário muito simpático, um som é inserido ao instante, porém descontroladamente, alto demais. A iluminação ainda me pareceu muito pouca, a praia nem me lembrava praia, de tão mórbida que ficou, a cena da lanchonete é cansativa, sem texto quase. Enfim, gosto muito do elenco, mas nenhum pouco do texto e da interpretação. Talvez fosse melhor não ter estendido o espetáculo para junho.

A peça “Gorda” está em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, na Rua Augusta, de sexta à domingo. Os ingressos podem ser comprados pela Ingresso Rápido, onde os preços vão de R$ 60,00 à R$ 70,00.

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