terça-feira, 18 de maio de 2010

“Meu amigo Charlie Brown”, mais um musical da Broadway no Brasil


O musical “Meu amigo Charlie Brown” estreou em 13 de março, em São Paulo, no Teatro Frei Caneca, baseado nas histórias em quadrinhos e tirinhas famosas de Charlie Brown e seu cãozinho Snoopy, criadas pelo desenhista Charles M. Schulz em 1950, preserva a característica dos personagens, dando a característica ao espetáculo como um desenho ao vivo.

Com adaptação brasileira e texto de Mariana Elisabetsky, que também interpreta Sally Brown, irmã de Charlie Brown, o musical aborda alguns temas não tão infantis, ou nenhum pouco infantis, com direção geral de Alonso Barros, as cenas ilustram os mesmos adereços dos retratados pelos lápis em quadrinhos, os atores são bem característicos e movimentam-se e falam como personagens de desenhos.

A cenografia de Chris Ayzner é bem colorida e versátil, onde os próprios atores movimentam as trocas de cenário, alterando todo o contexto da cena, fazendo como acontece com as passagens de atos em óperas. Os figurinos de Jô Resende relêem bem os vestidos de Sally e Lucy, e as camisetas listradas dos amigos Shoeder, Linus e Charlie. Toda a costura permite que passemos dos quadrinhos para a realidade sem que possamos notar, sabe-se que ali são atores reais, mas o figurino é um dos mais relevantes e, por mim aplaudidos, fatores para nem notar que ali não é um desenho animado. A iluminação de Paulo César Medeiros deve ser destacada aqui, pois toda a vivacidade de cores, posicionamento dos canhões de luz e direcionamento dos raios fazem com que a movimentação dos atores ganhe tempo, período, onde numa história infantil é fundamental situar o espectador sobre dia, tarde e noite, e climatizar os ambientes, bem como casa, campo de beisebol, pátio da escola.

A história é de Charlie Brown, interpretado por Leandro Luna, um menino de humor delicado, é melancólico, anda sempre com os ombros recaídos e os braços pendurados. Teme a ausência de amigos, e sente-se sempre rejeitado pelos outros, a não ser o seu grande amigo, o cachorro Snoopy, interpretado por Frederico Silveira. O dia do amigo é onde a turma de Charlie se reúne para trocar cartas, o jogo de beisebol e as brincadeiras. O texto traz uma homenagem ao compositor e pianista Beethoven, onde Schoeder, pelo ator Felipe Caczan, utiliza um piano cenográfico para soar à plateia as sinfonias tão famosas, porém é um tema que as crianças não conhecem, que fica vago entre eles, que são a maioria dentre o publico, mas o estimulo dos pais deve partir daí, em, quando chegar em casa, mostrar ao filho quem foi Beethoven, ou até o próprio irá assimilar isso em algum instante. Os arranjos são harmônicos, não houve deslize algum em tempo e melodia, a proximidade do Maestro Marconi Araújo, que fica no poço, em frente ao palco, enobrece o espetáculo e da autonomia às canções, permitindo mais realidade ao musical. O que mais encanta o público e que me chamou muito à atenção foram os recursos visuais, um telão que reflete um projetor é utilizado para ilustrar o manuseio de uma pipa, por Charlie Brown, que vai a empinando até que a pipa deixa de ser uma ilustração audiovisual e cai do alto para as mãos de alguém na plateia, como acontece nas cortadas de linhas.

A atriz Mariana Elisabetsky, que interpreta Sally, é sem dúvidas a maior pitada de humor do espetáculo, sua baixa estatura, porte, entonação vocal e imposição artística dão a ela um forte destaque no musical. Mas quando falamos de voz, Fred Silveira, o Snoopy, me fez realmente acreditar que eu estava num belo e bem produzido espetáculo da Broadway, além de Lino, personagem de Thiago Machado, que vive com um paninho e é sempre espezinhado por isso, também tem uma ótima postura vocal ante as canções. Paula Capovilla, que interpreta Lucy Van Pelt, a menina de vestido azul, voz estridente e apaixonada por Shoeder, ocupa o papel irreverente do musical, fazendo comédia as paixonites na infância. A produção geral e que mantêm o estilo americano de musicais ficou por conta de Ricco Antony.

Para o Brasil é extremamente importante que o teatro abra suas portas para os temas infantis, assim como “Meu Amigo Charlie Brown”, que o que se pode exprimir daí é a preservação das boas amizades e o respeito à cultura de cada um dentro de uma tribo, ou de uma turma. O musical estará em cartaz até o dia 30 de Maio, no Teatro Frei Caneca, aos sábados e domingos, por R$ 60,00 reais e a meia entrada atende as normas e também quando apresentada uma lata de leite em pó na bilheteria. O horário é completamente atrativo aos pais que querem levar seus filhos para verem o espetáculo, às 16h. Os ingressos são comercializados pela Ingresso Rápido pela internet ou na bilheteria do teatro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário