sexta-feira, 16 de julho de 2010

“Jekyll & Hyde – O Médico e o Monstro”, as duas personalidades do homem numa grande superprodução


Em cartaz no Teatro Bradesco, em São Paulo, mais um musical da Broadway que vem fazendo sucesso, Jekyll & Hyde – O Médico e o Monstro impressiona por sua superprodução e toda reflexão que o texto promove ao público. O espetáculo estreou em 15 de Julho trazendo 28 atores e 17 músicos numa orquestra, além de mais de 150 pessoas envolvidas no projeto.

O Dr. Henry Jekyll, interpretado pelo experiente ator Nando Prado, inicia a história tentando curar a debilidade de seu pai. Numa reunião com o conselho do hospital ele propõe uma experiência com algum paciente cobaia, seu propósito era isolar o mal das pessoas, acreditando que todo o ser humano é dividido por duas personalidades, o mal e o bem, um ótimo propósito para se escrever um belo roteiro de musical. O conselho não aceita o pedido de Jekyll, que então secretamente se faz de cobaia da própria experiência, quando todas as noites tomava um reagente que despertava seu alter-ego do maligno. Às vésperas de seu casamento com Emma, vivida pela atriz Kiara Sasso, ele envolve-se com Lucy, interpretada por Kacau Gomes, uma meretriz que apaixona-se por ele, porém nas noites em que o lado mal do médico vem à tona, personificado em Edward Hyde, ela é sempre cercada por ele. Tudo é uma grande tragédia, que assusta Londres, na época de 1885, quando Hyde, o lado mal de Jekyll, comete uma série de crimes pela cidade.

Apesar do clima de suspense proposto pelo roteiro, não há violência, nem agressividade nas cenas dos crimes. As cenas são típicas de um musical da Broadway, as pitadas de sensualidade e o timbre das vozes dos atores pincelam o perfeito trabalho da direção de Fred Hanson, do diretor residente Léo Abel e da articulação dos próprios atores. A trilha sonora é toda ao vivo e completamente condizente com o texto, no poço uma orquestra composta de 17 músicos, em bom entrosamento, porém a percussão e a bateria por vezes esconde a voz dos atores, o volume dos microfones estava um pouco baixo, para o volume da orquestra. A direção musical é assinada por Paulo Nogueira. O cenário retrata fielmente as ruas de Londres, as casas e o cabaré, onde todo o dinamismo e mecanismo de troca são realizados sincronicamente, sem que hajam falhas de saída dos atores. Em um instante uma chuva cai sobre o palco, de água mesmo, onde Emma e Lucy cantam em cenas diferentes de sua rotina, e finalizam a música cantando com um guarda-chuva. O escoamento da água é muito bem feito, não permitindo que qualquer ator escorregue no palco, pois a queda de água é feita na parte frontal, onde há a saída para a água. O perfeito cenário, que envolve uma passarela feita em alumínio e todos os ambientes é obra de JC Serroni, com assistência de Laura Reis e Carmen Pereira Guerra.

O figurino é imponente, os tecidos são bem cortados, bem acabados, desde os costumes masculinos aos vestidos das moças, impecável trabalho do renomado Fause Haten. A produção de Renata Alvim e outros é recebida por tamanha grandeza pelo público que aplaude o espetáculo ao fim com entusiasmo. Kátia Barros é diretora de movimento, que permitiu ao espetáculo toda sua sensualidade e ao mesmo tempo equilíbrio, não deixando que os confrontos tornassem lutas pavorosas e impressionantes aos olhos do público. O elenco ainda se engrandece e deixa o palco ainda mais nobre quando nos presenteia com a ótima dramatização de Blota Filho, que representa um mordomo exatamente retratando os moldes ingleses e a morbidez de seu personagem. Cidália Castro e outros atores atendem à brilhante superprodução com total disciplina artística.

O musical Jekyll & Hyde – O Médico e o Monstro fica em cartaz até 25 de Julho, de quinta a domingo, no Teatro Bradesco, um dos mais lindos e completos do país.

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