quinta-feira, 8 de julho de 2010

“Olhe Para Trás Com Raiva” o pós-guerra no palco do Teatro Vivo


Com texto de John Osborne e direção de Ulysses Cruz na versão brasileira, um dos mais famosos textos britânicos está em cartaz no Teatro Vivo, em São Paulo, “Olhe Para Trás Com Raiva”, um dos retratos da desilusão do pós-guerra que permeava entre os jovens.

O ator Sérgio Abreu protagoniza Jimmy, um jovem anti-herói, exausto das desigualdades sociais, simples e despojado, incomodado com os sogros, pais de sua esposa Alisson, interpretada por Karen Coelho, que deixou a família para se casar com ele. Vivem numa situação precária, seus trocados servem para comprar cigarros, os quais fuma enquanto passa os dias engomando roupas, vinda de berço de ouro, da cidade de Londres, crava diversas brigas com o marido, até sua separação. O personagem Cliff é vivido por Thiago Mendonça, este é um jovem desleixado, vendedor de doces e nada incomodado com o que acontece afora, é amigo de Jimmy e mora com eles no singelo e improvisado cômodo da casa. Uma amiga de Alisson hospeda-se em sua casa, enquanto apresenta uma peça de teatro, a qual ela é atriz, Helena, vivida por Maria Manoella convence sua amiga a voltar para Londres e se separar do marido, com isso ela torna-se amante de Jimmy e convive com as mesmas situações que criticava da amiga.

O drama é muito bem desenrolado, intrigas são bem articuladas e impactantes. Os atores climatizam muito bem o ambiente inglês, a frigidez britânica e a intensidade carnal. O público pode participar da peça comprando os docinhos vendidos pelos personagens, enquanto passeiam por entre as fileiras do teatro. A iluminação de Domingos Quintiliano é impecável, traz para os arredores do cenário a especificação do dia e da noite, sonoplastia bem ecoada, com sons da rua e do bater da porta, a direção de áudio e da trilha sonora é de Victor Pozas. O cenário, muito bem desenhado, retrata um cômodo simples, mesclando cama, móveis e aparelhos de jantar e de estar. A cenografia é de Milton di Biasi. O figurino nos permite voltar ao tempo, costura a costura remete a elegância das personagens mulheres e o despojo dos homens, assinado por Beth Filipecki e Renaldo Machado.

Recomendo a peça para todos que querem voltar ao tempo das histórias inglesas, do romance épico e de um ótimo triangulo amoroso. “Olhe Para Trás Com Raiva” fica em cartaz no Teatro Vivo até 22 de agosto.

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