quinta-feira, 30 de setembro de 2010
“Harry Potter e as Relíquias da Morte” fará suspense em duas partes
Já tem data marcada para a estreia da primeira parte do longa-metragem “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, dia 19 de novembro as telinhas dos cinemas no mundo todo começarão a exibir o fim da saga Harry Potter, lançada de início na coleção de livros de J.K Rowling, que já vendeu mais de 400 milhões de exemplares, traduzidos para mais de 67 idiomas, em 7 livros publicados. Já os filmes lançados renderam a segunda maior bilheteria do cinema arrendando 4,5 milhões de dólares, ficando apenas atrás de Star Wars.
Os filmes sempre trouxeram os conflitos entre Harry Potter e o Lord Voldemort, chamado de “Senhor das Trevas” pelos Comensais da Morte, seguidores dele. O bruxo é um dos mais temidos entre a ordem dos bruxos, porém não mais poderoso do que Harry Potter, o qual é o único que tem o poder de destruí-lo. Assim, Voldemort persegue Potter para matá-lo, porém o jovem protegido pelos pais consegue escapar e assiste à morte de sua mãe e do pai. Durante os 6 filmes que trazem a saga de Harry Potter, Dumbledore, fundador da Ordem da Fênix, criada para destruir Lord Voldemort, e diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde passa-se a maior parte das histórias, alia-se a Potter para ajudá-lo no confronto com o Lord, porém no filme “Harry Potter e Enigma do Príncipe” o velho sábio e bruxo morre. Agora, na sétima parte da história, Harry, Ron e Hermione iniciam uma nova missão para destruir Voldemort.
Os três jovens, Harry, interpretado pelo ator Daniel Radcliff, o amigo Ron, vivido por Rupert Grint, e Hermione, por Emma Watson, iniciam a missão de destruir o segredo da mortalidade e destruição de Voldemort – as Horcruxes. Os Comensais da Morte tomam conta do Ministério da Magia e de Hogwarts. O desejo de Voldemort é encontrar Harry Potter para que o Senhor das Trevas possa matá-lo e ter o poder total da magia. Potter, enquanto procura as Horcruxes, descobre a lenda das Relíquias da Morte, lenda essa que poderia dar a Voldemort o poder que ele tanto procura. Nesta guerra o dia mais esperado de toda a saga Harry Potter chegará, onde Potter e Lord Voldemort, vivido pelo ator Ralph Fiennes, se encontrarão para o confronto final.
Para os filmes, a exigência de Rowling, autora dos livros, que recebeu uma bolada em libras pelos direitos autorais, foi que o elenco principal fosse britânico. Steven Spielberg esteve nas primeiras negociações para dirigir os filmes, porém não era de acordo com a exigência de Rowling, além de outras, e desistiu. O longa “Harry Potter e as Relíquias da Morte” foi dividido em dois filmes, o primeiro estreará em 19 de novembro, e o segundo apenas em 15 de julho do próximo ano, assim a Warner Bros ganhará numa bilheteria muito maior do que teria com apenas um filme. A cena final do primeiro filme incorpora uma sacada de marketing para a produtora, onde assim que Lord Voldemort puser as mãos em uma das três Relíquias da Morte, a varinha mais poderosa de todas, conhecida como Varinha do Destino, ou da Morte, só poderemos ver o restante na última gravação da saga, em “Harry Potter e as Relíquias da Morte 2”, em julho de 2011. Assim a primeira parte estará de acordo até com o 24º capítulo do livro, e a segunda dará continuidade.
David Yates, que dirigiu A Ordem da Fênix e O Enigma do Príncipe, assina a direção das Relíquias da Morte, com produção de David Heyman, produtor de todos os filmes de Harry Potter, além de David Barron, também produtor do filme. O roteiro de Steve Kloves foi adaptado do sétimo livro de J.K Rowling. Lionel Wigram é o produtor executivo. A grande produção de Heyday Filmes, apresentada pela Warner Bros. Pictures estará nas telinhas do Brasil no dia 19 de novembro, trazendo mistério e suspense, deixando a maior parte de ação e conflito para o ano que vem, na segunda parte do filme.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
“O Soldadinho e a Bailarina”, estreia 2 de outubro em SP
O musical infantil, “O Soldadinho e a Bailarina”, estreia dia 2 de outubro, em São Paulo, no Teatro Procópio Ferreira, trazendo no elenco Luana Piovani e Pablo Áscoli, sob direção de Gabriel Villela, com o texto adaptado de Gustavo Wabner e Sergio Módena.
O texto é uma adaptação do conto “O Soldadinho de Chumbo”, de H.C Andersen, onde a proposta de Gabriel Villela, convidado para a direção do projeto, era arar o espetáculo com raízes culturais brasileiras. Sofia, a bailarina, interpretada por Luana Piovani, divide o quarto com outros brinquedos, empoeirados e esquecidos pelo menino Euclides, o Boneco de molas chantageia Sofia, pedindo-a em casamento, caso recusasse todos os outros brinquedos sofreriam as consequências. Porém com a chegada do soldadinho de chumbo Perneta a história ganha o tom de romance, ele e Sofia se apaixonam e planejam uma fuga, mas as consequências disso ficam nas mãos do Boneco de molas.
Estive na pré-estreia do musical, que é curto, fica em torno de 55 minutos, tempo bom para um espetáculo infantil, visto que muitos dos mini espectadores ficam inquietos e se manifestam o tempo todo. As danças são de pouca coreografia, não existem tantos movimentos de balé, o que daria muito mais beleza à peça e ilustraria muito mais o título. As canções desenham toda a infantilidade do musical, “Marcha Soldado”, de domínio público, foi muito bem colocada no roteiro, assim como todas as outras, a direção musical é de Victor Pozas e Ernani Maletta, letras de Sergio Módena. Todos os atores participam dos números vocais, a voz de Luana Piovani ainda não está de acordo com o lirismo que os musicais requerem, falta mais afinação. Pablo Áscoli apresenta-se muito bem no palco, assume a rigidez de um boneco de chumbo e veste o desenho de sua maquiagem tal qual um brinquedo. A iluminação de Domingos Quintiliano resume-se numa projeção azulada, deixando o clima mais leve e pueril. O cenário é projeto de Gabriel Villela, que traz elementos como de costume dele, guardas-chuva que são usados para que o espectador imagine uma caixa de bonecas, por exemplo, ou a janela em que os bonecos se debruçam, porém não acho possível que uma criança use tão imageticamente estes recursos, em “Calígula”, que teve direção de Gabriel Villela em 2009 o guarda-chuva também foi utilizado, acredito que este é um recurso que vem se tornando repetitivo demais em produções envolvidas por ele. O cenário é pouco, não poluí o palco, mas também não impressiona, o croqui foi muito fácil, com pouca sensibilidade artística.
Os figurinos são bonitos, porém importados da Hungria, esmaecendo a vivacidade brasileira que poderia aplicar-se, já que todo o projeto foi apoiado no resgate a brasilidade não tem porque usar modelos Húngaros. Além disso, o sobretudo vermelho, que o Boneco de molas usa, também trazido de lá, por Gabriel, dá um tom muito sombrio às cenas em que há sua utilização, o Boneco parece ter uma inspiração muito negativa, que ganha luz avermelhada no palco, ponto negativo pala a iluminação, que já perde toda a leveza que vinha trazendo ao espetáculo, e faz um medo desnecessário, a construção de toda a linguagem poderia ser mais adequada, duvido que muitas crianças entenderam o script dos personagens. O visual da bailarina não está legal, nem parece uma bailarina, remete muito mais a uma camponesa, talvez foi inspirada naquelas bonecas feitas a qualquer modo, sem cuidado e respeito a beleza da atriz.
Quem assina a direção de produção é Maria Siman, a realização é de Luana Piovani Produções e Primeira Página Produções Culturais. O espetáculo ficará em cartaz até 19 de dezembro, aos sábados e domingos, com estreia marcada para o dia 2 deste mês, no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. O valor da peça é R$ 60,0 um valor extremamente explorador, visto que é um musical infantil, muito bem patrocinado e apoiado pelo Proac, um programa do governo de São Paulo que deveria afogar muito mais os gastos de produção, deixando a bilheteria bem mais barata.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
"A Noviça mais Rebelde: o que faz uma freira de folga?
Existem assuntos que quando feitos em comédia caem num clichê, talvez falar de uma freira seja algo batido, pois é difícil encontrar quem supere, por exemplo, Whoopi Goldberg nesta tão religiosa função, no filme Mudança de Hábito. Porém no espetáculo, em cartaz no Teatro Leblon, na Sala Fernanda Montenegro, no Rio de Janeiro, a noviça não é rebelde, ela é muito mais do que isso, é “A Noviça Mais Rebelde”, interpretada por Wilson de Santos, e supervisão artística de Marcelo Médici, o espetáculo é inspirado no musical Nunsense, de Dan Goggin. Com muita irreverência essa freirinha faz a platéia pecar com muita graça.
Claro que o título dessa peça é uma boa sacada para relacionarmos com o filme, A Noviça Rebelde, com Julie Andrews, e com isso sabermos do quão é engraçada e logo corrermos para a bilheteria e comprar um ingresso, porém o título de qualquer coisa, até mesmo obras teatrais serão estratégias de marketing. Mas falando de A Noviça Mais Rebelde não há propaganda enganosa não, realmente a rebeldia desta freira nos leva ao riso o tempo todo, de repente um beato incomode-se com certas críticas, mas não ficará fora da irreverência proposta pelo texto, que não é nem um stand up, nem um monólogo, pois o público tem efetiva participação, e quem ainda for assistir saiba que pode ser fisgado pelo terço da irmã. Já que estou falando em quem ainda for assistir a peça, é porque a recomendo, as críticas à instituição religiosa que agrega e catequiza freiras são postas no texto de maneira sútil e muito engraçadas, mas também são abertos paresentes para falar de política.
Tudo isso torna uma comédia ainda mais completa, usar uma freira para divertir uma platéia é, sem dúvidas, ser alvo de críticas religiosas, mas não se preocupem que ninguém irá pro inferno por assistir a peça. Irmã Maria José faz parte da irmandade de Salut Marie que promove um show beneficente justamente no dia em que o senador José Sarney faz uma visita ao convento. Com o atraso da Madre Superiora, irmã Maria José envolve o público com suas brincadeiras e histórias, autorizada pela Madre à dar início ao espetáculo, mediante orações de abertura. O palco vira um cassino, o público joga o bingo, que reserva surpresas, a promoção dos patrocinadores é incorporada ao texto e valiosa para a graça do número. Imitações são feitas pela freira, onde o intuito não é aproximar-se da voz do cantor imitado, mas o ator Wilson de Santos consegue retratar muito bem a fisionomia destes. A trilha sonora é produzida por Ivan Huol e Cia das Vozes, e a tradução das músicas feita por Flávio Marinho e Wolf Maya.
Os jogos encenados e realmente finalizados em prêmios para algumas pessoas que são convidadas ao palco, dão clareza ao que muitas instituições religiosas são capazes de fazer para lucrar com seu papel cristão, porém nada que seja diretamente falado nem explícito. Como a Madre Superiora não aparece no show a irmã Maria José, ao lado da imagem de um santo tão desconhecido, o Santo Antônio de Categeró, e munida de um cenário que dá apoio as suas histórias sobre Adão e Eva, sempre contadas aos risos da platéia, toma conta do palco e junto às suas lembranças da juventude nos leva às gargalhadas, cantando, dançando e fazendo muito humor a freira desprende-se dos clichês e faz um espetáculo autêntico.
Ainda dá tempo de assistir e rir com “A Noviça mais Rebelde”, no Teatro Leblon, Sala Fernanda Montenegro, no Rio de Janeiro. O espetáculo está nas últimas semanas de apresentação, em cartaz de sexta e sábado 19h e aos domingos 17h, no valor de R$ 50,00.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Marco Luque prolonga temporada em “Tamo Junto!”
O apresentador mais badalado da TV Bandeirantes, do programa Formigueiro e CQC, está em cartaz no Teatro Frei Caneca, Marco Luque estreou em março seu stand up comedy “Tamo Junto!”, que teve a temporada prolongada decorrente ao sucesso de público em São Paulo.
Marco Luque faz um stand up sem qualquer caracterização, mesmo com o sucesso de seus personagens, “Mary Help”, “Silas Simplesmente” e “JacksonFive”, o ator procura proximidade ao público usando temas do cotidiano, até mesmo experiências próprias. Um comediante precisa ter a perspicácia de saber o que é engraçado para o público e o que é somente para ele, falar de experiências próprias pode ser algo arriscado por isso, mas Marco Luque abusa de suas expressões com a boca e o rosto todo, deixando a plateia à vontade para dar boas risadas, porém nem de tudo.
Como disse na crítica que fiz ao stand up de Oscar Filho, seu companheiro no CQC, há muitas similaridades entre os textos dos dois atores, coisas que para quem assistiu ambos os espetáculos tornam-se repetitivas. Acredito, ou pelo menos espero, que tenham um assistido ao outro e que realmente variem um pouco mais o humor no roteiro apresentado, insiram mais piadas, cada história que se conta é muito longa e perde-se tempo com isso, o espetáculo acaba muito rápido e deixa o público insatisfeito.
Marco Luque usa de alguns jargões que caracterizam o título do stand up “Tamo Junto!”, no início apresenta-se ao público e os integra ao texto, o que deve ser feito sem muito abuso num espetáculo assim, pois num stand up existe apenas um ator sem qualquer caracterização, quanto a isso Marco acertou em cheio.
O stand up não é daqueles que faz o público dar muitas risadas, porém reflete bastante comédia, sem concentrar o humor em palavrões demais, Marco Luque intercala sua vida com a de qualquer pessoa, contando casos e exemplificando com passagens pessoais. As interpretações dos personagens são melhores do que o stand up. No espetáculo ele acaba usando de algumas características de seus personagens, sendo nestes instantes que o público entrega-se mais ao humor e caem no riso.
Marco Luque está em cartaz com o stand up “Tamo Junto!” até o dia 27 de Outubro, todas as quartas-feiras 21:30, com ingressos no valor de R$ 50,0 no Teatro do Shopping Frei Caneca, 6º piso, em São Paulo.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
“O Amante”, pouco assunto em um grande tema
Está em cartaz no Teatro Nair Bello, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo, a peça “O Amante”, texto de Harold Pinter, com direção de Francisco Medeiros. No palco Paula Burlamaqui e Daniel Alvim vivem personagens que representam o conjugal e a liberdade conjugal.
O texto, única comédia de Harold Pinter, não é bem uma comédia como foi pintado o gênero, talvez por ser o primogênito humor do autor o roteiro não permita muita ironia e risos. Sarah, esposa de Richard, vive aventuras com seu amante Max, porém o marido também veste os moldes do relacionamento aberto, mantendo encontros com uma prostituta. O amor é sempre posto à prova neste emaranhado de traições às claras até que o clímax toma conta da peça.
A atriz Paula Burlamaqui, que interpreta Sarah, desempenha sua ótima atuação quando precisa dar para a personagem um grande toque de sensualidade, porém sua movimentação no palco é demais, ela anda muito e qualquer espectador fica sem saber para onde olhar, enquanto o texto de todos os diálogos são vagos, munidos de pouca informação sobre os personagens, pouca apresentação, são conversas curtas em um texto cheio de pausas, além dos intervalos para as trocas de objetos no cenário. O Daniel Alvin, apesar de manter um bom entrosamento com a Paula em cena, exprime muito pouco uma pessoa comum no palco, nota-se muito que o texto está sendo tecnicamente falado e pouco interpretado. A mudança do ator quando vive mais de um personagem é muito bacana, porém sua desenvoltura como um bom ator perde-se num texto de pouco interesse, que mais preza exibir sensualidade do que comédia e assuntos que ocupariam muito mais a imaginação do público.
O amante por vezes dota-se de uma postura mais selvagem, isso é muito bacana para uma comédia, ora o texto equilibra-se em carinho, ora sensualidade, mas em momento algum em comédia. Perde-se muito tempo quando os atores trocam de roupa fora de cena, se estamos assistindo um cenário que apresenta um quarto, a veste de um outro figurino poderia ser feita durante a cena, basta que o diretor articule muito bem a direção com a movimentação dos atores em cena. Os elementos que compõe as cenas são muito bem usados, desde as doses de uísque, até as almofadas do sofá, que a cada visita do amante, ou chegada do marido, são mudadas de lado, algo que substituí a cena por uma outra.
A iluminação é ponto alto do espetáculo, com a assinatura de Maneco Quinderé, que sempre faz seu ótimo trabalho em qualquer palco, atribuí muito bem o tempo e o clímax da peça, quando noite, percebe-se logo a mudança do dia, e toda projeção de luz sobre e através do cenário é maravilhosamente realizada. Os figurinos de Marichilene Artisevskis dão elegância às cenas, as sedas, as cores e o movimento que as roupas ganham no corpo dos atores também marcam ponto positivo para a peça. A cenografia compõe-se de persianas, que são utilizadas o tempo todo durante os diálogos entre os personagens, cores e modelos fazem um cenário bem desenhado, além de todos os outros objetos que também configuram o lar de um contemporâneo casal. As músicas foram bem selecionadas, porém deveriam ser mais usadas nos momentos de clímax e sensualidade, onde neste momento sim, o diálogo diminuiria e a cena seria de expressões e movimentos, a trilha sonora é de Aline Meyer.
O programa, distribuído em impresso na bilheteria, tem tonalidades de cores bem trabalhadas nas imagens, porém os textos escritos pelos atores e pelo diretor são grandes e com uma expectativa de um bom texto de comédia, um entretenimento que não é tão cômico assim. O público não reage tão bem às tentativas de humor dos personagens, pois para mim a reação da plateia num espetáculo de comédia é rir, e isso raramente acontece com algumas pessoas que assistem “O Amante”. O Teatro Nair Bello fica dentro da Escola de Teatro Wolf Maya, onde há um barulho alto dos alunos na sala ao lado, assim vazando todo o som para a sala de espetáculos, isso atrapalha a concentração dos atores e a atenção do público.
A intenção do tema é ótima, falar das relações amorosas rende muito assunto, porém o que falta na peça é assunto que renda. A produção é de Sonia Kavantan, e produção executiva de Ricardo Fabbri. “O Amante” está em cartaz em São Paulo, no Teatro Nair Bello, até 29 de setembro, com valores de R$ 30,0 à R$ 40,0, de quinta e sábado 21h, sexta 21:30h e aos domingos 19h.
domingo, 12 de setembro de 2010
Ney Matogrosso lota show em 'Beijo Bandido'
Foi ontem anoite que Ney Matogrosso deu um dos mais saborosos de seus beijos, num show em que o título foi inspirado na música “Invento”, de Vitor Ramil, que também está no repertório, 'Beijo Bandido' já tem um álbum com 14 faixas e viajou para vários lugares, São Paulo recebeu na noite passada este mestre da mistura latina com a música romântica brasileira.
Com acordes de teclado e lindas notas no violoncelo e violino o show resume-se numa súplica romântica, os embalos de tango e num tom mais latino são tirados dos sons da percussão que levantam o público para dançar no passos sensuais de Ney Matogrosso. O diretor musical de 'Beijo Bandido', Leandro Braga, espalha pelo público arranjos contagiantes, enquanto a iluminação também faz seu show particular sublinhando o palco com azul, vermelho e verde, combinações que fazem um cenário bonito e elegante.
Ney não está fantasiado, mas veste o belo figurino de Ocimar Versolato, terno beje e camisa branca, o forro vermelho do paletó banha a cadeira quando o cantor o descansa sobre o encosto, além de fazer suas performances, um pouco mais contidas do que o comum em seus shows, sua voz ecoou maravilhosamente bem no Grande Auditório, do Parque Anhembi, mas uma opção de casa de show para São Paulo. O público compareceu em peso, cantaram muitas músicas e acompanharam o cantor cantando a letra inteira de 'Fascinação'. Ainda passaram pelas páginas do roteiro do show 'De Cigarro em Cigarro', letra de Luiz Bonfá, que ganhou um arranjo marcante pela percussão e violino, 'As Ilhas', de Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro com seu acordes num tom de suspense, “Medo de Amar”, de Vinícius de Moraes, “Bicho de sete cabeças”, de Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha e “Segredo”, de Herivelto Martins e Marino Pinto tornaram a noite sublime.
A banda não é grande, mas é o suficiente para um espetáculo marcante, Leandro Braga (piano), Lui Coimbra (cello e violão), Ricardo Amado (violino e bandolim) e Felipe Roseno (percussão). O palco não está com aqueles cenários todos como do costume de Ney, um telão branco ao fundo do palco exibe imagens do cantor e recebe ainda um banho do show de luzes. Ele voltou mais de uma vez, após se despedir, e levantou o público cantando 'Mulher sem Razão', canção de Cazuza, Dé Palmeira e Bebel Gilberto, seu rebolado e expressões corporais completaram a grandiosidade artística do show.
Ainda fizeram parte do espetáculo musical de Ney Matogrosso, 'A Distância', de Erasmo e Roberto Carlos, 'A Cor do Desejo', de Ricardo Guima e Júnior Almeida, que lhe entrogou a música em Maceió, enquanto Ney fazia a turnê de 'Inclassificáveis', e 'Tango pra Tereza', de Jair Amorim e Evaldo Gouveia', que abriu o show. O público aplaudiu todas as canções e se manifestaram o tempo inteiro, enquanto Ney Matogrosso agradeceu e falou pouco com a plateia. A produção foi de Poladian, que permitiu aos paulistanos ganhar mais um 'Beijo Bandido'.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Oscar Filho de casa cheia no Stand up ‘Putz Grill...’
Ele já visitou mais de 70 cidades pelo Brasil, com mais de 100 mil pessoas nas plateias, agora Oscar Filho, o repórter do CQC, da Band, está no Teatro Frei Caneca, em São Paulo, com o stand up ‘Putz Grill...’.
Como todo stand up, está no palco o microfone com o pedestal, um banquinho e o comediante, pelo menos é isso que se espera de um espetáculo de comédia. Não é diferente em ‘Putz Grill...’, Oscar Filho aborda temas cotidianos, faz o público rir de coisas que talvez passem desapercebidas, sem vulgaridade nos termos ele mantém ponderação em todo o espetáculo.
O que mais chama a atenção para a desenvoltura artística de Oscar Filho são suas expressões, sua movimentação no palco, toda encenação de algumas coisas contadas por ele são hilárias, é isso que deixa o stand up bem mais engraçado. Eu, que já assisti ao Marco Luque, seu parceiro na Band, notei similaridades em algumas histórias, o roteiro algumas vezes aparenta o mesmo. Algumas piadas também se assimilam a de outros comediantes, que aplicam em seus shows, e essa é uma preocupação que os atores precisam ter ao construírem seu roteiro, o de assistir outros para não atropelar o texto com o de algum stand up já existente.
São bacanas as participações do público junto ao Oscar, tudo isso deixa as pessoas muito mais próximas ao texto, o que é tudo que o humor precisa. Piadas sobre televisão, filmes e propagandas sempre predominam nos espetáculos do ator, estes temas são muito bem desenvolvidos por ele. Já o assisti no Clube da Comédia, o qual ele ajudou a fundar, porém foi a única participação que eu achei válida, os outros atores ainda não encontraram a linguagem apropriada de um stand up, que é fazer rir.
Em ‘Putz Grill...’ o Oscar tem mais liberdade com o tempo para desenvolver suas piadas e interpretá-las, porém em cada tema demora-se muito, acredito que o stand up fica bem melhor quando ganha uma sucessão de piadas, assim o público não esfria. Sua linguagem é uma das melhores que se mantêm no stand up atual, o que tem deixado a casa cheia todos os sábados, 23:59h, no Teatro Frei Caneca. Os ingressos custam R$ 50,0.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
“Quem tem medo do Curupira?”, um folclore tipicamente maranhense
Está em cartaz no Teatro do SESI, em São Paulo, na Avenida Paulista, a peça “Quem tem medo do Curupira?”, um resgate ao folclore à moda maranhense, onde Zeca Baleiro estréia como autor. Os personagens menos falados do folclore voltam à cidade para aterrorizar os moradores, com muita música e batucada, e o melhor de tudo é que o espetáculo é gratuito.
Caipora, Iara, Saci, Boitatá e o destemido Curupira notam o esquecimento do povo da cidade pelo folclore, percebem que as pessoas podem já não sentir mais medo destes personagens e resolvem ir para a cidade assustar os habitantes. Cada um segue um rumo diferente, passam pela história ainda um pé de jacarandá que foge da cidade, um lenhador e um irreverente índio pop. Toda a peça veleja por músicas que ressaltam a percussão maranhense e as letras compostas por Zeca Baleiro, que estréia como autor maravilhosamente bem, claro que com algumas retificações de direção a serem feitas, porém nada que retire um mérito literário das mãos de Zeca.
A atuação de cada ator é tipicamente pueril, faz qualquer adulto tornar-se criança como espectador, a dicção, as expressões e os movimentos corporais fazem como se cada personagem se destacasse de um livro de histórias, porém com um tom bem contemporâneo, algo que sempre incentivo aos autores, inserir os temas atuais aos roteiros. A musicalidade proposta por Zeca é ótima, cada ator encaixa sua voz num tom doce, ou grave como o Curupira, que vem numa versão roqueira. Daniel Infantini, Danilo Grangheia, Flávio Rodrigues, José Renato Mangaio, Lavínia Lorenzon e Thais Pimpão formam um elenco jovem, que faz bonito em cena. Os movimentos no palco são acompanhados pelos batuques da percussão e o rústico de cada personagem.
A iluminação está muito bem desenhada, trabalho de Wagner Pinto, que leva cores de floresta, de cidade, e trabalha bem com a multimídia da peça, onde são projetados vídeos em telas que levam escapamentos pregados, transparecendo uma cidade e sua poluição, cenografia de Duda Arruk, que permite que a luz permeie pelos poros do fundo do cenário lançando feixes entre os personagens, a fumaça e todas as cores de luz fazem um palco impecável e futurista, deixando a história ainda mais contemporânea. Os figurinos de Isabela Torres e Edson Fraga são bem retalhados e costurados, aproveitados apetrechos de vestes cotidianas, bem como botas e meias, ornando com uma diversidade de cores fazem que os personagens sejam descritos de uma forma diferente do que se conhece nas histórias, o curupira não é verde, nem tem aqueles cabelos vermelhos esvoaçados, assim como a calda da Iara não existe, e o Boitatá também não remete logo a uma cobra, porém toda a fantasia que os atores vestem aproximam ainda mais o público a uma nova realidade, fazem que cada um de nós note o distanciamento do folclore e insere o roteiro realmente numa vinda recente destas histórias para a cidade.
O musical propõe uma viagem ao nordeste, com o som tipicamente soado no palco, a percussão é ao vivo, num carrinho que é movimentado para os dois lados do palco. A história ganha ainda mais vida e ânimo, o público interage com palmas e a melodia das canções ganha ainda mais entusiasmo. A direção musical é de Zeca Baleiro, que participa com uma projeção multimídia, cantando um rap, e de Érico Theobaldo. Neste dia, o qual assisti ao espetáculo, o microfone do Curupira, que é posicionado entre a testa e os cabelos, falhou, este não é um dos melhores microfones para personagens que exigem muitos movimentos, ainda mais quando maquiados e vestindo chapéus, ou perucas, pois o suor interfere nos poros do fone, assim os microfones dos outros atores tiveram que ter o volume reduzido para não destoar o som.
Débora Dubois assina a direção do espetáculo, aplicando uma boa desenvoltura artística e respeitando a particularidade de cada personagem dentro do folclore, porém a Iara está um tanto sensual demais, mesmo na pele de uma ótima atriz, acredito que a cena em que ela da um beijo poderia ser substituída por um beijo na testa, ou na bochecha, e não na boca, visto que a plateia recebe crianças. O espetáculo é recomendado para maiores de 10 anos, por conter gírias e uma insinuação do uso de drogas, claro que tudo trabalhado com total leveza e preocupação. A assistência de direção fica por conta de Elidia Novaes, coreografias de Deise Alves e Letícia Doretto e produção de Cenne Gots.
O espetáculo “Quem tem medo do Curupira?” fica em cartaz no Teatro do SESI, na Avenida Paulista, em São Paulo, até o dia 12 de dezembro, de sábado e domingo às 16h, e de quintas e sextas-feiras às 11h com reservas para escolas. A peça é gratuita, os ingressos devem ser retirados uma hora antes do espetáculo na bilheteria do SESI.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Ivete Sangalo faz show histórico em NY
Foi na noite de ontem, 5 de setembro, que a baiana mais famosa do momento fez um show pra marcar história no Madison Square Garden, em Nova Iorque. Ivete Sangalo sacudiu o ginásio com aproximadamente 15 mil pessoas, durante três horas. Certamente foi uma das noites mais brasileiras que os Estados Unidos já registraram, o show foi grandioso, dirigido pelo renomado Nick Wickham.
O show começou com meia hora de atraso, mas Ivete chegou ao palco triunfante, cantando “Brasileiro” deu boas vindas ao público em cima de um palco com 30 toneladas de equipamentos, microfones que captavam toda a emoção do público, além de 17 câmeras de alta definição que registraram a gravação do DVD “Multishow ao vivo Ivete Sangalo no Madison Square Garden”, a superprodução custou o equivalente a R$ 5 milhões. A gravação foi a primeira de Ivete internacionalmente.
O figurino da cantora estava deslumbrante, foram diversas trocas, entre roupas mais artísticas e outras bem elegantes, o cenário estava esplêndido, houve um momento que uma caixa de presente trouxe ao palco Ivete tocando num piano a música “Easy”, de Lionel Richie. A baiana também se emocionou e teve que parar de cantar, o público aplaudia e a clamava constantemente. Na há defeitos para citar numa intenção tão boa que aproximou diversas nacionalidades no The Garden, além do timbre fantástico de Ivete reconhecido no mundo inteiro.
O primeiro convidado da noite foi Juanes, que juntos cantaram “Dar-te”, mesclando o português com espanhol. Quando Ivete interpretou o sucesso de Michael Jackson, “Human Nature” todo o público aplaudiu, certamente saudosos do cantor pop. Seu Jorge veio em seguida cantando “Pensando em nós dois”, uma canção inédita no timbre deste grande cantor. Além dele, Nelly Furtado presenteou o público com sua elegância e cantou com Ivete a música “Were it Begins”. Wisin & Yandel, que estavam confirmados para o show, não compareceram informando que tiveram problemas particulares e não puderam embarcar de Porto Rico. O argentino Diego Torres também misturou com a baiana o sotaque castelhano e cantou com ela “Agora eu já sei”, canção que também está no DVD “Pode Entrar”.
Chorando, Ivete Sangalo cantou “Me abraça e me Beija”, e no final do show acelerou o ritmo como se estivesse num trio elétrico, interpretou grandes sucessos de sua carreira e deixou o palco voando, pendurada em balões. O público não queria o fim daquele show, pediam bis e algo não programado aconteceu, ela voltou ao palco e chamou amigos na platéia, Netinho, Margareth Menezes, Preta Gil e Seu Jorge cantaram com Ivete sucessos do carnaval da Bahia, não contente com quem estava no palco, emocionada ela reuniu toda a equipe e finalizou o show cantando “Baianidade Nagô”. A produção de Caco de Telha Entretenimento e co-produção de Metropolitan Talent Presents ficará gravada no luxuoso histórico do Madison Square Garden.
‘Vamos?’, o diálogo entre sexos
O Teatro Imprensa é sede de um delicioso texto contemporâneo, uma comédia sobre os sexos e sobre o sexo, ‘Vamos?’ está em cartaz em São Paulo, na Bela Vista, com a ótima direção de Otávio Martins.
‘Vamos?’ é uma comédia contemporânea, das quais eu sempre procuro ressaltar a importância do texto atual, a peça nasceu no final dos anos 90 e já teve várias versões, nesta Mário Viana propõe um diálogo comum, independente do sexo, onde homem e mulher tem os mesmos desejos e na hora ‘H’ diferentes formas de reagir. Nenhum personagem é nomeado, algo que não faz falta no texto, pois na maior parte do espetáculo são dois atores em cena, logo o diálogo é sempre direcionado, quando não para o personagem, o papo é para o público, que não interage, porém a peça segura bem a conversa entre os atores, sem se tornar cansativa, pois é rápida e direta. Os personagens trocam de gênero durante toda a peça, homem vira mulher e vice-versa, está aí mais uma grande sacada de humor, Otávio Martins, o diretor do espetáculo transpôs de personagem para personagem um discurso similar, onde todos querem, mas na hora do ‘vamo-ver’ a reação é a mesma.
Falar de sexo é cômico, porém quando bem trabalhada a trama, poucos diretores conseguem eliminar qualquer vulgaridade nas expressões, em ‘Vamos?’ o linguajar é apropriado para uma comédia cítrica, onde misturam-se inúmeras possibilidades de se chegar a um finalmente. Durante o espetáculo os atores ficam bem a vontade, porém em alguns instantes isso acaba ficando demais, quando infiltram outros assuntos, ou fazem alguma brincadeira com quem está em cena, o que é engraçado, tira risos do público, porém em algum momento isso pode atrapalhar a concentração do ator para com o personagem, dispersando, além da plateia, o próprio ator que de repente pode se perder no assunto.
O elenco é bonito, tal como uma vitrine bem montada. Dalton Vigh, Tania Khalill, Rachel Ripani e Alex Gruli apresentam ótimo entrosamento em cena. No dia em que fui assistir ‘Vamos?’ Dalton Vigh foi substituído por Rafael Maia, que desenvolveu grandes papéis na peça, boa dicção, por vezes atrapalhada, porém causou bastante humor ao personagem. Estão ai também os merecidos aplausos pela direção deste bom stand in. A atriz Tania Khalil vive mulheres expressivas, movimenta-se muito bem no palco e usa os objetos de cena perfeitamente para sua desenvoltura. Quanto a Rachel Ripani eu desconhecia seu brilhante senso humorístico na dramaturgia, a peça lhe oferece um ótimo destaque sensual, sem tornar seus personagens volúveis, a atriz expressa o texto de maneira sublime, permite ao público que ria de suas feições e movimentações com o corpo. Alex Gruli é um destaque quando toma ao personagem sua feminilidade, na troca de gêneros, um ator espetacular e muito próximo ao humor cotidiano que o público procura para se entreter, exprime bem o texto entre angustias e graças que seus personagens pedem, e tonifica muito bem a voz e o corpo para cada cena.
O figurino de Elena Toscano é bem vistoso, as cores são bem trabalhadas e o jogo de estampas é igual para cada dupla de atores, casado à direção de trocas de gêneros. Márcia Moon descreve muito bem um apartamento no cenário, os objetos são bem práticos para a movimentação dos atores, para que cada um surja, seja da bancada, ou das pilastras sem que o público os veja sair ou entrar em cena, um trabalho também sincrônico à troca de gêneros. O desenho de luz é de Wagner Freire, que movimenta as cores no palco cautelosamente, sem que machuque as cores do cenário, além de preferir os tons mais claros, acompanhando a leveza do texto. O gênero latino da música de Ricardo Severo tem um arranjo muito bacana, as batidas são bem apropriadas para o tema do espetáculo, Rachel Ripani ainda exibe sua voz bem afinada na gravação.
A direção de produção é de Ed Júlio, e executiva de Waldir Terence, com realização da Baobá Produções Artísticas. ‘Vamos?’ está em cartaz no Teatro Imprensa de sexta às 21:30h, sábado às 21h e domingo às 19h, os ingressos de sexta e domingo R$ 40,0 e aos sábados R$ 50,0. O espetáculo ficará em cartaz até 28 de novembro.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
‘Novelo’, a prova de que homem é tudo diferente
Cinco homens em cena e muito o que tricotar, está em cartaz no Teatro Augusta, em São Paulo, a peça ‘Novelo’, onde irmãos com personalidades completamente diferentes encontram-se após muito tempo procurando o pai. Direção de Zé Henrique de Paula.
Depois de muitos anos, Mauro, o irmão mais velho, recebe um telefonema do hospital anunciando que um senhor, seu pai, está internado, e com a saúde debilitada, o telefone do filho estava num papel no bolso dele. Os cinco irmãos, que foram criados pelo primogênito reúnem-se para ter uma última palavra com aquele que os abandonou na infância. Mauro cuidou de João Pedro, Zeca, Maurício e Cláudio, visto que além do pai sumir a mãe havia morrido. Cada um com suas peculiaridades esmiúçam seu próprio perfil em cena, discutem diferenças entre eles, porém sempre protegidos pelos cuidados do mais velho.
O texto de Nanna de Castro permite ao público a aproximação de uma realidade tão comum na sociedade, além de falar da cautelosa relação entre irmãos com personalidades tão diferentes. A costura de novelos é bem trabalhada nas palavras, nada fica perdido em cena, todo o diálogo é completamente compreensível, o texto é bem inédito, adequado ao contemporâneo, comovente e cômico. O propósito do título da peça é esclarecido no instante em que os atores contam sobre os ensinamentos da mãe, um deles o tricô.
Mauro é interpretado pelo ator Flavio Baiocchi, que vive um irmão zeloso, assim como um pai herói ele busca sempre proteger a relação entre os irmãos e os aproximar. É um grande ator, intenso, expressivo e desenha seu texto com suas feições e expressões corporais. Alexandre Freitas vive o personagem Maurício, alcoólatra e sempre mais mórbido, um homem triste, perturbado por suas desventuras e magoado com o pai, o ator carrega em seu personagem o abismo de sua história, exprime uma das melhores propostas do texto, e parece ser o mais afetado pelo sumiço do pai e a saudade da mãe. Elvis Shelton, faz João Pedro, um homem mais delicado, cauteloso e distante da família, seu intelecto o deixa cada vez mais longe das discussões entre os irmãos, porém completa o mesmo sentimento que cada um tem pelo outro, João é um personagem calmo e sortudo por ser vivido por este ótimo ator, que sabe como equilibrar-se no palco, e apesar de interpretar um homossexual, não permite que o personagem torne-se um clichê, sendo portanto um homem de gostos diferentes, assim como cada irmão tem sua escolha. Como em qualquer família há aquele que empina o nariz, o que nem sempre por suar é o mais afortunado, assim é Zeca, vivido pelo ator Fábio Cadôr, que vai se destacando no palco por suas ironias e sarcasmo, um homem um tanto bossal e sem escrúpulos, o ator vai dando um expressionismo fantástico ao personagem e fica responsável pela maior parte cômica do texto, fazendo isso muito bem. O mais novo e descolado dos irmãos é Cláudio, interpretado por Flavio Barollo, um ator de muito talento, capaz de caracterizar seu personagem como um homem indeciso, especulado sempre pelos outros por ter uma namorada e herdar os trejeitos do irmão João. Ele é contente, porém equilibra-se num homem sentimental e feliz, sempre disposto a um abraço e dependente dos carinhos dos irmãos, com exceção de Zeca, os quais se entendem ao final de tudo.
Todos os atores fazem passagens incríveis entre a infância e suas idades atuais no texto, várias vezes retornam no tempo alterando a voz e suas expressões. Além de dirigir, Zé Henrique de Paula é responsável por um cenário simples, mas adequado aos movimentos que os atores precisam desenvolver e permite que a imaginação da plateia seja estimulada para que cada um construa a cenografia que couber em sua compreensão e emoção do que cada um codifica do texto. A iluminação de Frans Barros não exagera em nada, nem fica abusando de cores, trabalha apenas com um tom mais claro e outro mais baixo, climatizando bem o hospital e o espaço que os atores ocupam quando mudam a cena. O figurino caracteriza cada personagem, ao entrar no teatro os atores já estão em cena tricotando, e neste instante já podemos notar a personalidade de cada um por aquilo que vestem, as roupas acompanham bem as expressões de cada um, trabalho do figurinista Mário Queiroz. A trilha sonora surge dos momentos certos, os sons são cenário de fundo para os sentimentos e falas dos personagens, direção musical de Fernanda Maia.
A produção executiva é de Marisa Medeiros, e fica em cartaz no Teatro Augusta até 16 de setembro no valor de R$ 30,0. ‘Novelo’ é mais um texto contemporâneo dos quais eu recomendo. Após o dia 16 eles estarão no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt, também de quarta e quinta, assim como no Augusta, e ficarão de 22 de setembro a 28 de outubro.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
‘Até que o Casamento nos Separe’, a comédia da vida conjugal
O ator, diretor e bailarino Eduardo Martini está em cartaz com mais uma de suas peças humorísticas sobre relacionamentos, ‘Até que o Casamento nos Separe’ está em cartaz no Teatro Ruth Escobar, na sala Dina Sfat, em São Paulo. Com produção de Yara Leite e Adriana Amorim.
O texto de Cris Nicolotti e Eduardo Martini faz uma costura de piadas que resultam na comédia de um casamento que dura há 20 anos, porém cansados da rotina discutem sua relação e relembram passagens da vida conjugal. A atriz Vivi Alfano vive a intensa Maria Eduarda, uma mulher que ama o marido, mas que quer dar um “upgrade” na relação. Otávio, personagem de Eduardo Martini, traz um homem que passa o tempo todo retrucando sua mulher, tudo com um humor de qualidade, sem criar apologias, nem ridicularizar o casamento.
Na estréia do espetáculo, há algum tempo atrás, Cris Nicolotti era Maria Eduarda, porém atualmente a personagem é interpretada pela excelente Vivi Alfano, que vai se engrandecendo no palco, mostrando suas garras artísticas e caracterizando Maria como uma mulher temperada de várias maneiras, ora estérica, ora sarcástica, ora sensual. Ela sempre exibe em seu rosto expressões que acompanham seu ritmo humorístico, quando sensual, deixa que o corpo faça graça, enquanto o rosto descreve a cena. Eduardo Martini é conhecido por seus personagens cômicos, principalmente pela fisionomia que cria na pele do personagem Otávio, que é casado com Maria Eduarda e parece competir quem mais amou, quem deu mais atenção, e aponta sucessivos defeitos na esposa. É notória a presença de palco que Eduardo cria com seu personagem, dirigindo a si mesmo ele cola em suas falas e expressões textos cotidianos, atitudes rotineiras, que muitos deixam passar batido, mas quando expostos por ele sobre um palco não há quem fique sem rir.
A peça, que também fala sobre a importância do amor, desperta no público manifestações, quando falam de si mesmos e identificam-se com os personagens. A primeira cena é feita com os dois atores no palco, um de cada lado, eles fazem um tipo de ‘stand up’, onde trocam lembranças do casamento. Neste momento acredito que seria interessante os dois atores trocarem de lugar em dado momento, para que o público não precise escolher a quem direcionar o olhar. A iluminação raramente é projetada no palco inteiro, o que direciona melhor e restringe o espaço de encenação, deixando a estética do palco muito mais visível, sem que haja o perigo do estouro de claridade no palco. O figurino é ótimo, rápido de ser trocado e serve também como piada para o roteiro, alguns tecidos são iguais ao do outro, outros exuberantes demais e o do casamento é bem prático, fazendo então que a peça destaque-se em todos os detalhes.
Entre viagem, trabalho e casa, todo o melhor do humor que um casamento pode proporcionar está no roteiro do espetáculo, a tpm de Maria Eduarda é o ápice da comédia e da boa interpretação realizada por Vivi Alfano, a personagem esclarece bem como a mulher passa pela tensão, e Eduardo com toda sua experiência e ótima desenvoltura, tanto nas expressões, quanto na resposta cômica ao humor de sua parceira de palco, completa a cena como uma das melhores da peça.
O Teatro Ruth Escobar ganhou uma revitalização artística com peças de grandiosidade textual e de produção, e precisa sempre ser incentivado pelo público e por iniciativas investidoras para manterem o local como uma ótima referência teatral. O espetáculo ‘Até que o Casamento nos Separe’ ficará em cartaz até 28 de novembro, na Sala Dina Sfat, no valor de $ 40,0 de sexta 21:30h e aos sábados 21h.
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