Ainda
acontece, o cara de trás cutuca o traseiro do amigo com o dedo... dobra os
joelhos pra derrubá-lo. Conta uma piada. Faz paródia com a letra. Careta. Dedo
do meio. Tudo muito diferente do que há anos era praticado: mão no peito,
postura ereta e sem os plurais nas palavras em que o povo insiste em cantar
errado. Qualquer vacilo, a palmatória suava às mãos.
Sem
dúvidas, a letra mais bela de todos os hinos no mundo. Isso não é patriotismo,
e se for... que seja! É o único Hino em que a poesia é orquestrada. O Brasil
pode não ser uma poesia, mas sua representação em música e pavilhão são a
expressão notória da poesia.
É
dessa poesia que eu venho falar hoje. Tenho ido aos protestos em São Paulo, e
até as lágrimas caíram-me nesses dias. Olhar para o alto e adorar aquelas
mesmas estrelas que brilham na bandeira, enxugar as vistas com os lenços
brancos que penduram às janelas dos apartamentos, os aplausos, os velhos e os
novos lado a lado nas ruas, as frases de indignação nos cartazes, os olhos
lotados de esperança e vontade, o Brasil com a cara no pavilhão!
Tô
fora de falar dos vândalos! Sem visibilidade, eles somem. A mídia está adorando
todo tipo de vândalo, afinal, do que viveu a mídia até hoje, se não do sangue?
Estou
vendo de volta o Hino Nacional brasileiro nos olhos, nas mãos e na boca do
povo. A canção mais bela no ato mais justo, ele não podia faltar. O divino
maravilhoso que percorreu os protestos mais gloriosos da história. O Hino
estava na voz dos estudantes da Ditadura Militar, estava no calor das Diretas
Já, no sentimento de justiça no impeachment do Collor... e hoje, na futura
história do presente em que um País saiu de seu coma. O coma que fazia feliz o
Governo e a política. O coma que fazia o tripúdio politico para conosco. O coma
que arrancou os tubos e passou a respirar um ar que é tão nosso. O Brasil não é
dos senhores, políticos!
O
Hino Nacional está reescrito em todos os cantos do Brasil... já não é apenas do
Ipiranga que ouve-se o povo heróico e bravo retumbante. O sol da liberdade
brilha seus raios fugidos do Oiapoque ao Chuí.
O
penhor dessa igualdade ainda está sendo conquistado pelos braços fortes, agora
sim, podemos usar “braço forte” no plural. Essa é a grandeza mais gloriosa que
o futuro desta pátria espelha! O Brasil é um só... tá aí, nas ruas.
Iluminado
ao sol do Novo Mundo, de uma nova terra, que não é mais a terra da balburdia e
do carnaval da Constituição. Deitado eternamente em berço esplêndido é apenas
um verso poético que ganhou movimento. “Paz no futuro e glória no passado”!
O
Hino ganhou força, sem palmatórias, sem castigo. Renasceu do meio do povo...
cantam juntos no País e no mundo inteiro. Embaixo da flâmula verde, amarela e
azul voltamos ao sentido de Ordem e Progresso. É isso que nós queremos.
Isso
responde ao que vocês, políticos, ironicamente ainda não entenderam? Vocês não
sabem mesmo o que estamos fazendo nas ruas? Ordem e Progresso! É isso...
Minha
tia, dona Maria Luzia, cheia de bolinhas de gude nos bolsos, cantava o Hino dos
estudantes durante a Ditadura Militar. Minha avó, Marly Batista, estava no
bolso das greves que semearam profissões de hoje. Minha mãe, Ylram Batista,
pintou a cara de verde e amarelo para depor Fernando Collor de Mello. O que
estas duas últimas tem em comum? Além de mãe e filha, são professoras, baianas,
mulheres e tem voz. Nenhum preconceito derrubou o direito dessas mulheres. E
você, Marcos Feliciano, ainda acha que significa algo para a nação? Você é
apenas um suvenir da impunidade. Que, quando cair no chão vai quebrar.
Elas
lutaram no passado pelo futuro! Eu, e seus filhos, netos, sobrinhos, amigos e irmãos,
filhos da Pátria Mãe, fazemos jus às suas glórias. Somos nós que vamos às ruas.
Na Rio Branco, onde lutaram pela repressão. Na Avenida 7 de Setembro, onde nem
só de carnaval vivia a Bahia. No vão do MASP, onde colocamos um “presidente” em
seu devido lugar.
A
gente não precisa de futebol agora. Jogador sabe cantar o resumido Hino que
entoam antes das partidas? Nem cantar, nem interpretar. Vide Ronaldo e Pelé!
Cantem!
Amem! Exaltem! Tirem do peito, da voz, da alma, das mãos, do passado, do
presente e pelo futuro, o Hino Nacional Brasileiro...
Mas,
se ergues da justiça a clava forte,
Verás
que um filho teu não foge à luta,
Nem
teme, quem te adora, a própria morte.
Terra
adorada,
Entre
outras mil,
És
tu, Brasil,
Ó
Pátria amada!
Dos
filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria
amada,
Brasil!
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