terça-feira, 6 de agosto de 2013

Beth Carvalho está de volta


Não vou dizer que Beth está de volta ao samba, porque do samba ela sempre foi. Beth voltou ao nosso meio, aos nossos olhos e aos nossos ouvidos. A madrinha do samba e a atual detentora da coroa do gênero volta com o samba na rua e a estampar nos palcos as iluminadas cores da Mangueira. Beth já pensa no próximo DVD e tem mais é que pensar, a saudade estava batendo mais do que os tantãs.

Parece até ironia, duas das nossas mais gloriosas sambistas ficarem impedidas de baterem as sandálias no chão. Beth Carvalho e Elza Soares já podem cantar, ainda sentadas. O bom é que estão de volta à arena de suas vidas. Ao posto e ao congá que lhes foi batizado: o palco!

Beth com seu cavaquinho e a feminilidade arranhada nas cordas fazem renascer Nelson Cavaquinho sob a genialidade de Cartola. Como se arrastasse a barra da saia de Clara Nunes na terra de Angola e batesse as solas no chão de Clementina, Beth abre a voz com a mesma força que a Mangueira desbrava a avenida. Beth é o samba!

Como se búzios fossem chacoalhados nas mãos de uma mãe e os orixás ouvissem os urros dos filhos, num terreiro lavado por água de cheiro e manjericão, Beth da o tom aos batuques e não os batuques a ela.

Um ano internada, como se aguardasse os amigos no botequim, onde batemos com as mãos na mesa, e o dedo na caixa de fósforo. Onde apoia-se a água que sua do copo de cerveja e o camarão escorre seu óleo. Na tábua que bate a carta e arranham-se os naipes e entre as pernas agarram-se o timbau e os tantãs. Beth fez do quarto a sala do samba, a extensão de sua casa. Como é o palco!

A mesma Beth que passou o óleo do batismo e alfazema que abre os caminhos pra grandes nomes do samba. A mesma Beth que regravou os sambas na terra sagrada da Bahia e rebuscou os sambas cariocas descendo morros e deixando mais rosa a avenida verde da Sapucaí. Beth ainda é Beth. Atrás de Beth Carvalho “só não vai quem já morreu”!

Beth, você fez tanta falta! Tínhamos que repetir mil vezes os seus discos e recordar, quase que diariamente, sua imagem nos vídeos da internet.

O samba voltou ao tom correto. Temos a grande voz e a suntuosa presença outra vez. E essa saudade sua só vai nos fazer querê-la ainda mais nos palcos.

Hoje não escrevo como crítico. Apenas exprimo a importância de Beth Carvalho para a música.

O samba sem Beth Carvalho é como um rádio desligado, um violão sem cordas, um pandeiro sem o couro. Não é nada!

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