terça-feira, 13 de agosto de 2013

Daniela Mercury declara seus amores “Pelada” e poeta


Ela desceu dos trios elétricos, e desceu “Pelada”, como intitula sua nova turnê. Calminha, mas com uma energia de quem ainda parece cantar no vão do MASP, Daniela faz um quase acústico e desabrocha suas composições num jeitinho romântico e entrelaçando poesias. O show “Pelada” esteve na semana passada no palco do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

As pernas de Daniela tornearam o palco, que era cortado por uma iluminação interessante, capaz de irritar qualquer fotógrafo.

A baiana declarou mais uma vez o seu amor por Malu Verçosa e dedicou-lhe um texto capaz de tornar pó qualquer “Feliciano”. Logo engatou a canção “Meu Plano”, de Lenine, tornando o espetáculo mais sublime que seu próprio contexto.

Eu sonhava em ver Daniela numa arena mais acústica, só pra sentir saudades de todo aquele axé e reggae. E digo: já estou com saudades. Não é pra qualquer um, dançar e cantar sem esvoaçar o fôlego.

Daniela brinca com a respiração nas terminações e coloca em prática a física do trio elétrico.

Quase pelada, dentro de uma masculinidade singelamente feminina em um blazer e uma camisa. Como quem sai zanzando pela manhã com a primeira roupa que encontra arremessada ao chão. Aponta à plateia com intimidade e torna canções que ficaram lá atrás como se as estreasse em mais um auge de sua carreia. Daniela é uma mulher de mais de um auge.
Daniela acaricia os nossos ouvidos entregando-nos a doçura de sua voz e o solfejo de letras exprimidas de tantos amores. Utiliza de poesias para tornar ainda mais nobres as suas influências. Cheia de textos e de histórias para contar, como uma menina nostálgica que peita o presente.

“O Canto da Cidade” é a tradução dessa baiana, porque onde ela pisa faz-se o sentido da canção em seus movimentos. Ela é o canto de qualquer cidade. Ouvimos Daniela em qualquer canto, não apenas como alguém que agita multidões num trio, não uma ativista política, ou formadora de opinião. Daniela é ouvida como peça fundamental da música popular brasileira. Revive sambas e até o que ainda iremos reviver.

Os batuques africanos, que saem de dentro da negra cor em pele branca de Daniela, não deixam de apresentar-se na versão mais acústica de sua temporada. E ao final, ela volta ao trio, e com sua ninhada (os filhos) desce a Bahia para São Paulo. “Música de Rua” e “Canto da Cidade” vieram das ladeiras do pelourinho pra debaixo do vão do MASP, como foi no princípio.

Não vejo Daniela como marketing. Vejo-a como uma mulher corajosa e cheia de notas e referências!

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