quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Elba Ramalho santifica poesia do sertão nos palcos

Elba Ramalho. Foto: Nyldo RamalhoFeito uma enxurrada de vento no meio do sertão, como quem lasca à foice o mato seco e os galhos retorcidos apoiados na terra rachada que resvala o sol vermelho, Elba Ramalho risca nos palcos da cidade a dor, o choro, a paixão e a festa. Como quem traz nas costas um grupo de cangaceiros afiados, com sede de acorrentar o tempo, solavancos na madeira do palco açoitados pelo couro das sandálias igualavam-se ao som de um xaxado. Sanfona, marimba, viola nordestina, percussão, violino, flautas e o celo bateram asas na firmeza e delicadeza vocal de Elba. O nordeste fez folia em peso no Theatro NET SP, palco em que a cantora comemora seus 35 anos de carreira, no projeto "Cordas, Gonzaga e Afins".
Como quem suspirava a quentura desértica de onde respiram os cactos, Elba solfejava feito um anjo do sertão as orações poéticas de Luiz Gonzaga. Feito a célula mater de suas composições, ela regava a terra seca de onde a música vinha capengando e sem flores. Numa representatividade cênica delirante Elba vai de Ave Maria à castigada romântica. Derrama lágrimas com a voz e berros com os olhos! Fez do palco o quintal de um menino explorador e violentado pelo cárcere do silêncio que permeia as cabeças mortas pelos estábulos abertos dos recôncavos. 

Nenhum elogio faria jus ao sublime comparativo celeste ocasionado pelo choque sinestésico que Elba nos causa com sua inquietante presença. Feito beijo no asfalto de verão, canção por canção assava os corações de cada um de nós. Desfiando o linho de suas roupas, a cor de cada interpretação ia deitando-se pelos pedaços de letras deixados pelas cabeças esguias de gigantes compositores, deu-lhe a luz que ainda não havia penetrado na canção de Gilberto Gil, "Domingo no Parque", entoada em uma versão esplendorosa. Peitando a juventude, Elba fez-se criança ao rolar por baixo das bandeirolas de São João e desafiou o tempo, que na seca nunca deixa de rogar pelo santo das festas. Ora, é ele quem tem de garantir o milho de Junho!

O grupo Sagrama orquestrava todo júbilo da poesia nordestina, ia fazendo um cenário braçal e de sopros em que Elba deitava o violento timbre. Sagrama recitou nos instrumentos um jantar de letras e notas servido, em outras épocas, apenas aos deuses.

Elba Ramalho. Foto: Nyldo Moreira
Do incansável esforço de tornar gigante o que já é impávido, o quarteto de cordas Encore destinou às linhas de violinos a costura de um ritmo versátil. A forrozeira, a seresta e o mocambo cheio de som que vem desse tão falado sertão de "Mestre Lua" e Dominguinhos, ganhou uma versão enfeitada de bom gosto. Saber fazer música é gozar e quase morrer de tão bom! O baterista Tostão Queiroga e os sanfoneiros Beto Hortis e Marcelo Caldi completam as veredas desse sertão molhado.

Interpretando as poesias de Newton Moreno, Elba ia santificando a palavra e construindo à saliva um altar sob a projeção madura de sua voz. Palavras derramadas com a dramaticidade de um gigante astro. Elba Ramalho fazia da baunilha uma enorme orquídea, e da urtiga um mato que se come. A vontade era de tocar nessas palavras e senti-las como violentos espinhos de flor, ou como abóboras adocicadas.

Canções que já não ouviam mais no tempo, que caíram nos açudes e foram bebidas cheias de barro para dar a encorpada merecida. Elba Ramalho sabe como ninguém talhar feito queijo minas uma delicada especiaria que no nordeste chamam de música!

Elba Ramalho, Sagrama e convidados... interpretando "Cordas, Gonzaga e Afins" ainda traz toda uma linguagem visual, de figurinos, projeções e movimentos, que só os grandes sabem destrinchar. Transformar o simples em suntuoso, sem tirar sua característica brejeira é quase que achar mel esquecido em flor de cacto. Elba sabe como faz isso! Um cortejo, feito nos Dias de Reis, com as orquestras enluaradas, desmancharam-se no foyer com as mulatas, as branquelas e toda a gente pulando igual em festa de frevo.

O show será registrado em DVD, em um projeto da Natura Musical. A próxima apresentação acontecerá no Theatro NET SP hoje (26), às 21h. Ainda tem lugar!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mônica Salmaso canta o universo de Vinícius de Moraes

Foto: Nyldo Moreira
Um palco todo preparado para um pequeno concerto, de sopros, piano e uma voz que rebate a seda e exalta como flores desabrochando exibindo o som da abertura de suas pétalas ao tocar da sensibilidade do vento. Mônica Salmaso despejou, na última terça-feira (28), no palco do Theatro NET SP, as salivas de Vinícius de Moraes em notas. O show, ao lado de Teco Cardoso (sopros) e Nelson Ayres (piano) distribuiu a bossa em uma melancolia lírica.
Mônica rasgou o palco escancarando o endereço de Vinícius de Moraes, sim... Vinícius sempre morou na música. Seus olhos penetram nas pautas e mantém o homem em gole a gole de uísque ainda vivo. Costurando parcerias com Tom Jobim, Carlos Lyra, Chico Buarque, Ary Barroso e Francis Hime, Mônica foi embebedando o público com o sulco licoroso de sua voz serena e que parece encontrar finos espaços para deixar a boca. A cantora interpreta com o timbre canções que já empoeiravam e outras que domaram as rádios brasileiras.
Ela ousou duplicar a interpretação, que antes era de Ângela Maria, e genuinamente entregou-se ao "Rancho das Namoradas", parceria de Vinícius com Ary. "Olha, Maria", da parceria com Chico, escorreu pelos dedos como um pranto que não se pode segurar. Aquelas que a gente fica cantarolando por ai também encontraram na voz de Salmaso um jeito diferente de esboçar a bossa. "Derradeira Primavera" e "Coisa Mais Linda" foram doses homeopáticas que perduraram lindamente no silêncio do teatro.
Foi uma bossa autoral, descaracterizada, sobretudo no piano, para que encontrasse na voz da cantora um aconchego clássico e perdurasse suas características no que saia dos sopros. Fazia falta alguma nota das partituras reais esculpidas pelo piano da bossa nova, mas Mônica calava essa falta com a voz que delineava nossos ouvidos.
Foto: Nyldo Moreira
Os trabalhos da cantora parecem completar o anterior, seguem uma mesma linha de produção, como se andassem juntos. Isso, de repente, causa uma sensação de ouvirmos a mesma coisa e, ainda que com outro repertório, a impressão de que sua voz entoa as mesmas canções permanece. Os arranjos distinguem-se muito bem, mas os elementos utilizados pela artista não são renovados. É um estilo que ela adotou, e isso tem muito a sua beleza.
O espetáculo teve única apresentação no Theatro NET SP, que ainda vai receber Agnaldo Rayol e Ângela Maria num único show, e uma agenda repleta de coisas interessantíssimas, como Alcione, Elba Ramalho e convidados. Dá pra bater ponto lá, né?!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Maria Bethânia recita e lança livro de poesias

Foto: Nyldo Moreira
As aulas do professor Nestor Oliveira, no colégio público de Santo Amaro da Purificação (BA), arrastam-se nos palcos brasileiros e até na Casa do Poeta Fernando Pessoa, em Portugal. Maria Bethânia espanta as traças das arenas ávidas de poesia derramando palavras cheirando a alfazema. "Bethânia e as Palavras", que aconteceu ontem (21), no Theatro NET São Paulo, é mais uma oportunidade de conhecer o sexo entre a voz e a letra.
Quando estourava o AI-5, nos alpes de 1968, os livros de Reynaldo Jardim, queimaram no fogo da censura. "Maria Bethânia Guerreira Guerrilha" é a voz de Reynaldo nas cadeiras do "Opinião", quando o Carcará da baiana gemia no Rio de Janeiro, ao substituir Nara Leão no espetáculo. Reynaldo, inquieto, argumentou em poemas todo o seu deleite à Bethânia. Poemas parafraseando um diversificado trabalho tipográfico, desobedecendo a ordem das tipografias e deixando atenta a censura, que de tão burra empastelou a poesia do velho. "Maria Bethânia Guerreira Guerrilha" ganhou a nova oportunidade de lançamento, anos depois, no foyer do NET São Paulo.
Estapeando o couro do tambor, Carlos Cesar recebeu Bethânia soando para Iansã, quando os rabiscos do violão de Paulinho Dáfilin perfuravam o som. Naquele momento em diante nascia uma fera do som, igualando a música à poesia! Bethânia começou a derramar um agrupamento intelectual tão simples de chegar ao povo, e ainda tão banal por trás dos muros dos colégios. Trouxe como a voz de uma professora tudo aquilo que deveria estar numa sala de aula. Guimarães Rosa, Fernando Pessoa e sua turma de heterônimos, Manuel Bandeira e Cecília Meireles estavam entre os mestres dessa classe entoados à virilidade da santamarense. "Ler poesia é como ofender o mundo", esfaqueou à voz os ouvidos que tapam-se para o poeta.
Foto: Nyldo Moreira

Maria Bethânia derramava poesias como se estarrecesse o chão de alfazema! Destilou o cheiro de âmbar em cada canção que arranjava espaço entre a palavra dos poetas sem melodia... encarnou a poesia cantada de Caetano, Paulinho da Viola... e deixou cegar nossos olhos com a "Romaria" de Renato Teixeira. Igualou-se a uma entidade ao sambar os pés num templo de cultura cênica!
Colheu aplausos de dondocas dos narizes empinados, que foram apenas pelo convite patrocinado e deixou na íris de todos nós um saco de lágrimas rechaçado pela poesia. Homens grandes e pequenos, com fome e empanturrados, bem vestidos e maltrapilhos... todos, sorriram e choraram como se adentrassem às palavras dos poetas. A poesia é para todos e todos quase não sabem dela! Bethânia está aí, ainda pequena para o trabalho gigante que os professores exercem em sala de aula. Bethânia está aí, enorme para a arte!
Parafraseando o poeta, "Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende", sorriu em seu retiro, Guimarães Rosa. Estiveram essas e outras poesias, como gritos, como impávidos do som e da letra! Tornando, por exemplo, belo, complexo e triste a realidade da descrição em poesia do recôncavo baiano.
"Bethânia e as Palavras" é um conjunto, regido por cantora, intérprete, poeta, músicos e a macumbaria da língua portuguesa. O espetáculo é um pretexto que voltou para lançar o livro "Maria Bethânia Guerreira Guerrilha".
O espetáculo ainda será apresentado hoje (22), no Theatro NET São Paulo, mas os ingressos estão esgotados.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Quem matou Maria Helena?

Foto: DivulgaçãoDa série: "quem matou?" surge no teatro um novo texto, com um ar de comédia clássica e apenas um ator desenhando e dando espaço há diversos personagens, mesclando o caricato ao autêntico. "Quem matou Maria Helena?" está em cartaz no Teatro Folha, em São Paulo, com Eduardo Martini de volta às vestes de um homem, confrontado por sua própria história e enfrentado por seus próprios personagens. Blotta Filho assina a assistência de direção do texto de Cláudio Simões.
Quem pensa que Maria Helena é o centro dessa história pode até se enganar, ou de repente seja mesmo. Mas, Mário Augusto não entra na figuração... é ele quem desencadeia toda a fúria e bom humor dessa história. Poderia ser um conto cavernoso, mas suas tiradas cômicas, com equilíbrio de exageros, combinadas ao talento imediatista de Eduardo Martini deixam o tom pastel da cenografia absurdamente visual. Mário Augusta é dono de um abatedouro de galinhas, vive com Maria Helena, que teria sido assassinada em sua própria casa. Ou não?! Como teria sido essa história? Mataram Maria Helena? Quem matou Maria Helena?

A história é envolta de um grande suspense e um emaranhado de outras histórias. O roteiro é muito bem costurado, dando linha há diversas hipóteses sem perder o ponto. Esse novelo começa a ser desembaraçado quando Martini emprega um tom exato aos personagens. Sua fala é didática e suas expressões unem teatro físico às rubricas do texto.
A luz e o cenário são singelamente corretos, não há uma falha sequer! O exagero em pequenos detalhes das histórias intensifica o humor e colorem a história que parece ser sombria. De sombria não tem nada. Apesar de tratar-se de um assassinato, a comédia policial engana pelo título e rebusca nossa atenção para os contos noveleiros.
Mário Augusto, personagem de Martini, é um noveleiro, assim como Cláudio Simões, o autor! E a inspiração nos romances policiais da TV cai no palco do teatro.
Eduardo Martini lança ao humor suas pitadas dramáticas, espirrando emoção aos olhos do público e sapecando risadas aos rostos. O ator abusa de sua qualidade física e aproveita todo o palco sem a necessidade de um jogo de cena com mais atores. Seu timbre intensifica o texto e mostra que para esse roteiro não daria para imaginar outra pessoa em cena. Eduardo desenha no palco personagem por personagem e desmascara o monólogo, tira de dentro de si uma porção de gente e junta o quebra-cabeça aos olhos do público. As marcações são o ponto alto de sua direção ao lado do Blotta.

Já sabemos quem matou Odete Roitman! Já sabemos quem matou Salomão Hayala! E quem matou Maria Helena?
O espetáculo "Quem matou Maria Helena?" está em cartaz às quartas e quintas-feiras no Teatro Folha, 21h. Os ingressos custam de R$ 15,00 (meia) a R$ 40,00. Preço justíssimo! A dobradinha entre Eduardo Martini e Blotta Filho também está no Teatro Augusta, às sextas-feiras, com o divertidíssimo "Chá das 5"!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Quanto custa estacionar em SP?

Pegar o carro a noite pode render-lhe um assalto a mão armada e a queima roupa. Sim... pagar as bagatelas que variam entre R$ 30,00 e até R$ 60,00 para estacionar em teatros e casas de show é quase uma bala no peito! As opções mais baratas para deixar o carro podem estar nas unidades do Sesc, em São Paulo, onde o serviço não costuma ultrapassar os R$ 8,00. Em contrapartida, tem casa cobrando mais do que uma cesta básica!
As unidades do Sesc trazem grandes espetáculos com preços acessíveis, sobretudo aos matriculados. O estacionamento também tem desconto, tirar o carro de lá pode demorar um pouco na saída, devido ao fluxo, mas pode ser pior em outros lugares. A fila para estacionar e retirar o carro no HSBC Brasil, na Zona Sul da capital é assustadora e o preço mais ainda. R$ 35,00 é o desembolso para deixar o carro com os valets da casa. A empresa que administra o estacionamento é a Hot Valet, que também cobra R$ 30,00 reais para estacionar no Tom Jazz, na Avenida Angélica. O HSBC Brasil oferece a opção de compra antecipada, por R$ 30,00. Você pega fila para estacionar, para retirar e procurar uma brecha na rua para o "bolo" de carros que forma é outra aventura.
O ingresso para espetáculos na capital paulista alça vôos cada vez mais altos e não podemos esquecer de somar o valor do estacionamento nessa conta. Parar no Citibank Hall também pode ser outro tiro, R$ 40,00 reais é o que a casa cobra para deixar o carro em seu estacionamento amplamente descoberto, administrado pela Estapar. A casa tem bons espetáculos, ainda bem!
O Espaço das Américas, localizado na Barra Funda, garante alguns estacionamentos na redondeza. Por lá, os preços podem variar de acordo com a programação. No show do Zeca Pagodinho tinha estacionamento cobrando R$ 60,00... em outros espetáculos a média fica em torno de R$ 30,00. Pagar sessenta pau num estacionamento é o cúmulo da inflação! Mas, peraí... como a inflação chega aos estacionamentos? Pode ser no pagamento aos funcionários e alugueis? Sim... mas, ainda não justifica! E que inflação instável é essa que faz o preço variar conforme o espetáculo?
Os teatros em shoppings estão ganhando cada vez mais força. Muitos deles estão estrategicamente posicionados próximos a linhas de trens e metrô, o que facilita o acesso. Os estacionamentos também costumam ser mais baratos e muito melhores. O Shopping Bourbon cobra um pequeno absurdo para estacionar o carro, mas ainda não chega aos pés das casas de shows. Porém, tudo depende do tempo em que você ficar com o carro parado lá. O Teatro Bradesco, que fica no centro de compras, reúne grandes e bons eventos... mas, tente não ficar agoniado com o tempo de duração desses espetáculos, mesmo que custe caro ficar com o carro numa vaga.
Parar nas ruas pode ser ou não uma boa opção... mas, lembrem-se que corremos riscos e além disso os flanelinhas são os donos das ruas. Eles só chegam na entrada dos espetáculos, quando você vai retirar o carro não tem mais nenhum cobrador. Os preços variam... eles cobram de acordo com o carro e com a cara do motorista. Bonito, não?!
Chegar com o transporte público pode ser algo crítico em alguns locais. No HSBC Brasil pouquíssimas linhas atendem a região e a estação do trem é longe. Além do mais, espetáculos de domingo são para quem tem carro... a CPTM vive em obras e nunca dá jeito na precariedade de seu funcionamento. Os ônibus aos domingos também são por migalhas. O acesso ao Citibank Hall de ônibus é um pouco mais fácil! O problema é que quando os espetáculos terminam já está tarde e transporte público não deveria, mas tem horário para encerrar o expediente da maioria das linhas. Táxi está cada vez mais caro!
Diante dessas oportunidades, fica fácil para qualquer valet ou estacionamento tripudiar em nossas carteiras! Usar o automóvel para chegar ao seu entretenimento escolhido custa caro e ainda é um dos meios mais viáveis.
Quanto você paga para estacionar o seu carro? Como você vai para um show, para uma peça? O preço do estacionamento influencia na compra do seu ingresso?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O 'esquerdismo' e a 'direita' musical

Como fazem os periódicos norte-americanos em seus editoriais, os artistas brasileiros declaram apoio aos presidenciáveis brasileiros... e assim como os periódicos norte-americanos, colocam seus editoriais questionados pelo público! A miudeza direitista é encabeçada pelos sertanejos, que vão precisar rezar muito para a Nossa Senhora guardada nos chapéus, para elegerem Aécio Neves (PSDB). Enquanto a predominante esquerdopatia faz corrida ao pódio para eleger Marina (PSB) ou Dilma (PT). Luciana Genro (PSOL) ainda busca espaço para dar seu discurso de professora de história!

Foi inevitável atrelar uma coluna sobre música e teatro com a política. Os próprios artistas caíram em tentação e estão mordendo da maçã podre da política. Basta aguentar a indigestão futura do bolor digerido!

Foto: Divulgação

Em busca de um novo ideal político, os músicos tentam convencer sobre a reforma política, apoiando em massa, sobretudo, a camada esquerdista brasileira. O que é no mínimo muito esquisito, uma vez que essa "nova" política parece muito com a velha, sobretudo a instabilidade opinativa de Marina Silva (PSB).

As sambistas caíram na lábia de Dilma Rousseff (PT), e vão bater o tambor para a atual presidente. Beth Carvalho e Alcione são alguns dos exemplos que pregaram a estrelinha no peito. Ao menos, Dilma Rousseff defende a revisão da Lei da Anistia, para que os militares sejam ainda punidos por torturas na Didatura. Marina, a jovem birrenta, voltou atrás e agora acha que a lei não deve ser revista. Admira-me que Caetano Veloso e Gilberto Gil, que viveram a nebulosa da Ditadura, apoiem a presidenciável novata na chapa do PSB.

Caetano e Gil viveram o exílio e Caetano ainda é capaz de lembrar o cheiro dolorido da prisão. Defendem sim uma política limpa... mas, política limpa precisa ser nova. Marina está longe de renovar a política. Imagine que ela é contra o casamento homossexual! Ora, por qual motivo? Religioso? O que tem a religião com política? Não deveria ter nada... mas no Brasil parece que a última saída é que um presidente da república ajoelhe-se à crença para rogar por melhor saúde e educação!

Foto: Divulgação

Chico Buarque está munido de estrelinhas vermelhas e estende qualquer tapete vermelho para Dilma. Parece estar disposto até a escrever abaixo assinado, como aqueles de escola para expulsar a professora chata... e até a distribuir santinhos em boca de urna. Digo isso no sentido poético da palavra, porque ele colou na sola da presidente. Não sei se sua irmã será novamente a Ministra da Cultura, para deitar e rolar em leis de incentivos para os colegas. Chico prova do suor espavorido de Lula, que agora aparece de cabelos despenteados para torturar a pena do eleitor. Isso é a cara do PT.

A esquerdopatia é a doença da moda entre os nossos compositores... que agora ocupam-se das campanhas de seus candidatos. Claro, ainda tem muito fã que usa a mesma roupa que os seus ídolos. Por que não votariam em seus candidatos?

Esse esquerdismo vem como um arrastão de carnaval em Salvador. Não sou totalmente contra, mas acho um porre atrelar a imagem de nossos compositores e cantores à sujeira política deste país. Deixe a política com eles, e vamos continuar como protestantes musicais. Como vocês faziam na Didatura!

Foto: Divulgação

Na levada da esquerda, que já está mais capenga em ideologias, ainda tem uma turma grande. Adriana Calcanhotto também rasga o verbo para Marina, além de Arnaldo Antunes e Jorge Mautner. Eu achava que suas personalidades estariam muito distante da presidenciável, que mostra sua decadente credibilidade com suas próprias ideias do passado.

Enquanto a esquerda ganha a força dos poetas, que adoram ver o samba do criolo doido criado por esses partidos no Brasil... a direita vai gritando por socorro lá atrás. Zezé di Camargo, Chitãozinho e Xororó e Fagner estão ao lado de Aécio Neves (PSDB), que trouxe de Minas a mesma calmaria que caminha sua candidatura. Não sei o que há de novo nessa direita, que tanto diz fazer pela saúde. São Paulo está há anos sob administração tucana e pede socorro na saúde.


Caetano Veloso já esteve até na propaganda eleitoral de Marina... como um cabo eleitoral, que a acompanha em seus compromissos de lobotomia política. Essa deplorável propaganda política conta com nossos compositores, para que tenhamos ainda mais vergonha?

A direita pede socorro e vai continuar mortificada. A moda da esquerda está tão forte como uma Benzetacil!

Falando em esquerda, não podemos esquecer do estardalhaço esquerdista do PSOL, que traz Luciana Genro em sua chapa, apoiada pelo cartunista Laerte e o músico Marcelo Yuka. A candidata cheia de discursos tem uma boa ideia sobre a política... que na prática teria que combater toda a bancada opositora em Brasília. Luciana grita lá de trás e traz os gays em seu manto santo. Luciana, que tanto critica o PT e Marina, vem da cria da galinha dos ovos de ouro do Rio Grande do Sul, um dos estados com maior dívida pública no País, e nasceu do ovo dourado de Tarso Genro, seu pai, atual governador e candidato do estado gaúcho, pelo PT. Ele, que também foi o falho ministro da Educação no governo Lula.

Entre Aécio, Dilma, Marina e Luciana... fico com os nossos artistas, quando acabar o circo eleitoral! Gosto de artista no palco e não no palanque!!!

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Fafá de Belém em "Meu Rio de Muitos Janeiros

Na última segunda (8), Fafá de Belém apresentou no Theatro Net São Paulo o show "Meu Rio de muitos Janeiros".  Acompanhada por conceituados músicos, a cantora viajou pelos anos 70 e 80, cantando Chico Buarque, Tom Jobim, Cristovão Bastos , Edu Lobo, entre outros.

Como já é de costume, Fafá estava alegre e contagiante. A cantora levou o público ao êxtase, fazendo, inclusive os famosos da plateia, delirar com seu marcante e intenso registro vocal.


Theatro Net São Paulo
Shopping Vila Olimpia
Rua das Olimpiadas, 360 - Vila Olimpia

  Texto e fotos: Riziane Otoni 

33ª Expoflora antecipa a primavera em Holambra

Não... eu não vou dar um de Ananda Apple falando de flores, nem de Álvaro Garnero, contando minhas viagens. Flores, plantas, viagem, exposição... e tudo que couber nessa bela infinidade é cultura. A cidade mais holandesa do Brasil inaugurou no dia 29 de agosto mais uma edição da Expoflora, reunindo gastronomia, música e dança ao mundo das flores.

A Holanda é uma nação constituinte do Reino dos Países Baixos, localizada na Europa Ocidental. Famosa pelo cultivo de tulipas, por seus enormes moinhos de ventos e os tamancos de madeira, a Holanda trouxe para o Brasil, especificamente a 140Km da capital paulista e 40km de Campinas, seus descendentes e até os imigrantes. Foi decorrente da devastação causada pela Segunda Guerra Mundial que um grupo de Holandeses refugiou-se por aqui e deu origem ao Município da Estância Turística de Holambra. O nome da cidade é uma junção de Holanda, América e Brasil.
Holambra é o principal exportador de flores da América Latina e replicou na cidade um visual muito parecido ao do país de origem. Um grande moinho de vento destaca a entrada da pequena cidade, que tem o melhor índice de segurança do País. É neste cenário que a 33ª edição da Expoflora reúne o melhor da cultura holandesa.

Doces típicos, sorvete de pétalas de rosas, o típico salsichão e um caminhão cheio de barris de chopp divertem o paladar gastronômico de qualquer um. Entre as principais atrações do evento está a chuva de pétalas. Segundo os burburinhos, pegar uma pétala é sinal de sorte!

Uma bela exposição de jardins ornamentais e cenários para festas floridas também constam na programação da Expoflora, que ainda reúne diversas lojinhas com souvenirs. Danças e músicas típicas acontecem de acordo com a programação do evento, sem deixar de lado os sapatinhos de madeira.


É possível sair de lá com uma boa recordação, um shopping de flores abarrotado de plantas e bulbos está a disposição do público.

Ainda que você não conheça a Holanda estará num pedacinho dela!

A Expoflora acontece na cidade de Holambra, no caloroso e calorento interior de São Paulo até o dia 29 de setembro, de sexta a domingo, entre 9h e 19h. Os ingressos podem ser comprados na bilheteria do evento ao valor de R$ 34,00 (inteira).

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Celtic Woman em show triunfal

Foto: Divulgação
Há uma semana o quarteto feminino irlandês Celtic Woman chegou ao Brasil para uma maratona com a imprensa. Na última quarta-feira a mais esperada das aparições do grupo aconteceu no Espaço das Américas, em São Paulo. O primeiro dos cinco shows foi um concerto em grandioso estilo. Um desenho de vozes perfeito sob a regência de um grupo de músicos impecáveis!

Máiréad Nestbitt, Susan McFadden, Máiriéd Carlin e Lynn Hilary pisaram com o Celtic Woman pela primeira vez nas tropicais terras brasileiras. O país das intensas batucadas abriu os braços para a gaita de fole e a estonteante história celta contada pela afinação de simpáticas moças. 

O violino parecia rabiscar o silêncio, que ia perdendo-se quando os belos apitos vocais cristalizavam o espaço. As meninas despejavam notas como se acariciassem as cordas vocais, introduzindo aos nossos ouvidos mesclas divinas de composição e melodia. Algo quase inexplicável e irresvalável!

Era como se deuses descessem à Terra para mostrarem a beleza de sua mitologia...

Não eram apenas vozes a grandiosidade do espetáculo, e a lona da beleza estendia-se para além do piano, da guitarra, da percussão e da gaita... o sapateado irlandês e o coro Aontas deixavam o silêncio ainda mais emudecido. A impávida postura musical e cênica de todos era bela e tremenda.

Para uma estreia o espetáculo teria de ser triunfal e assim foi. O repertório parecia ter sido escolhido por um artista plástico em pleno movimento de seus pincéis. As roupas desfilavam a beleza de uma cultura cercada de graça. O bom humor era um script imprescindível para algo que não é ópera, nem pop, tampouco clássico! O bom humor era o contorno de um espetáculo incalculável e sem precedentes.

Os brasileiros arquearam os olhos e dobraram os ouvidos à beleza da famosa composição "Orinoco Flow", muito conhecida na versão de Enya. As meninas entrelaçavam o instrumental com um vocal endeusado e o bailar de corpos e vestidos que emitia ventos àqueles supostos deuses que vieram das mitologias.
Foto: Divulgação

A gaita de fole anunciava o som do meio do público... como um solitário andarilho por uma estrada de hortênsias. Como se o solitário berrasse ao eco sinfônico das rochas que beiram essa estrada, a gaita de Anthony Byrne suspirava ao estribilho da plateia.

"You Raise Me Up" interrompeu o incrédulo espetáculo. Incrédulo de que seria possível reunir em uma noite tamanha produção. Num palco de cenário modesto, enriquecido de instrumentos, vozes e movimentos! A bela canção foi o cume para deixar o público em pé e extasiados em aplausos.

Até domingo (7) é possível encontrar o grupo Celtic Woman no Espaço das Américas, em São Paulo. Ainda dá tempo de não perder tempo!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Estrela da música cubana, Omara Portuondo se apresenta no Brasil

Foto: Bianca Tatamiya - Teatro BradescoVestindo as cores do Brasil, uma mistura de cuba libre com caipirinha subia ao palco levada pela batucada típica de sua cultura, uma musicalidade afro-jazzística que até resvala na nossa cultura. Algo muito parecido com aquilo que fazemos por aqui, mas que fazem lá em Cuba com a intervenção de alguns belos sopros de trompete. Omara Portuondo esteve mais uma vez no Brasil para mostrar sua transfusão musical, e colocar o público em pé, como fazem os grandes cantores brasileiros. O show no Teatro Bradesco, em São Paulo, é uma carimbada nos bons passaportes musicais.

Omara, nascida em Havana no ano de 1930, acumula em suas parcerias um currículo invejável. Por aqui, já dividiu álbuns com Maria Bethânia. O inesquecível show das duas divas de suas nações veio à tona num pequeno trecho, quase recitado, "Marambaia" foi relembrada por Omara neste último show. O repertório de "Magia Negra" incluiu gloriosos sucessos mundiais, e uma sinfônica reunião de compositores conterrâneos.

Ao lado do maestro Swami Jr., que desta vez foi convidado para o show, Omara cantou e encantou a composição de Ibrahim Ferrer, "Dos Gardenias", sapecando em cada olho uma gota de lágrima.

A cubana esbanjou liberdade cênica no palco, e deixou de lado qualquer limitação amarrada pela idade. Dançou, como fazem em Cuba, e mostrou que não é só no Brasil que o rebolado é afinado. A cadeira, colocada para seu descanso, foi útil apenas nas canções serenas. Ainda sim, não por completas. Omara queria estar na altura de seus músicos, aplaudindo-os a cada canção.
Foto: Bianca Tatamiya - Teatro Bradesco

Com uma textura vocal imperdível, Omara leva há anos o mesmo balanço nas pregas vocais, que embeleza os vibratos encaixados verso a verso. Debruçada ao piano, a cantora derramou todos esses vibratos interpretando uma das mais lindas versões de "Besame Mucho".

Vendo e ouvindo Omara tão de perto leva-me a crer na imortalidade da música!

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Celtic Woman pela primeira vez no Brasil

Entre os dias 3 e 7 de Setembro o Espaço das Américas, em São Paulo, receberá o grupo feminino irlandês Celtic Woman. É a primeira vez que Máiréad Nestbitt, Susan McFadden, Máiriéd Carlin e Lynn Hilary irão apresentar seu repertório de influência celta no Brasil. Trazidas pela Poladian, as artistas encontraram jornalistas nessa semana e deram detalhes da produção "The Emerald Tour".

As meninas não vieram sós, trouxeram o sapateador Craig Ashurst e o gaitista Anthony Byrne, além do Aontas Choir, que completará o angelical jogo de vozes. Angelical é um adjetivo um tanto cafona, mas foi o mais próximo que encontrei para a precisa afinação das moças. Uma completa a outra, como um atrito de pérolas contemplando um elegante colar.


Celtic Woman faz um enorme sucesso pelo mundo, faltavam os palcos do Brasil! O grupo sempre encabeça a Billboard e é alvo de muitos cliques no Youtube. O repertório do show faz parte do álbum "Emerald", lançado aqui pela Universal Music Brasil.

O grupo é muito uniforme, apesar de diferenciarem suas precisas afinações. Até mesmo para enfrentar jornalistas o sorriso e as repostas simpáticas não deixam de ser similares. Elas ficaram encantadas com a receptividade brasileira e destacaram a fama da Bossa Nova nos ares europeus.

Ainda é possível encontrar ingressos para o show do Celtic Woman, no Espaço das Américas, apesar de muitos já estarem nos bolsos do público. A noite de autógrafos foi ontem, mas vale a pena ter CD e DVD em mãos. Qualquer bom cristão da música deve ter sua bíblia sagrada!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Adriana Calcanhotto lança 'Olhos de Onda'

O Sesc mantém a tradição de trazer grandes espetáculos para o circuito musical, em São Paulo. Adriana Calcanhotto jorrou "Olhos de Onda" no palco do Sesc Pinheiros, no grandioso Teatro Paulo Autran, no último final de semana, na capital paulista. Reunindo uma complexidade de delicados sucessos, a cantora dividiu a cena apenas com um violão e a mansidão de sua voz.

Como quem lapidasse cristais ao sopro, Calcanhotto desfolhava canções poéticas e visuais, que permitiam-nos visualizar pairando sobre o palco preto, rabiscado por fachos de luz.

Adriana Calcanhotto. Foto: Divulgação

Adriana Calcanhotto surgiu elegante, e valseava a voz como ondas, deitando seus olhos sobre ela. "Olhos de Onda" é um trabalho delicado, de dedilhadas carinhosas e afinação magistral. Sobre um poema de Wally Salomão, Calcanhotto permitiu a melodia de "Motivos reais banais", e incluiu na playlist "O nome da cidade", de Caetano Veloso e "Pra Lá", em parceria com Arnaldo Antunes.

A conversa com o público veio por meio da música e as serradas de dedos no violão. Uma das mais poéticas e serenas artistas do cenário musical entregava ao deleite outras incríveis composições: "Devolva-me", "Vambora", "Mentiras" e "Depois de ter você".

Apesar de completar o palco apenas com um violão, Calcanhotto não dispensou o uso de um outro recurso, e levou para a cena um radinho de pilha, inserindo na música um movimento genuíno. Como é de costume, a cantora sente-se satisfeita quando deixa a música mais bela, com alguns balaios essenciais para deixar o clássico com um toque moderno.

O álbum "Olhos de Onda" tem uma serenidade azulada, de rabiscos esverdeados, e como se desfiasse as fibras de um cristal com a ponta das unhas. Uma conotação poética para uma escritura poética.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Nana, Dori e Danilo comemoram os cem anos de Dorival Caymmi

Nana, Dori e Danilo Caymmi. Foto: Nyldo MoreiraNa mesma data em que Dorival Caymmi deixou para a música uma perda irreparável, seus filhos Nana, Dori e Danilo Caymmi reuniram-se no palco do HSBC Brasil para um show histórico, apresentando sucessos imortais do repertório de um dos maiores compositores brasileiros.
Dorival Caymmi, se estivesse vivo, teria feito 100 anos em abril. A música de Caymmi é uma história poética do Brasil, é como se ele descrevesse em letras o cheiro de sua Bahia e a vida de cada brasileiro. Danilo e Dori Caymmi abriram o show pra cima, com sambas que registraram a vida do pai no Rio de Janeiro, cidade que o adotou. Os irmãos desfiaram a beleza da música de Caymmi e trouxeram fragmentos do pai em suas vozes, no mesmo dia 16 de agosto, quando há seis anos o poeta partiu.
Danilo Caymmi. Foto: Nyldo Moreira
Como flechadas de morfina, Nana Caymmi arrebatou aplausos ao extasiar com sua voz. Nana, considerada uma das mais belas vozes do Brasil, pra mim do mundo, deixou vazar pelos olhos o brilho de ternura entre os irmãos. Era como no ano em que Caymmi, da plateia, assistia os filhos o homenagearem. Foi como se ele estivesse por ali, esperando os filhos "arrebentarem" a cada canção!
Dori Caymmi. Foto: Nyldo Moreira

Não faltou sucesso, aliás, o que de Caymmi não é bom?! Ele divertia-se amando suas letras e era rigoroso com seus intérpretes. Ninguém, saberá com maior louvor, interpretá-lo, se não os filhos. Abrindo exceções, claro, para Gal e Bethânia, que levam na intimidade as canções para suas vozes.

Nana não deixou o protocolo de lado, molhava a boca no uísque, reclamava da excessiva iluminação e surpreendia a cada interpretação. Ainda há muito para a música aprender com Nana! Ainda há muito que espelhar no gigantismo triplo dos Caymmi.

Nana Caymmi. Foto: Nyldo Moreira

O HSBC Brasil relembrava os grandes encontros da música brasileira, ao trazer para o palco um dos mestres da composição nas vozes de sua prole. Caymmi permanece vivo, pela trilha de Nana, Dori e Danilo e dos netos, que não deixaram quebrar a mais bela das correntes místicas. Stella Caymmi, a neta, também relembra o avô numa recém-lançada biografia.

Danilo chamou o público para cantar a cappela e ouvir da plateia a importância que Caymmi tem para a música. Caymmi não viveu para nada além de sua família e da música! O sagrado para ele era a música, para mim é a música dele!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Isabella Taviani volta a Sampa


A cantora e compositora Isabella Taviani, volta a São Paulo na próxima quarta (13), no Theatro Net São Paulo para lançar o seu mais novo trabalho, o DVD Raio-X, gravado no Rio de Janeiro, na Casa Imperador, com participações de Elba Ramalho, Zélia Duncan, Moska, Myllena.

Em seu repertório estão as inéditas "Se Assim for", "Ao Telefone", "Queria ver Você no Meu Lugar", em que a cantora faz dueto com Zélia Duncan, "Diga Sim", "Luxuria" e "Foto Polaroid".


Serão duas apresentações no Theatro Net São Paulo
Dia 13 de agosto (quarta-feira)
19h e 21h.

Shopping Vila Olimpia – 5º andar – Rua Olimpiadas 360

Texto e Fotos: Riziane Otoni

domingo, 10 de agosto de 2014

Cinderella no Teatro Bradesco

No último sábado (10) estreou o musical “Cinderella”, no Teatro Bradesco. O espetáculo é baseado no conto original do livro dos Irmãos Grimm, com adaptação de Billy Bond e Lilio Alonso.

Depois que Cinderella perde seu sapatinho de cristal no baile, o príncipe sai a procura da amada, e é nessa hora que acontece uma interação com o público. Os súditos escolhem algumas crianças na plateia para experimentarem o sapatinho, certamente não servirá em nenhum deles, a não ser em Cinderella.

O espetáculo é, sem dúvidas, uma das mais belas apresentações em cartaz em São Paulo, recheado de efeitos especiais como, neve, bolinhas de sabão, aromas, ilusionismo e muita fumaça.

Cinderella ficará em cartaz no Teatro Bradesco (Rua Turiassu, 2100 – 3º andar – Shopping Bourbon).
De 09 a 31 de agosto aos sábados e domingos às 16h.

www.teatrobradesco.com.br  

Texto e fotos: Riziane Otoni

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Angela Ro Ro e seus 30 anos de sucessos

Angela Ro Ro. Foto: Divulgação
É muito difícil encontrar por ai um fã clube de Angela Ro Ro fazendo escândalos em plateias, ou declarando amores pela cantora em todo canto. Confesso que não sei a razão disso, talvez seja pela proximidade que Ro Ro mantém com seu público. Isso é possível notar no show, ela e o público parecem a mesma coisa. E isso evita a tietagem, mas não é um ato proposital da cantora, vem de seu impecável comportamento artístico. Ro Ro encheu a Caixa Cultural de São Paulo no último final de semana, em três dias de shows gratuitos, cantando seus 30 anos de sucessos.


Uma plateia mista, de crianças à idosos. Uma senhora, de cabelos esbranquiçados dizia ter ido apenas para ver como ela estava depois de emagrecer e largar as "porcarias". Para uma artista irreverente, público irreverente!

Quase um stand up comedy... Ro Ro conversa como uma contadora de histórias, picantes e divinas... ou divinas picantes! No modesto salão, que improvisa um auditório, na Caixa Cultural, não caberia seu belo piano. Angela não deu descanso à voz e arriscou o francês em "Ne Me Quitte Pas", além de cantar faixas do seu último lançamento "Feliz da Vida", pela Biscoito Fino.


Angela começou sua carreira tarde, mas já acumulou 30 anos na estrada, com um registro vocal único e inconfundível. Sua rouquidão que desliza nas terminações dos versos quase que beira a beleza de um toca discos. Ro Ro é um dos trunfos da música popular brasileira, por trazer baladas a uma era de banalização musical. Ou talvez, de uma despopularização musical.



Na companhia do maestro Ricardo Mac Cord, a cantora ainda sapecou a obra prima "Amor, Meu Grande Amor" e "Fogueira", de sua autoria, sem perder a oportunidade de homenagear Maria Bethânia, que adotou a canção.

Angela Ro Ro. Foto: Nyldo Moreira


O último projeto de Ro Ro está no Canal Brasil, com o programa "Nas Ondas da Ro Ro", que conta com grandes nomes da música brasileira.

Como qualquer artista, ela depende do apoio de patrocinadores para permanecer firme na zona musical. Sim, zona no sentido de zona!!! Com os financiamentos cada vez mais oprimidos, muitos artistas estão deixando de lado a mais nobre opção de realizar shows. Encontrar Ro Ro num palco é como poder "trepar" ao som de Mozart... sei lá, talvez ela resumisse as coisas assim. Quis escrever esse trecho como ela diria num espetáculo.


"Feliz da Vida", seu último álbum reúne uma gama bacana de artistas, que até parecem heterogêneos. Mas, na companhia de Ro Ro qualquer coisa torna-se homogênea!

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Maria Bethânia em 'Meus Quintais'

Não é surpresa alguma dizer que Maria Bethânia deixou seu toque interiorano num álbum. Apesar de viver numa grande cidade, a intérprete carrega a marca brejeira de suas raízes, o sotaque poético santamarense e agora cerca seus quintais com sons da melodia baiana. "Meus Quintais" é o título do último álbum lançado por Bethânia, pela gravadora Biscoito Fino, sem abrir mão das composições de Chico César, Roque Ferreira, Paulo Cesar Pinheiro, Adriana Calcanhoto, Tom Jobim e Dori Caymmi.
Maria Betânia. Foto: Divulgação

É quase que como uma menina lambuzando aos mãos de terra lá no fundo do quintal, quase à perder-se das vistas de sua mãe. E volta feliz, limpando as mãos na fina lã da calça, que protege do sereno do recôncavo, e recebendo um piscar conivente dos olhos e o sorriso de dobrar bochechas dessa mãe, que estirava-se na cadeira de balanço na varanda apenas para vigiar a filha. Uma longa sensação, essa que há de sentir ao ouvir "Meus Quintais".

Não há como ser tão técnico para falar de poesia, e Bethânia jamais poupou a poesia em seus trabalhos. Sobretudo agora, que desfia seus quintais. O álbum é muito íntimo, mas é um registro escancarado da doçura de uma artista baiana Enquanto desabrocham as faixas do CD, é possível deixar levar-se pelas canções e até mesmo notar a sensação de um anoitecer à luz do candeeiro sobreposto naquela mesma varanda, em que a mãe espreitava a volta de sua filha. Desta vez com a silhueta do coque branco de Canô repousado no ombro de sua menina.

Diante da petrificação das metrópoles, em que a extinção dos quintais dão lugar ao aperto dos casebres contemporâneos, a artista revela a imensidão de infâncias, sob a regência de sublimes composições, que cabem em seu preservado quintal. Como era em Santo Amaro!

Eu já estive naquele quintal de paredes brancas e janelas de madeira azul, sob os fachos do sol imperante no céu de Santo Amaro. Já estive no quintal das giras musicais, da voz fina e de acalanto de mãe Canô, da irmandade de Bethânia e Caetano, das poesias de Mabel, do cuidado de Irene, da preocupação de Bob e Rodrigo, do cheiro da comida de Clara e da saudade de Nicinha. O saudoso quintal de Santo Amaro, da casa de mãe Canô, ainda existe. Ao começar a ouvir o álbum "Meus Quintais" foi ele que veio aos meus olhos, sob as gargalhadas da família Veloso.

Uma reunião de caboclos é chamada e exaltada por Bethânia neste álbum, enquanto batucadas e violas parecem permitir que garças também participem da cantoria. É uma música quase espiritual, é um vibrato que resvala no insubstituível prato de Dona Edith, que jamais faltará nas criações de Maria Bethânia.

No disco há saudade, emoção, carinho, amor, raça, algo pueril, lágrimas e sorrisos... árvores chorando ao apanhar do vento, derramando galhos e folhas nos chãos daqueles inesquecíveis quintais, em que nós e Bethânia já pisoteamos no passado.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Elba Ramalho e Geraldo Azevedo no Theatro NET SP


O Theatro NET SP abre as portas novamente para um grande espetáculo, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo em “Um Encontro Inesquecível”. Os  parceiros de longa data cantam os seus maiores sucessos, “Chão de Giz”, “De Volta pro Aconchego” e “Você se Lembra” ...

No palco, Geraldo lembra que Elba é a cantora que mais gravou suas músicas, os artistas gravaram 3 discos juntos e já se apresentaram em todo o País e no exterior.

O show terá apresentações nos dias 24 e 25 de julho.

Theatro Net SP
Rua das Olimpiadas, 360 – Shoppingo Vila Olimpia

Ingresso: R$ 50,00 a R$ 180,00

Texto e fotos: Riziane Otoni